Parceria viabiliza o “Movimento + Sorgo”

Com a coordenação da Embrapa, iniciativa público-privada visa solidificar a imagem do cereal como cultura sustentável, protagonista, agregadora e agente de segurança alimentar.

Willian Sawa: “Alto potencial para se produzir etanol, energia renovável além de forte uso na alimentação animal e humana”. (Fotos: Ariosto Mesquita)

Uma mobilização perene, sem divisas e fronteiras, voltada para o estímulo ao cultivo e à diversificação de uso e consumo sustentáveis do sorgo nos mais variados segmentos agropecuários e agroindustriais. Esta é a ideia central do “Movimento + Sorgo” estruturado no âmbito da Embrapa, em parceria com a Latina Seeds, e que prevê a participação/adesão de empresas e organizações públicas e privadas interessadas no crescimento e fortalecimento da cultura. Em função de seu know-how e participação em outras parcerias (como a Associação Rede ILPF), a Embrapa está coordenando a estruturação do processo de governança e de um fundo de financiamento do movimento (recursos dos parceiros interessados nesta aliança).

A iniciativa está sendo costurada para lançamento oficial ainda este ano (2023), quando se comemora os 50 anos da Embrapa e que marca também a realização, de 5 a 9 de junho, em Montpellier, na Franca, da Conferência Global do Sorgo – Resiliência e Sustentabilidade Diante das Mudanças Climáticas (Global Sorghum Conference – Resiliency and Sustainability in the Face of Climate Change).

Dentre as ações projetadas estão alianças estratégicas entre empresas e organizações, mapeamento da produção, definição de regiões prioritárias potenciais, viabilização de recursos entre os parceiros canalizados para um fundo de gestão e estratégias de comunicação e marketing (expedições e caravanas técnicas, canais em mídias sociais, etc.).

Para o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Ozanan Machado Durães, os avanços tecnológicos e bom momento da cultura no País, reforçam ainda mais o movimento: “O sorgo é um alimento energético rico, funcional e estratégico para o Brasil. Seu cultivo está em plena evolução no território brasileiro. É altamente responsivo na perspectiva do binômio inovação e mercado e na governança de uma moderna matriz de insumos e produtos. Atualmente, é possível distinguir um cinturão do sorgo granífero no Brasil “Sorghum belt brasileiro”, sobretudo nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia, Mato Grosso, Tocantins além do Distrito Federal”.

Sorgo forrageiro picado usado na alimentação animal em propriedade no sul de Goiás. (Fotos: Ariosto Mesquita)

Toda esta mobilização tem com o objetivo final potencializar a produção e a disponibilidade de alimentos em diversas cadeias produtivas. Neste aspecto, o sorgo é compreendido não como uma cultura individual, mas como um agente coletivo para a segurança alimentar. O movimento, portanto, não prevê o estímulo do seu uso em detrimento de demais cultivos. Ao contrário, prevê que o sorgo funcione como elemento agregador de valor e de impulsão de produtividade em diversos modelos agropecuários adotados nas propriedades rurais, sobretudo no âmbito tropical, bastante afetado nos últimos anos por episódios climáticos.

Uma das ofensivas previstas no movimento está ligada ao esclarecimento ao produtor de como o sorgo (tanto o granífero quanto o forrageiro) é funcional para a pecuária para ampliar a janela de produção de alimento para consumo do animal durante os meses secos, pois, em geral, é mais resistente ao déficit hídrico e apresenta um ciclo de desenvolvimento mais curto do que o milho. Portanto, ao invés de substituí-lo, o sorgo é extremamente eficiente para formar uma dobradinha com o cereal para garantir uma oferta maior e melhor qualidade de silagem e/ou de grãos para servir no cocho.

O Movimento também quer fortalecer outras vertentes de uso da planta, como é o caso do sorgo biomassa (produção de bioenergia – via queima em caldeira), do sorgo sacarino (produção de biocombustível), do sorgo vassoura (produção de vassoura artesanal) e sua versatilidade para a alimentação humana.  “O grão de sorgo tem alto potencial para se produzir etanol enquanto sua fibra é matéria prima para a geração de energia renovável, sem esquecer seus compostos bioativos, fundamentais para a saúde do homem”, observa Willian Sawa, diretor-executivo da Latina Seeds.

A idealização do “Movimento + Sorgo” teve como embrião uma proposta de campanha para ampliação do cultivo de sorgo, surgida internamente na Latina Seeds (empresa reconhecida com expertise em sementes de sorgo e de milho) e apresentada a seus colaboradores em 17 de junho de 2022 em Foz do Iguaçu, PR. Posteriormente, se constatou que não bastava apenas estimular o plantio, mas também outras etapas de cadeia, como o processamento industrial e consumo final. Este conceito foi levado a potenciais parceiros pessoalmente por Sawa, e acabou recebendo definitivo impulso de viabilização por parte da equipe da Embrapa, que abraçou e ampliou a ideia.

Sorgo forrageiro picado usado na alimentação animal em propriedade no sul de Goiás. (Fotos: Ariosto Mesquita)

Uma das primeiras apresentações do arcabouço do movimento foi feita no último dia 10 de janeiro pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico Botelho, durante o VII Encontro Nacional da Cultura do Sorgo, promovido (modelo online) pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz – Fealq (Piracicaba, SP). “Este é um movimento de parcerias. Portanto, convidamos as empresas e organizações interessadas em colaborar na construção e execução deste movimento, para se integrar a Embrapa e Latina Seeds neste projeto de incentivo à expansão do cultivo e uso do sorgo no Brasil e outros países”, observou o cientista, avisando que em breve será divulgado o modelo de participação nas parceiras, assim como sua institucionalização.

Os empreendimentos ‘agro’ (nacionais e multinacionais), as organizações e indústrias interessadas em se integrar ao “Movimento + Sorgo” podem entrar em contato com a equipe de estruturação através do seguinte endereço: contato@movimentomaissorgo.org

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