As vitórias do rugby brasileiro

No próximo final de semana, entre os dias 12 e 13, acontece em Campo Grande, no estádio Olho do Furacão (antigo CENE), a próxima etapa do Campeonato Centro Oeste de Rugby.

Rugby? Mas esse esporte existe no Brasil?

Existe sim. E é um esporte empolgante. Convido os leitores a conhecerem de perto assistindo às partidas dos atletas regionais.

Convite que estendo aos meus amigos que conhecem a minha paixão pelo rugby, mas que não conhecem muito bem o esporte e, durante as Olimpíadas do Rio, não entendiam porque eu vibrava tanto.

Afinal, a seleção brasileira masculina perdeu todas as partidas e a feminina perdeu três e ganhou duas.

Mas qual o motivo de tanta vibração? Ora, nas últimas Olimpíadas, entramos para a história do rugby.

Depois de 92 anos de sua saída dos Jogos, o rugby voltou e nós estávamos lá. Mais de 180 países praticam rugby, mas apenas 12 seleções participaram dos Jogos. E nós, brasileiros, estávamos lá.

Fiji conquistou a primeira medalha olímpica do país no Rio, com o rugby, e nós estávamos lá. Jogamos duro, com raça, orgulho e honra. E foi contra eles que o time masculino do Brasil fez o primeiro try em uma Olimpíada.

O rugby brasileiro feminino também entrou para a história, conquistando duas vitórias e a 9ª colocação dos Jogos, garantindo uma vaga no Circuito Mundial de Rugby Sevens.

Estamos crescendo na modalidade. O rugby masculino projetou-se da 45ª para a 27ª posição no ranking do International Rugby Board (IRB). E o rugby feminino já está entre as 10 melhores equipes do mundo.

Há 15 anos, quando começamos o rugby aqui em Campo Grande, não havia uma equipe num raio de 1.000 quilômetros para realizar um jogo. Treinávamos o ano todo para fazer não mais do que 3 jogos por temporada.

Hoje, além da Capital, contamos com equipes em Dourados, Três Lagoas, Maracaju, Ponta Porã, Corumbá, Cassilândia e São Gabriel do Oeste. Tanto é que teremos por aqui, neste fim de semana, uma etapa do campeonato regional no Centro Oeste.

Há pouco mais de 10 anos, não se ouvia falar em rugby nas escolas. Hoje, um programa intensivo da CBRu (Confederação Brasileira de Rugby) leva o esporte a centenas de escolas. A proposta é formar uma equipe vencedora para os Jogos de 2024.

No país do futebol, temos hoje cerca de 30 mil jogadores atuando em mais de 300 clubes, nos 27 estados brasileiros. Há excelentes campeonatos regionais, como o nosso, e disputadas competições nacionais.

O rugby é o segundo esporte mais praticado no mundo. É muito popular em países como Inglaterra, Irlanda, Escócia, França, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. Nesses lugares, a modalidade é sinônimo de inclusão social de crianças e jovens.

A alma do rugby está, antes de tudo, em valores como Integridade, Paixão, Solidariedade, Disciplina e Respeito. Porque o rugby é um esporte coletivo onde a união é determinante para a vitória.

A modalidade cria amizades para a vida toda, favorece o trabalho em equipe e gera lealdade entre os envolvidos, com sentimento de pertencimento à família global do esporte.

E a integridade é fundamental para o jogo, envolve honestidade e fair play (jogo limpo). Somos apaixonados pelo jogo, sem deslealdades ou sem vaidades (não há camisas com nomes dos jogadores, por exemplo).

No rugby, a disciplina não é uma imposição, mas parte natural da modalidade, dentro e fora do campo, refletida no respeito às leis, aos regulamentos e aos valores do esporte.

Como dizemos, no rugby, o valor da vitória depende da honra com que foi conquistada e não do placar. E é isso que estamos ensinando às nossas crianças.

Venham conhecer o rugby do Centro Oeste neste fim de semana. E descubram de perto porque fomos vitoriosos nos Jogos Rio 2016.

(*) Raphael Martinez é professor de educação física, presidente do Campo Grande Rugby e jogador de rugby.

Fonte: Sato Comunicação

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