As Forças Armadas dos Estados Unidos (EUA) admitiram pela primeira vez esta semana, a utilização de cobaias humanas em experimentos realizados com armas químicas durante a Segunda Guerra Mundial. Foram usados em testes cidadãos negros, asiáticos e latinos, incluindo brasileiros.
De acordo com as informações das principais agências internacionais de notícias, a escolha das cobaias teve como critério a raça e a cor das pessoas, tendo sido realizados testes com gás mostarda, banido pela Comunidade Internacional após o término da Guerra.
A informação foi publicada pela emissora de rádio norte-americana NPR, que conseguiu localizar alguns ex-militares norte-americanos negros que foram usados como cobaias, e que decidiram falar pela primeira vez sobre o caso.
Alguns ex-militares decidiram, inclusive, mostrar fotos e vídeos das graves queimaduras que sofreram durante essas experiências. Eles relatam que vários colegas morreram em consequência dos testes e experimentos.
Questionado diante das evidências e provas, um porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, que preferiu não se identificar, decidiu revelar a verdade, e contou à repórter Caitlin Dikerson que a informação era procedente. Contudo, ele afirmou que os testes com cobaias humanas deixaram de ser feitos logo após o término da Segunda Guerra Mundial.
Um dos ex-militares que serviram de cobaia e que foi entrevistado pela equipe de reportagem, identificado como sendo Rollins Edwards, hoje com 93 anos, disse que o gás mostarda provoca queimaduras horríveis, e muitos colegas morreram em decorrência dos experimentos.
“Eu senti como se eu estivesse queimando. Os garotos começaram a gritar e tentaram fugir. Alguns deles desmaiaram. Então, finalmente eles abriram a porta e nos deixaram sair. Os rapazes estavam em um mau estado”. Afirmou emocionado Rollins Edwards, ao contar como foi sua experiência ao ser colocado em uma câmera com gás mostarda, juntamente com outros soldados.
Rollins Edwards foi um dos 60 mil homens envolvidos em um programa secreto do Governo dos Estados Unidos, e que foi formalmente desclassificado como sigiloso em 1993.
Ainda segundo Edwards, um fator foi primordial para ser escolhido como cobaia, sua raça. Por ser negro, os cientistas o escolheram para verificar os efeitos do gás na pele negra.
“Eles disseram que nós estávamos sendo testados para ver o efeito que esses gases poderiam ter na pele negra”, relatou o ex-militar Rollins Edwards.
A investigação realizada pela emissora NPR, no entanto, revelou que não foram apenas os cidadãos negros que serviram como cobaias, e que muitos porto-riquenhos, latinos e descendentes nipo-americanos também foram chamados para servirem de cobaias humanas em experiências com armas químicas.
Apesar dos sérios danos de saúde sofridos, muitos dos quais permanentes, os ex-militares e cidadãos não recebem por parte do Governo dos EUA qualquer acompanhamento médico ou ajuda financeira.
O Coronel do Exército dos EUA, Steve Warren, diretor de operações de imprensa do Pentágono, disse em entrevista coletiva que é importante ressaltar a distância existente entre os militares de hoje e os experimentos realizados durante a Segunda Guerra Mundial.
“A primeira coisa que precisa ficar clara é que o Departamento de Defesa já não realiza mais testes com armas químicas. Eu penso particularmente que para nós do Exército, ouvir e ver algo como isso é cruel. Isso ainda é um pouco chocante”, disse o Coronel Steve Warren.
Documentos obtidos com exclusividade pela Emissora NPR, através da Lei de Acesso à Informação, mostra que na primavera de 1994 cerca de 40 soldados japoneses capturados durante a guerra, juntamente com 40 civis brancos, foram submetidos a testes com gás mostarda durante 20 dias. Não há informações sobre essas pessoas.
As informações revelam ainda que um dos objetivos dos militares norte-americanos era o de usar o gás mostarda contra as tropas e civis japoneses, o que poderia ter causando a morte de pelo menos 5 milhões de pessoas.
A Reportagem completa sobre o assunto pode ser acessada clicando aqui.
Com informações das Agências Reuters e Associated Press