Fundatec elabora projetos de mobilidade urbana em nível nacional

Fundação já atua com a consultoria em diversos municípios   

Vista aérea do Rio de Janeiro – Foto: Flickr

Proporcionar ao usuário do transporte público que ele tenha poder de escolha na forma como quer se locomover utilizando o mesmo cartão, é um dos motes do projeto de mobilidade urbana que está sendo desenvolvido no Rio de Janeiro pelo do consórcio liderado pela Fundatec. A união entre as instituições culminou no desdobramento e apresentação do estudo e projeto tendo o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contratado pelo Estado carioca para aplicar o programa.

Para que projetos como este ofereçam qualidade e eficiência, levando em consideração necessidades e bem-estar do usuário, deve levar em consideração dois vieses: a mobilidade de planejamento e a tecnológica. A mobilidade de planejamento busca entender as dores de uma cidade, como pontos de engarrafamento, a necessidade de faixas de pedestre, duplicação de vias e demais infraestruturas para que o município flua. Já a mobilidade tecnológica busca na inovação formas de ajudar e facilitar essa fluidez, como aplicativos que mostram os horários do transporte público, dispositivos de controle de velocidade e a bilhetagem eletrônica.

Este último faz parte do projeto apresentado pela Fundatec, que visa a implementação e gestão de um novo sistema de bilhetagem eletrônica para o transporte público, similar aos que já estão em uso em cidades da Europa e Ásia, como Lisboa, Londres, Madri, Hong Kong e Paris. Esse novo modelo busca assegurar transparência em todo o processo, interoperabilidade de uso do cartão entre os diversos modais de transportes públicos, segurança tecnológica e melhoria de qualidade ao usuário final dos serviços.

Ou seja, o Estado irá assumir toda a parte de arrecadação dos valores concentrando-os em uma conta auditável, através da contratação de uma empresa específica para este novo modelo de bilhetagem (SPE), já os concessionários de transporte irão focar na parte estrutural e operacional.

Para os transportadores o projeto possibilitará um aumento de passageiros e melhoria dos serviços visto que terão que se preocupar somente com a operação e atender da melhor forma possível os usuários“, é o que explica João Vicente Gaido, consultor em mobilidade urbana parceiro da Fundatec e responsável pelo projeto.

Gaido ainda ressalta que após a implementação do modelo proposto possibilitará aos usuários mais flexibilidade de uso do cartão em diversas opções de mobilidade urbana, tais como aluguel de bicicletas e integração entre os diversos modais e outras funções financeiras. “A escolha da melhor opção de transporte para seu trajeto, sendo o mais barato, o mais rápido ou mais longo, enfim, a liberdade de escolher a opção de uso sem depender do operador de transporte“.

O projeto já está na fase final e deve entrar em vigor em meados de 2023. “O Rio de Janeiro está sendo pioneiro no desenvolvimento deste modelo interoperável no Brasil e certamente será replicado por todos os demais estados e cidades do país, pois é uma tendência mundial“, finaliza João Vicente.

Vista aérea de Campo Grande (MS) – Foto: Diogo Gonçalves/PMCG

Planejamento de Mobilidade Urbana visa proporcionar mais economia, praticidade e bem-estar aos cidadãos

A Fundatec possui outros trabalhos na área de mobilidade urbana com foco em tecnologia, que foram desenvolvidos no Rio Grande do Sul, MG, ES, PE e RJ, já que com o crescimento orgânico das cidades, se torna cada vez mais importante que as prefeituras tenham estruturado um planejamento estratégico que acompanhe esse desenvolvimento para evitar problemas futuros de colapso de circulação.

Para o Vice-Presidente da Fundatec, Victor Marcelo de Magalhães, a consultoria é um trabalho extremamente técnico e que auxilia muito os municípios a gerir as questões ligadas à mobilidade urbana, pois se trabalha com verbas que são finitas. “Tens que fazer o gerenciamento do orçamento para não haver desperdício. Então o trabalho técnico faz com que esse desperdício se reduza e que se tenha modos mais eficazes, com processos de planejamento sem gastos exagerados de dinheiro público“, explica.

A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob), que é resultado do estudo desenvolvido durante a consultoria, deve ser um complemento do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano dos municípios, pois juntos viabilizam que o avanço das cidades tenha mais estrutura para circulação de pessoas e cargas.

Para a consultora Ida Bianchi, o Plano Diretor orienta onde devem ficar as residências, as praças, ruas e avenidas, áreas de indústria e o de Mobilidade se constitui em um complemento para induzir as políticas do PD. “Cidade organizada e com espaços de circulação bem aproveitados e que oferecem fluidez do trânsito e com preocupação na segurança e na qualidade de vida, acontece através do Plano de Mobilidade Urbana, que cria essa articulação das cidades para a mobilidade de todos“, avalia.

