Desafios da sucessão familiar são abordados na Expogrande 2016

Instrutor do Senar/MS fala sobre o que se deve fazer na hora de 'passar o bastão' – Foto: Famasul/Divulgação

Instrutor do Senar/MS fala sobre o que se deve fazer na hora de ‘passar o bastão’ – Foto: Famasul/Divulgação

A sucessão familiar é a passagem de bens para a geração seguinte. Mas não apenas isso é, também, a transferência de experiência, funções, organização das tarefas e de conhecimento. Foi deste modo que o instrutor do Senar/MS – Serviço de Aprendizagem Rural, Rui Gessi, abordou os desafios de ‘passar o bastão’ da propriedade rural para os filhos, durante a Expogrande 2016 – Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande, nesta quarta-feira (13), na sede da Acrissul – Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul.

A palestra foi ministrada para dois grupos de produtores familiares de Anastácio e Rochedo, totalizando aproximadamente 50 pessoas e organizado pelo Senar/MS, em parceria, com o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, com a Agraer – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural e com a iniciativa privada.

“Percebemos uma dificuldade de engajamento no negócio, neste período de passagem de gerações”, reforçou o instrutor. De acordo com o palestrante, em nível nacional, mais de 90% das propriedades são administradas por membros da família.

Para a produtora da região do Pantanal do Nabileque, Mayqueli Lima Dorna, o tema tratado no evento é delicado e precisa ser abordado para que a transição seja a mais tranquila possível.  “Meus avós sempre trabalharam na parte rural, com pecuária de leite. Meu pai continuou o trabalho e está até hoje na fazenda. Eu fiz faculdade de Zootecnia por causa disso e, agora, vou começar a trabalhar ajudando ele também a continuar o negócio. A Expogrande veio com bastante novidade esse ano. É difícil entender essa questão de sucessão familiar, e com essa palestra já conseguimos ter uma ideia melhor. É algo que tem que ser ensinado desde o começo de cada geração”.

O instrutor destacou que a preocupação pela troca de comando vem do fato de que 30% das empresas sobrevivem à segunda geração. Um exemplo desta realidade é o que ocorre com a família do senhor Daniel Ferreira e sua esposa Carmem Líria que possuem propriedade em Anastácio. “Nós temos quatro filhos, infelizmente nenhum quer dar continuidade ao negócio. Fico triste e preocupado também, entretanto não pode obrigar, né? Mas assistindo essa palestra eu posso ajudar alguma outra família, dar um incentivo para a geração mais nova. Eu sou do campo, passei minha vida inteira no campo, e gosto de passar pra frente o que aprendi”, destacou o produtor.

Carmem acredita que o interesse pelo campo tem que vir desde pequeno.  “Muitas vezes nós não pensamos nas coisas mais simples e na importância delas para o futuro da propriedade. É uma palestra muito boa, que ajuda a estimular esse pensamento e aí juntamos nossa prática com o que aprendemos. Valeu a pena”.

Em sua palestra Gessi destacou que em 2030, a expectativa é de 9% das pessoas vão viver no campo e 91% na cidade. “É alarmante, mas é uma oportunidade de mercado. Precisamos explorar as vantagens das empresas familiares. As empresas rurais têm uma mão de obra a menor custo. Existe um maior cuidado com os recursos e menos desperdício, além do maior comprometimento. Isso sem falar da confiança e agilidade, já que se conhece o ritmo de cada um”. O instrutor fala que é preciso separar os problemas familiares dos problemas do negócio.

A palestra sobre sucessão familiar continuará nos dias 14 e 15 de abril, a partir das 9h, no estande do Sistema Famasul.

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