Uso de sorgo na alimentação e sanidade de peixes é inovador

Sorgo Granífero

Sorgo granífero é eficiente para controle de parasitas e bom para o bolso do produtor (Foto: Ariosto Mesquita)

A recente divulgação de resultados de pesquisas da Embrapa, que revela o sorgo como eficiente agente controlador de parasitas e redutor do custo de produção de peixes, pode provocar um avanço considerável na utilização do cereal no contexto do agronegócio brasileiro. Willian Sawa, diretor executivo da Latina Seeds, considera “fato inovador” a inclusão do sorgo na ração de tambaqui (Colossoma macropomum) com a tamanha carga de benefícios apresentada.

Os estudos feitos no âmbito da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM) foram divulgados em novembro deste ano e concluíram que a inclusão de 40% de cereal de baixo tanino na dieta reduziu o custo da nutrição de juvenis de tambaqui em 27,4%. Também comprovaram que rações com sorgo de alto tanino, controlaram significativamente a incidência de parasitas, com reduções da ordem de 44% de acantocéfalos (internos, que se fixam na parede intestinal) e de 83% dos monogeneas (parasitas externos, que podem prejudicar a respiração de peixes).

“Isso comprova a versatilidade do sorgo e abre enorme mercado para o seu cultivo e uso, que já está em alta dentro do Brasil”, avalia Sawa. Projeção oficial da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), feita em setembro deste ano, indicava que a produção do cereal na última safra 2021/2022 seria 35% maior em relação à safra anterior, superando o patamar de 2,8 milhões de toneladas.

O executivo lembrou ainda que estas revelações científicas da Embrapa de certa forma quebram um paradigma em relação ao tanino: “Algo que costumeiramente era visto como prejudicial para alimentação animal começa a ter a sua imagem revertida”. Sawa se refere ao conceito de que altas concentrações de tanino podem diminuir a digestibilidade e provocar a queda de desempenho dos animais. A pesquisa comprovou, porém, que o sorgo de alto tanino pode ser utilizado em dietas para tambaquis em até 45% de inclusão na formulação em um período de até 45 dias sem nenhum efeito adverso ao desempenho animal.

Os estudos da Embrapa – www.embrapa.br/en/amazonia-ocidental –  foram coordenados pela pesquisadora Cheila de Lima Boijink através do projeto “Avaliação de taninos em dietas para juvenis de tambaqui no controle de helmintos e desempenho zootécnico”. De acordo com informações de conteúdo divulgado pela Embrapa, o projeto de pesquisa foi realizado de 2019 a 2021 com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

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