Papa pede para jornalistas ficarem atentos às notícias falsas

O papa Francisco recebeu os vencedores da 15ª edição do Prêmio Internacional de Jornalismo Biagio Agnes, no Vaticano, e fez um alerta contra as chamadas “fake news” e o trabalho jornalístico.

Papa Francisco recebeu jornalistas vencedores de prêmio

Papa Francisco recebeu jornalistas vencedores de prêmio (Foto: Ansa)

Segundo o Pontífice, o caderno, a caneta e o olhar são três “elementos” do trabalho jornalístico e “talvez sejam cada vez menos usados, mas ainda têm muito a ensinar”.

Durante o encontro realizado no último sábado (24), ele insistiu na necessidade de se ter “um olhar atento” para que surjam palavras adequadas que dissipem as “sombras de um mundo fechado e dividido”, no qual ingressam “notícias falsas, retórica belicosa ou qualquer coisa que manipule a verdade”.

“O jornalismo, como narrativa da realidade, exige a capacidade de ir onde ninguém vai: um movimento e uma vontade de ver. Uma curiosidade, uma abertura, uma paixão”, recordou o argentino, citando a sua mensagem para a 55ª Jornada Mundial da Juventude de comunicação social, em janeiro de 2023.

“Isto também é ressaltado pelo Júri com o Prêmio Repórter de Guerra: uma atenção que, ao narrar a tragédia e o absurdo dos conflitos, faz com que todos se sintam parte do mesmo sofrimento” observou Francisco aos vencedores.

De acordo com Jorge Bergoglio, “escrever um fato sempre implica um grande trabalho interno” com testemunhas diretas ou através de uma fonte confiável.

“O bloco de anotações nos lembra da importância de ouvir, mas, acima de tudo, de nos deixarmos fascinar pelo que acontece.

O jornalista nunca é um contador da história, mas uma pessoa que decidiu vivenciar suas implicações com participação, com compaixão”, enfatizou.

Ao descrever o uso da caneta no trabalho jornalística, o líder da Igreja Católica recordou que, apesar de estar cada vez menos sendo usada por ser substituída por instrumentos mais modernos, ela “ajuda a elaborar o pensamento, conectando a cabeça e as mãos, promovendo lembranças e ligando a memória ao presente”.

“A caneta, portanto, lembra o ‘ato criativo’ dos jornalistas e dos profissionais da mídia, ato que exige unir a busca da verdade com a retidão e o respeito pelas pessoas, em particular, com o respeito pela ética profissional”, acrescentou.

O Papa garante que o elemento principal é o olhar. “O bloco de anotações e a caneta são meros acessórios se faltar um olhar para a realidade”, disse ele sobre a necessidade do jornalista ter “um olhar real, não apenas virtual. Sem distrações”.

“Pensemos, por exemplo, no triste fenômeno das fake news, na retórica belicista ou em qualquer coisa que manipule a verdade.É necessário um olhar cuidadoso sobre o que está acontecendo para desarmar a linguagem e promover o diálogo”, explicou.

Por fim, Francisco enfatiza que “o olhar deve ser direcionado a partir do coração: dali brotam as palavras certas para dissipar as sombras de um mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que a que recebemos”.

“É um esforço exigido a cada um de nós, mas que requer, em particular, um senso de responsabilidade por parte dos profissionais da comunicação, para que possam exercer a própria profissão como uma missão”, concluiu.

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