Edema de glote e anafilaxia: qual a diferença?

A Glote é um espaço localizado na faringe (garganta) que fica entre as duas pregas vocais. É importante porque dependendo da abertura e fechamento das pregas vocais, o ar passa e serão produzidos os sons, a fala. Quando acontece o edema de glote, inchaço que ocorre nessa região, a passagem de ar pode ser obstruída, impedindo a pessoa de respirar.

O edema de glote pode acontecer por causa de uma reação intensa na região do pescoço ou por reação sistêmica, as chamadas anafilaxias, que podem acometer vários órgãos, inclusive pele e mucosa, ocasionando o inchaço da região. As anafilaxias, geralmente, ocorrem por alguns alimentos, medicamentos e ferroadas de insetos como abelhas, vespas e formigas”, explica a Dra. Albertina Varandas Capelo, Coordenadora do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

A especialista conta que a anafilaxia é caracterizada pela associação de manifestações clínicas envolvendo dois ou mais sistemas. “Um desmaio súbito, obstrução de vias aéreas (edema de glote) e vômitos incoercíveis, também podem ser manifestações de anafilaxia. As manifestações alérgicas podem iniciar com sintomas cutâneo e mucoso e evoluir para anafilaxia, apresentando acometimento respiratório ou gastrointestinal por exemplo”, comenta Dra. Albertina. Seguem abaixo as manifestações clínicas da anafilaxia:

Manifestações na pele e mucosas (80% a 90% dos casos): Vermelhidão localizada ou no corpo todo, coceira, manchas na pele, placas no corpo e/ou inchaço nos olhos e lábios. Geralmente, são as mais frequentes e aparecem primeiro.

Manifestações respiratórias (70% dos episódios): coceira e entupimento nasal, espirros, coceira ou aperto na garganta, dificuldade para falar, rouquidão, estridor, tosse, chiado no peito ou falta de ar.

Manifestações gastrointestinais (30% a 40%): náuseas, vômitos, cólicas e diarreia.

Manifestações cardiovasculares (10% a 45%): pressão baixa, com ou sem desmaio, aceleração ou descompasso dos batimentos cardíacos.

Manifestações neurológicas (10% a 15% dos casos): dor de cabeça, crises convulsivas e alterações do estado mental.

Outras manifestações clínicas: sensação de morte iminente, contrações uterinas, perda de controle de esfíncteres, perda da visão e zumbido.

Tratamento – Considerada emergência médica, o tratamento da anafilaxia deve ser feito rapidamente, sendo a ADRENALINA AUTOINJETÁVEL o primeiro medicamento a ser administrado por via intramuscular, na região anterolateral da coxa. A adrenalina trata todos os sintomas associados à anafilaxia e pode prevenir o agravamento dos sintomas.

Porém, a adrenalina autoinjetável não é produzida no Brasil e apenas pode ser adquirida pelo paciente por meio de importação.

Outros medicamentos também podem ser associados ao tratamento, como antialérgicos, corticoides e broncodilatadores, mas não devem ser administrados antes ou no lugar da adrenalina e nunca devem atrasar a administração rápida de adrenalina assim que a anafilaxia for reconhecida.

A adrenalina deve ser disponibilizada para a automedicação no domicílio e o paciente deve seguir o plano de ação indicado pelo seu médico, procurando a emergência para avaliação clínica e manter-se em observação, uma vez que que a anafilaxia pode recorrer, caracterizando-se a reação bifásica”, explica a Coordenadora do Departamento Científico de Anafilaxia da ASBAI.

Após a recuperação da anafilaxia é recomendado o acompanhamento com um especialista em Alergia e Imunologia para realizar corretamente o diagnóstico, tentar identificar os agentes desencadeantes daquela reação, diminuindo o risco de reação anafilática futura. Assim, é possível adotar ações para reduzir a gravidade da reação em uma nova anafilaxia, incluindo a prescrição e educação sobre o uso de adrenalina autoinjetável.

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