Dores de cabeça: quais os tipos e a relação com a alimentação?

“Se a pessoa tem dor mais de três vezes no mês nos últimos três meses, necessita da avaliação de um profissional” diz neurologista

Foto: Shutterstock

Quem nunca teve uma dor de cabeça? Seja no trabalho, por conta de uma situação estressante ou após um dia cansativo, essas dores são muito comuns. Muitos também têm dúvida se a cafeína estimula as dores ou não. O que é certo é que conviver com isso não é fácil, mas nestes casos, além da ajuda médica, alguns alimentos podem ajudar ou prejudicar na cefaleia.

Para falar sobre esse assunto que, com certeza, tira o sono de muita gente, conversamos com o neurologista da Unimed Campo Grande, Dr. João Hernandes Ferreira Lima, e a nutricionista Lauana Emanuela. Confira!

Cefaleia X Enxaqueca 

Dr. João Hernandes – Neurologista 

Cefaleia é o termo médico usado para designar o que conhecemos como dor de cabeça.

Já a enxaqueca é um tipo de dor de cabeça, que afeta aproximadamente 15% da população brasileira. Então é muito comum. A enxaqueca não é só uma dor de cabeça, é uma doença, que promove impacto social, familiar e profissional. As pessoas que sofrem com essa doença sabem o quanto isso afeta o dia a dia. 

Tipos de dores de cabeça 

Dr. João Hernandes – Neurologista

– Cefaleia primária é quando a dor de cabeça é a própria doença. Dentre as cefaleias primárias as mais comuns são:

– Cefaleia tensional: dores de cabeça bilaterais. Não é o que leva o paciente ao consultório, não costuma piorar com atividades físicas rotineiras e é muito comum fatores psicológicos, emocionais e estressantes agravarem esse tipo de dor, como por exemplo, tensões no trabalho.

– Cefaleia em salvas: uma dor de cabeça que costuma ser em volta do olho, é incapacitante e quem tem esse tipo de dor precisa de um tratamento específico.

– Cefaleia Cervicogênica: está relacionada a alterações de problemas na cervical.

Cefaleia secundária: quando a dor de cabeça é um dos sintomas que fazem parte de uma doença.

Existem mais de 100 tipos de dores de cabeça específicas, tanto é que existem médicos cefaliatras, que são neurologistas que trabalham exclusivamente com dores de cabeça.

Dr. João Hernandes Ferreira Lima – Foto: Acervo Pessoal

É hereditário?  

Dr. João Hernandes – Neurologista

Quando um familiar de primeiro grau tem enxaqueca, a chance dos demais familiares também terem é de duas a quatro vezes. O fator genético é importante.

Fatores desencadeantes  

Dr. João Hernandes – Neurologista

Em relação aos fatores desencadeantes são vários, como:

– Problemas emocionais

– Cansaço

– Excesso de atividade física

– Falta ou excesso de cafeína

– Alterações do sono

Lauana Emanuela – Nutricionista 

Existe uma lista de alimentos que desencadeiam as dores de cabeça também, como:

– Cafeína

– Chocolate, pois é muito rico em açúcar e em cafeína

– Álcool, pois auxilia na inflamação, causando a desidratação

– Falta de água

– Alimentos industrializados, como salgadinhos

– Alimentos ricos em nitrato, como a salsicha e o presunto

– Alguns alimentos com fermento biológico

– Alimentos ricos em tiramina, como o queijo azul

O ideal é que o paciente sempre anote o recordatório quando notar que comeu algo e, em seguida, sentiu dores de cabeça. Assim ele leva essa anotação para o nutricionista e neurologista para que não precise tirar tudo de sua alimentação. É importante perceber também se é uma casualidade ou uma repetição.

APP 

Dr. João Hernandes – Neurologista

Existem vários aplicativos gratuitos na internet onde é possível o paciente baixar o diário da cefaleia, o que é importante, pois se você não anota não tem noção exata se há poucos ou muitos episódios de dor. Isso define o tratamento depois.

Neste diário é importante anotar o dia que teve a dor, como foi a dor, que fator desencadeou, o medicamento que usou. Enfim, é um diário que auxilia muito no tratamento, tanto para levar ao nutricionista como para um médico, e assim melhorar a qualidade de vida do paciente.

Dra. Lauana Emanuela – Foto: Acervo Pessoal

 E o cafezinho? Vilão ou mocinho? 

Lauana Emanuela – Nutricionista 

Quando falamos de cafeína tem que lembrar que não é apenas o cafezinho, tem o tereré (muito conhecido em Mato Grosso do Sul), chá mate, chá preto, refrigerantes, entre outros.

É importante frisar o horário também, pois se a ingestão for muito tarde, até metabolizar toda a cafeína, demora. E o paciente não dormindo vai ter dor de cabeça.

Ao falar de café é preciso abordar duas questões: pacientes que não são graves o indicado é não abusar, pode tomar o café até 14h e não beber demais, apenas ao acordar e após o almoço. Já para pacientes com dores crônicas o ideal é retirar a cafeína.

Qual a dose? 

Dr. João Hernandes – Neurologista

A dose máxima diária é até 200 miligramas por dia, que equivale, aproximadamente, a quatro xícaras pequenas de café coado.

Quando ficar em alerta? 

Dr. João Hernandes – Neurologista

Dor é um sintoma que avisa que algo está errado, podendo ser simples ou grave. O paciente que tiver uma dor de início súbito, uma dor de cabeça de inicio recente, que comece após os 50 anos, ou que venha acompanhada de sinais mais preocupantes, como febre e crises convulsivas, entre outras situações, é sinal de que tem algo errado.

Não esqueça! 

Lauana Emanuela – Nutricionista 

Para evitar essas dores é necessário dar preferência aos alimentos mais naturais e evitar os industrializados.

Dr. João Hernandes – Neurologista

É essencial lembrar que algo que agrava a dor de cabeça é o abuso de analgésicos, que piora as dores de cabeça.

Por fim, se a pessoa tem dor mais de três vezes no mês nos últimos três meses, necessita da avaliação de um profissional.

 

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