“Quando a morte perde o seu peso, o individualismo busca razão.”

Fabiano de Abreu, escritor e filósofo – Foto: MF Press Global

Em meio a tantos rostos virtuais, nos encontrávamos sós, e uma tragédia global causou a irrelevância do indivíduo quando a morte perdeu o seu peso e valor a confirmar o individualismo.

A morte daquele que não nos relacionamos, não causa o mesmo impacto daquele que conhecemos. Quanto maior a proximidade, tanto maior será o peso da sua perda. As notícias da morte de alguém que antes chocara, em meio a tantos outros óbitos anunciados, adaptáveis que somos, costumeiro e cotidiano, perde o seu devido respeito e nos coloca em completa solidão em um curso em que o fim, deriva em reticências.

Personificados em uma solidão inconsciente, sozinhos no alívio de ser a tragédia “alheia” , agradecidos por ainda não batera à sua porta. A solidão do isolamento encontra novas razões a justificar a sua busca.

Transferindo a culpa pela justificada precaução a alterar comportamentos e a criar personalidades de sentimentos embrutecidos, forjados pelos dias sombrios.

Pois, que vejamos em cada morte possibilidades como vultos na janela, a valorizar caminhos interrompidos como um espelho de probabilidades. Tão lógico é a busca no conhecimento a aprofundar-se na imaginação do que poderia acontecer consigo mesmo. Tão racional é sentir-se vivo, ter a consciência da morte na razão da vida. Não há melhor precaução que a análise através da sensibilidade com a tragédia que se assiste. Isto nos possibilita utilizar da emoção como impulso para uma melhor reflexão, como mecanismo de defesa para a própria sobrevivência.

A solidão é o melhor momento para o autoconhecimento, em que a reflexão veja no exemplo a expansão da consciência, já que a luz da memória está no coletivo; e a emoção torna-se o impulso para armazenarmos recordação a guardar para a história.

Que o momento nos retire do pessoal, nos colocando no coletivo. E que diante da falta, o impacto nos traga a vontade. Fazendo introduzir no desejo dos dias, o tememos, em meio a irracionalidade, uma nova cultura que nos faça parar de existir, dessa forma desumana. É imperativo que apesar do Homem e da falta de sentimentos a Humanidade seja preservada.

O individualismo é uma resposta defensiva irracional, portanto ignorante, que não pode tornar-se cultural ou perderemos a noção de humanidade.

 

Fonte: MF Press Global

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