Patriotas? Não, terroristas.

Injustificável a atitude das e dos ‘patriotas’, ‘cristãos’ e ‘defensores da moral e dos bons (sic) costumes’. Mais curioso ainda o intestino do inominável: quando suas hordas terroristas defecam nas sagradas instituições democráticas, suas vísceras, em vez de sua consciência, dão sinais de ‘fraquejar’...

Vandalismo em Brasília – Foto: Agência Brasil (ABr) – Cortesia .EFE/ Andre Borges

Como já era evidente, não se trata de ‘patriotas’, ‘cristãos’ e ‘defensores da moral e dos bons costumes’. As hordas terroristas, no domingo, dia 8 de janeiro, mostraram do modo mais cínico e eloquente todo o seu ‘patriotismo’, ‘fé’, ‘moral’ e ‘bons costumes’ ao deliberada e acintosamente depredar, profanar, saquear, defecar, urinar e até pilhar documentos, objetos, relíquias e obras de arte de valor inestimável.

Isso é patriotismo? Fé? Moral e bons costumes?

Em que livros essas bestas humanas, esses seres, miseráveis de caráter, alma, espírito, caridade, compaixão e amor, formaram seu caráter, suas convicções, seu civismo, sua cristandade?

E que não venham dizer que foram repentinamente ‘abduzidos’, ‘tomados’ por lúcifer ou outro demônio — que não o capetão, aquele covarde, fujão, que, como Pateta, foi se encontrar com o Pato Donald (Trump) –, e que não conseguiam conter seus impulsos pusilânimes, repugnantes, abjetos, vergonhosos. Filmaram os próprios crimes, certos ou certas da impunidade, ao extremo de um imbecil deixar-se filmar mostrando os fétidos glúteos a defecar sobre um equipamento em uma das instituições devastadas.

É que sua mente rasa, própria da boiada a que sempre a turba-mor se referia naquelas reuniões repugnantes sob a batuta de um biruta, acreditava que, a exemplo de ministros minúsculos como Ernesto Araújo, Abraham Weintraub, Damares Alves, Eduardo Pazuello, Augusto Heleno, Osmar Terra e Ricardo Salles, para ganhar uma boquinha era só fazer ‘m’, que não é meritocracia. As hordas foram adestradas para, como troféu pelo terrorismo feito, ganhar uma ‘boquinha’ tão logo seu ‘mito’ retornasse para retomar sua ‘missão’ (sic), eis por que filmaram todos os seus crimes, à espera da recompensa…

E não é que o inominável precisou ser internado por causa de seu intestino precisamente quando as suas hordas terroristas defecam nas sagradas instituições democráticas?

Pior, não se tratou de crise de consciência. Segundo as suas fontes (com as quais se deve ter cuidado, pois se trata de uma turba de mentirosos contumazes, além de fascistas, o que seria, a rigor, redundância), seu intestino, ressentido por conta da fakeada de 2018 (aquela cena providencial que o poupou dos debates, cuja participação lhe causava perdas sucessivas de apoiadores) — coincidência? –, o que o teria levado a ser internado em um hospital fantasma, pois não foi encontrado em nenhum da região em que deveria estar. A menos que já tenha vazado do território e do espaço aéreo dos EUA.

Cá pra nós. Confesso, senti vergonha ao reconhecer, incrédulo, entre os líderes das hordas um até pouco tempo atrás profissional de respeito, bem sucedido, casado com uma Cidadã (com letra maiúscula) que considero Amiga, até porque me foi apresentada, há vinte e cinco anos, por ninguém menos que um Amigo (com letra maiúscula), uma referência das conquistas democráticas, cujos nomes não pretendo expor pelo respeito que lhes reputo.

Depois que me tornei pai passei a compreender muito melhor o que é ter coerência para mostrar na prática aquilo que se diz defender, propor, pensar ou até mesmo lutar (no melhor sentido possível, jamais matando, depredando, destruindo ou defecando). Como pai tardio (que me tornei aos 49 anos), quero pensar o que passará pela consciência de alguém como esses homens e essas mulheres que fazem política com ódio, usando o fígado, não o cérebro.

É por isso fundamental ler, ler, ler. Fazer política é para o bem-comum, jamais para os seus, como fez o inominável. Política, desde quando foi desenvolvida, há milênios, foi parâmetro de civilidade, cidadania, polidez, civismo, ética, compromisso, empatia. Não por acaso, os grandes estadistas que entraram para a História foram seres iluminados, à frente de seu tempo, responsáveis por construir, jamais destruir. Há, por outro lado, os que optaram pela destruição, como Nero, Átila, Hitler, Mussolini, Franco, Salazar etc, que passaram para o lixo da história.

Hoje, dia em que foi celebrada a Missa de Segundo Ano de eternização de um grande ícone da Cidadania, dos Direitos Humanos, da Inclusão Social, da Caridade, do Bem Comum, nosso querido Amigo-Irmão-Companheiro-Camarada Padre Pasquale Forin, fico a pensar, fazer a necessária reflexão, autocrítica, por que as gerações como a nossa, que conquistaram o Estado Democrático de Direito e efetivaram as políticas públicas sociais constantes do Título da Ordem Social da Constituição de 1988, não conseguiram fazer as necessárias tarefas de casa, como sensibilizar as gerações seguintes para o verdadeiro valor dessas conquistas, feitas e pensadas para as próximas gerações, além da grandeza do sentido de Cidadania.

Se confiamos em pessoas hipócritas, em verdadeiros fariseus, hoje desmascarados por seus próprios atos despudorados — afinal, há algo pior que o terrorismo? –, ainda temos a oportunidade de corrigir esse erro: mais que delegar a outro nossas expectativas, nós é que temos que protagonizá-las. Cidadania não se terceiriza, como nos ensinaram nossos queridos e saudosos Amigos-Irmãos Padre Pasquale Forin, Padre Ernesto Saksida, Dom José Alves da Costa, Irmã Beatriz de Barros, Pastor Antônio Ribeiro de Souza e Pastor Cosmo Gomes de Souza, Heloísa Urt, Júlia González, Agripino Magalhães Soares, Andrés Corrales Menacho, Aurélio Mansilha Tórrez, Hermenegildo Pereira, Pando Temeljkovitch, uma plêiade inumerável de gigantes que nos ensinaram humildemente que a Vida é um pacto generoso e recíproco em que só cabe um verbo em seu cotidiano: amar.

*Ahmad Schabib Hany

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