Saúde Mental na Infância: Maisa Colombo Lima

Dra. Maisa Colombo Lima – Foto: Acervo Pessoal

Será que a infância é importante para nossa saúde mental? Mas, o que é infância? Na semana em que comemora-se o Dia Mundial da Infância, é importante fazermos essa reflexão.

A infância é um conceito social, construído historicamente, ou seja, depende do olhar da sociedade. Com o passar do tempo, o conceito de infância tem se transformado de acordo com o contexto sociocultural. Atualmente, entendemos a infância como um importante momento para o desenvolvimento humano.

Mas, o que é desenvolvimento humano? Entendendo o desenvolvimento humano como o estudo científico do processo de mudança que ocorre ao longo de toda a vida do ser humano; envolvendo as dimensões física, cognitiva e psicossocial.

Se hoje consideramos a infância uma fase muito importante no desenvolvimento humano, podemos afirmar que o desenvolvimento começa no momento da concepção. Assim, os cuidados durante a gestação são determinantes para o processo de desenvolvimento, já que diversas estruturas estão em fase de formação e maturação.

Para a Ciência hoje, o acompanhamento durante a gravidez (pré-natal) é fundamental para o desenvolvimento do bebê não apenas do ponto de vista biológico, mas também em relação aos aspectos psicossociais. A dimensão psicossocial está associada às questões psicológicas, emocionais e sociais do ser humano. Exemplo: cantar, ler, conversar com o bebê durante a gestação ajudam na construção do vínculo entre mãe e bebê (memória afetiva do bebê).

Atualmente, a neurociência enfatiza a importância dos primeiros anos da vida de uma criança para seu desenvolvimento. Estudos apontam que a evolução do cérebro acontece numa velocidade muito rápida neste período. Daí a importância de os adultos referências oferecerem estímulos adequados neste período. Na educação infantil, por exemplo, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) preconiza a importância das brincadeiras e interações para a aprendizagem.

O desenvolvimento cerebral depende de experiência, e esta depende do contexto e dos adultos cuidadores.  Brincar com o bebê, permitindo contato visual, auditivo e sensorial nutre as conexões cerebrais.

A primeira infância é fundamental para a vida adulta. Ou seja: estímulo, afeto e vínculo são alimentos importantes para a saúde mental. A primeira infância é o período em que o cérebro mais precisa de estímulos, 90% das conexões cerebrais são construídas até os 6 anos, pois conforme o cérebro amadurece, as crianças regulam melhor suas emoções.  Na primeira infância, crianças que passam por experiências altamente estressantes e que não possuem alguém que cuide delas com atenção e carinho podem ter sua regulação e expressão emocional prejudicadas.

Para fortalecer a saúde mental/emocional das crianças, sugiro que os adultos responsáveis conversem com as crianças sobre seus sentimentos, ajudando-as no processo de autoconhecimento e abusem dos elogios aos filhos (sincero, verdadeiro) – fator muito importante para fortalecimento da autoestima. Além, é claro, de oportunizar espaço de interação com outras crianças. Afinal, somos seres relacionais.

Outra dica que posso dar aos pais: usem a caderneta de saúde da criança (Ministério da Saúde). Nas primeiras páginas, os pais encontrarão orientações valiosas para o desenvolvimento em vários aspectos. Entre estes, o afetivo.

Bom, para que as crianças se desenvolvam elas precisam de amor e estímulo, ou seja, de um ambiente harmonioso para que possam correr, brincar e se expressar. Tudo que contribui para o cérebro se desenvolver de forma saudável.

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*Maisa Colombo Lima – Psicóloga, pedagoga, mestre em educação e responsável pelo NAAP (Núcleo de Apoio e Atendimento Psicopedagógico) da Estácio Campo Grande.

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