Sendo assim, o PlanMob ajuda a organizar a forma como as pessoas circulam em uma cidade, o que acaba refletindo em ações trabalhadas na infraestrutura, como por exemplo abrir novas vias, aumentar a capacidade das ruas existentes, fazer alargamentos, implantar rotatórias, ciclovias, faixas de pedestres, pontos de ônibus e sinaleiras. Esses dispositivos facilitam e dão segurança aos deslocamentos dos cidadãos.

No que abrange a engenharia de tráfego diretamente, o plano tem como meta as ações de melhorias para que a cidade flua melhor. “Vou dar um exemplo, as vias que possuem muito congestionamento e não tem como fazer o alargamento da rua ou construir um viaduto, analisamos o local e então sugerimos outros meios para solucionar o problema, como propor que a rua seja de mão única, reformulando o trânsito e melhorando a capacidade de veículos“, explica Ida sobre uma das “veias” do projeto.

Ações de segurança ao pedestre como faixas de segurança, travessia de vias, dispositivos traffic calming para reduzir a velocidade também são desenvolvidas e apresentadas no Plano de Mobilidade Urbana, tendo em vista que em média 40% das pessoas se deslocam a pé para trajetos curtos, 10% utilizam as ciclovias e 20% o transporte público. “Fazer a cidade mais humana e menos agressiva para pedestres e ciclistas é essencial, pois quando se fala em mobilidade urbana, se fala em todos os tipos de circulação“, analisa.

A consultoria já desenvolveu o Plano de Mobilidade Urbana para os municípios gaúchos de Bagé, Canela, Canoas, Nonoai, São Borja, São Francisco de Paula, Santa Cruz do Sul, Teutônia, e também em Barreiras, na Bahia. O consultor Renato Cordeiro explica que cada cidade tem a sua própria demanda e que o planejamento oferecido vai de acordo com os problemas internos de mobilidade de cada um. “Queremos que o PlanMob gere algo para melhor nas cidades onde trabalhamos“, declara.

Como é desenvolvido o Plano de Mobilidade Urbana  

Para desenvolver um Plano de Mobilidade Urbana os consultores consideram quatro pontos fundamentais:

Avaliar quem são as pessoas, onde moram e para onde vão, assim é possível criar ou validar caminhos;

Descobrir como a população se desloca. Se andam a pé, de ônibus, aplicativo, bicicleta, etc. Saber o modo como as pessoas se deslocam ajuda a saber onde fazer as melhorias;

Analisar se existem condições para o deslocamento: se feito a pé, qual a qualidade das calçadas e faixas de seguranças? Se é feito de ônibus, qual a situação dos pontos de ônibus, sistemas de informações aos usuários? Por automóveis, qual a capacidade para as vias, tem que reorganizar as ruas, prever semáforos e alargamentos? Se a cidade tem um percentual de pessoas que andam de bicicletas, existem ciclovias, faixas de seguranças e travessias? Todos estes são questionamentos válidos para que as mazelas que envolvem a mobilidade sejam sanadas.

E por fim, prever para onde a cidade irá se desenvolver com base no percentual de crescimento dos últimos anos, para assim sugerir a criação de ruas novas e vias estruturantes nessas áreas onde o município pode crescer.

As cidades crescem sem ter um sistema adequado e que dê conta da circulação de pessoas. O que acaba acontecendo é que vão se criando “nós” de congestionamentos e falta de mobilidade bastante complicados. Quando trabalhamos com mobilidade, procuramos desatar estes “nós” para fazer com que as cidades fluam de forma segura, e também respeitando a estética da cidade“, conclui Ida.

Novos rumos dentro da Mobilidade Urbana

Após dois anos e meio do início da pandemia de Covid-19, a rotina está voltando ao normal com o retorno das aulas presenciais, fim do home office na maioria das empresas e demais atividades rotineiras da população. Com essa normalização da vida também retornam problemas de circulação que são geradores de conflitos e que se agravam como o crescimento desordenado das cidades e o aumento da taxa de motorização.

Para buscar uma mobilidade urbana mais sustentável, esse é o momento de as prefeituras colocarem um olhar especial sobre o sistema de transporte público sob o risco dele entrar em colapso. É um tema que para nós é prioritário para que haja equilíbrio entre os modos de transporte, pois todos têm que circular em condições de equidade“, explica Renato Cordeiro.

Para as questões específicas de transporte público devem ser elaborados Planos Diretores que busquem retomar as demandas pré-pandemia e também devem ser pesquisadas fontes alternativas de custeio da tarifa. Ter um Plano voltado ao transporte público irá viabilizar que as prefeituras reestruturem o meio de transporte deixando-o muito mais funcional, favorecendo tanto os usuários quanto o resto da população que se locomove por outros meios. “O poder público tem que abraçar essa causa e replanejar, redimensionar e rever custos e política tarifária para que consiga salvar o seu sistema de transporte“, finaliza.

O Plano de Direção de Transporte está diretamente ligado ao Plano de Mobilidade Urbana.  A função primordial é criar uma circulação rápida nos corredores de ônibus priorizando o transporte público, mas dentro de um conceito que todos têm direito à mobilidade.

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