Boas práticas do uso do cartão corporativo no setor público

Thiago Campaz – Foto: Acervo Pessoal

O cartão corporativo tem sido um dos temas mais comentados nos noticiários nos últimos dias. Isso porque foram divulgados os valores despendidos pelo ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro, no cartão corporativo do Governo Federal durante seu mandato, e alguns deles geraram discussões e polêmicas.

Mas, essa não é a primeira vez que esse assunto vem à tona. No final do mandato do atual Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foram questionados alguns valores excedentes, como hospedagem. O cartão corporativo presidencial passou a ser adotado como meio de pagamento das despesas do setor público em 2001, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo de facilitar a transparência das contas, já que nos mandatos anteriores isso era feito por meio de notas fiscais impressas.

No entanto, os excessos de gastos e escândalos de irregularidades ligados ao cartão corporativo presidencial tem contribuído para que a sociedade brasileira passasse a acreditar que esse meio de pagamento não é seguro e que deixa brechas para a ocorrência de fraudes financeiras. O que não é verdade.

Na iniciativa privada, o cartão corporativo é usado justamente como uma forma de ter melhor controle sobre as despesas da empresa e garantir o compliance com a política de gastos da corporação. Além disso, algumas soluções de gestão de despesas são construídas para aumentar a segurança do processo, reforçando a prevenção às fraudes e irregularidades com o uso da tecnologia.

Diante desse cenário contrastante, umas das principais dúvidas é: afinal, quais seriam as boas práticas do uso do cartão corporativo aplicadas no setor privado que poderiam ser aproveitadas pelo setor público?

Antes de responder essa pergunta é importante explicar que este é caracterizado como um cartão de débito ou crédito, que pode ser utilizado pelo colaborador ou gestor para custear despesas relacionadas à empresa com o objetivo de melhorar o controle da entrada e saída de dinheiro e otimizar o tempo na hora de contabilizar os gastos. Mas, as vantagens desses cartões vão muito além.

Por meio deles, é possível fazer uma gestão financeira centralizada com informações integradas para uma melhor política e acompanhamento de despesas; simplificar custos em viagens a trabalho; além de melhorar o planejamento e controle financeiro e facilitar a conciliação contábil.

Mesmo diante de tantas vantagens é importante que os responsáveis pelo gerenciamento desses cartões adotem algumas regras para evitar situações fraudulentas, erros e valores excedentes, tais como: desativar a opção de saque, para garantir a segurança e controle absoluto das transações; estabelecer um teto de gastos com limite já pré-determinado; definir as circunstâncias que ele será utilizado; determinar as pessoas que usarão essa facilidade; utilizar soluções tecnológicas para automatizar e auditar o processo de prestação de contas e, por fim, mas possivelmente o mais importante, fiscalizar e justificar todas as despesas envolvidas.

Diante desses insights, vale destacar que esse meio proporciona segurança e transparência de todos os atos financeiros. No caso do setor público, o Governo Federal deve ter controles ainda mais rígidos, para evitar valores exorbitantes e desvio da finalidade. Assim, concluo que o grande vilão e gargalo está na falta de regras e limites pré-estabelecidos (e não, necessariamente, no cartão). Portanto, se o mesmo for utilizado da maneira correta, com certeza trará resultados importantes para os cofres públicos.

*Thiago Campaz, é CEO e co-fundador do VExpenses. Trabalhou por 6 anos assessorando grandes empresas do agronegócio na otimização de suas estruturas de capital, em processos de estruturação de dívida, acesso a mercado de capitais e fusões. Participou da captação de mais de R$ 1bi em financiamentos.

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