Primavera com El Niño deve trazer calor intenso e chuvas irregulares

A primavera deste ano pode ter média de temperatura até 3 graus acima da média histórica, indica análise da Nottus Meteorologia. Defesa civil, agronegócio e setores como saúde devem sentir os efeitos das chuvas irregulares, em forma de pancadas.

São Paulo (SP) – Com o início previsto no próximo dia 23 de setembro, às 3h50, a primavera deste ano marcará o auge do El Niño. Análises da Nottus, empresa de inteligência de dados e consultoria meteorológica para negócios, apontam que a intensificação do fenômeno aumenta a expectativa de predomínio de calor em todo país, porém com algumas ondas de frio e chuvas irregulares, que devem vir em forma de pancadas no Centro-Norte do Brasil.

Campo Grande (MS) – Foto: Álvaro Barbosa

Devido à influência do El Niño, a chegada da primavera deverá ser mais quente em relação aos anos anteriores, que sofreram com os efeitos do La Niña”, explica Daniele Otsuki, meteorologista da Nottus. As temperaturas no Brasil nos meses de outubro, novembro e dezembro deverão ultrapassar de 2 a 3 graus em relação à média histórica. El Niño e La Niña são fenômenos atmosféricos caracterizados por uma alteração da temperatura das águas oceânicas, o que gera diversas consequências em termos climáticos. No primeiro caso, há aquecimento das águas acima da média, e no segundo, um resfriamento.

Os efeitos do clima serão sentidos nos mais diversos setores econômicos – do agronegócio aos setores de saúde e de varejo. Por conta disso, a consultoria meteorológica é um serviço que vem crescendo no Brasil. Esse mercado, estimado em R$40 milhões, deve ultrapassar os R$100 milhões até o final desta década. “A capacidade de compreender os fenômenos meteorológicos sempre foi um elemento-chave para a economia, mas a conjuntura atual acentuou essa relação. As mudanças climáticas têm aprofundado os impactos de fenômenos atmosféricos na sociedade, intensificado ondas de calor ou de frio e influenciado regimes de chuvas; informação direcionada é, hoje, um grande diferencial”, explica Alexandre Nascimento, sócio e diretor da Nottus Meteorologia

Agronegócios

No agro, as semeaduras da soja e do milho terão de ser planejadas com os olhos voltados para o céu. No Sul, por exemplo, o alerta para tempestades continua vigente, segundo os especialistas da Nottus. É esperado um grande volume de chuvas na região, que deve ter ventanias, descargas elétricas e granizo. Por outro lado, a influência do El Niño diminui o risco de geadas tardías, comuns durante a primavera. No Norte e Nordeste, porém, as chuvas não devem atingir a média histórica. Esta será uma safra desafiadora para a região do MATOPIBA (acrônimo que reúne as siglas de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, importantes produtores de grãos e fibras, especialmente soja, milho e algodão), mas nada próximo aos grandes períodos de seca que a região já enfrentou, como na safra de 2015/2016, quando estava vigente o El Niño mais forte do século.

Saúde

Outro setor que a chegada da primavera coloca em alerta é o da saúde, por conta de uma potencial escalada de doenças transmitidas por insetos. “O tempo quente e úmido é propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, por exemplo, transmissor de vírus causadores de doenças dengue, zika e chikungunya”, aponta a meteorologista. Além disso, as chuvas em pancadas de chuvas, especialmente no Sul e no Sudeste, também podem aumentar o risco de alagamentos, exigindo dos órgãos de defesa civil o planejamento e acompanhamento atento das condições meteorológicas.

O El Niño deverá atingir seu pico durante os meses de outubro e novembro de 2023. Segundo Daniele Otsuki, os efeitos climáticos causados por este fenômeno podem ser identificados de maneira mais clara na Primavera, mas a expectativa é de que o calor se estenda também para o verão, fazendo com que os brasileiros experimentam, de agora até o início do próximo ano, temperaturas bem diferentes daquelas registradas nos últimos três anos.

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