Impactos da COVID-19 na educação exigem maior interação entre família e escola

Pesquisa da EY mostra que 66% dos pais têm dificuldade em lidar com as mudanças de rotina no processo de aprendizado dos filhos

Foto: Divulgação

São Paulo (SP) – Quais são as angústias e desafios da educação básica em tempos de isolamento social? Como famílias e escolas se adaptaram para seguir com o calendário escolar a distância? Essas foram algumas das questões levantadas pela EY-Parthenon, em conjunto com a Educa Insights, na pesquisa “Impacto da Covid-19 no ensino básico privado no Brasil”, que ouviu mais de 200 famílias e profissionais de educação para analisar as implicações do cenário atual no aprendizado dos estudantes e na saúde financeira das escolas.

66% dos pais apontam dificuldade em lidar com as mudanças no processo de aprendizado dos filhos e 47% afirmam que a escola não está dando o suporte necessário de forma remota, aponta o estudo. Para os familiares, o ensino está ocorrendo de forma mais lenta − o que pode prejudicar o planejamento pedagógico e resultados no Enem, por exemplo.
Com a nova de rotina, considerando a organização simultânea do trabalho, apoio às crianças e cuidados domésticos, os pais sentiram-se mais desafiados e 54% deles apontaram uma dificuldade moderada em navegar pela nova experiência de ensino online.

“A mudança abrupta e improvisada deixará marcas definitivas para o modelo educacional. O maior uso de tecnologia será uma realidade, mas não necessariamente levará a melhorias no aprendizado. É um cenário desafiador e que, sem dúvida, poderá alterar os modelos de ensino e nos modelos de negócios de muitas instituições na área”, afirma Eduardo Tesche, sócio de estratégia da EY Parthenon e líder da pesquisa.

Pressão nas escolas

No período da pesquisa, 35% dos pais tinham sido impactados no seu trabalho de alguma forma, seja pela redução da jornada (28%), ou pela perda do emprego (7%). Com isso, a pressão para a diminuição das mensalidades cresceu. 49% dos entrevistados estimam dificuldades para pagar as escolas e 28% acreditam que não conseguirão arcar com os valores atuais.

Para as instituições de ensino isso significa lidar com cada situação de forma individualizada, reconhecendo as limitações do modelo e fornecendo alternativas na trajetória de aprendizagem. Os ajustes realizados vão desde uso de ferramentas tecnológicas até então pouco utilizadas até a oferta de materiais pedagógicos adicionais, além da intensificação do contato com pais e estudantes para feedbacks.

Empatia e integração

Segundo Eduardo, o elemento central nos próximos meses e na potencial evolução do sistema educacional será a transformação dos papeis de professores, alunos e familiares. “Não é possível terceirizar totalmente a educação dos filhos. A maior integração entre as partes e a percepção de que um ensino de qualidade depende de todos serão fundamentais para que os impactos imediatos na aprendizagem sejam minimizados e para que as finanças das escolas sejam preservadas”, afirma.

A importância da autonomia dos estudantes também é uma das conclusões do estudo. O engajamento de alunos, tornando-os centrais no processo, ajuda a preparar uma geração mais independente e capaz de lidar com um mundo cheio de incertezas.

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