Mães de bonecas reborn: psiquiatra esclarece se nova tendência é benéfica

Famosas como Gracyane Barbosa, Xuxa e Britney Spears também aderiram à adoção de bonecas

Nas últimas semanas, vídeos de mães compartilhando suas rotinas com filhos ganharam destaque nas redes sociais. Mas, ao contrário do que se espera, os “filhos” são bonecas ultrarrealistas conhecidas como bebês reborn — produzidas, geralmente, com a aparência de recém-nascidos.

Bebês Reborn

Mães de bebê reborn: psiquiatra explica se nova tendência é saudável | Foto: reprodução

A primeira boneca reborn conhecida foi criada em 1999 pela artista alemã Karola Wegerich, como uma forma de consolar um amigo que havia perdido um bebê. Desde então, o brinquedo, antes popular entre crianças, vem conquistando também um novo nicho de mulheres adultas — inclusive celebridades.

A influenciadora Sweet Carol, que tem mais de 3 milhões de seguidores, publicou em 2022 um vídeo onde simula um parto de bebê reborn. A cena voltou a viralizar recentemente. No registro, Carol mostra a boneca sendo retirada de uma bolsa semelhante à placenta em que bebês que nascem. Ela rompe a bolsa e corta o “cordão umbilical”, simulando o parto.

Bebês Reborn

Foto: Reprodução

No TikTok, influenciadoras compartilham suas rotinas com os “filhos”. No último mês, um grupo de mulheres se reuniu no Parque Ibirapuera, em São Paulo, para um encontro de mães de bebês reborn. Muitas relataram experiências emocionais com os bonecos. Uma das participantes contou que seus filhos têm vergonha da boneca e evitam sair com ela em público.

Outra influenciadora publicou um vídeo indo ao hospital com seu reborn, chamado Bento, “doente e com febre”. Ela aparece preparando a bolsa com fraldas, leite e levando o boneco à consulta médica.

O psiquiatra Marcelo Honda Yamamoto explica que muitas mulheres aderem à tendência como forma de realizar um sonho ou lidar com o ninho vazio após os filhos crescerem. O ultrarrealismo dos bonecos facilita a conexão afetiva, o que pode ser benéfico. Mas, quando há confusão entre realidade e fantasia, é preciso atenção.

“O importante é observar o impacto que esse hábito gera na vida da pessoa. Se está servindo apenas como uma forma de conforto sem prejuízo a outras áreas, tudo bem. Mas, se for uma fuga de um vazio emocional ou frustração que precisa ser enfrentada, é algo que exige cuidado”, afirma Yamamoto.

Ele também destaca que a prática é uma escolha individual, e que cada pessoa deve avaliar se essa experiência está trazendo bem-estar ou prejudicando seus relacionamentos, rotina e produtividade.

Bebês reborn na lei

Na última quinta-feira(7), a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro aprovou um projeto de lei que se sancionado definirá o dia 04 de setembro como Dia da Cegonha Reborn no calendário carioca.

O projeto apresentado pelo vereador Vitor Hugo (MDB-RJ) tem como intuito homenagear artesãs que criam bebês reborn. A intenção, segundo o vereador, não é tornar o dia como um feriado, mas apenas homenagear.

“Na Câmara, aprovamos o Dia da Cegonha Reborn, uma homenagem emocionante a mulheres incríveis da nossa cidade. São artesãs que criam bonecas realistas usadas em terapias. Muitas delas passaram por momentos difíceis — depressão, luto, dores profundas — e encontraram nesse trabalho uma forma de cura e amor”, declarou o vereador.

Tendência entre famosos

A tendência também chegou ao mundo das celebridades. Na última terça-feira (6), a influenciadora fitness Gracyanne Barbosa compartilhou em suas redes a “adoção” de um bebê reborn chamado Benício.

“Como já disse anteriormente, meu sonho é ter um filho. Podem me julgar — no começo eu achei estranho. Mas Benício me trouxe felicidade”, disse ela na publicação.

A ex-esposa do cantor Belo não é a única. Diversos famosos também adotaram os bonecos, como a cantora Britney Spears, as apresentadoras Xuxa e Luciana Gimenez.

Luciana Gimenez, Britney Spears e Xuxa com bebês reborn

Luciana Gimenez, Britney Spears e Xuxa com bebês reborn | Reprodução

Para o psiquiatra, as famílias que tenham integrantes que aderiram aos bebês reborn devem avaliar se a relação é desproporcional e ter uma conversa aberta com a pessoa, entretanto sem julgamentos.

“O primeiro impacto que deveria ter nessa relação é uma conversa aberta, demonstrando preocupação com a outra pessoa, mas principalmente levantando esses questionamentos, como que a pessoa tá se sentindo com esse hábito. Porque se a gente for pensar que um bebê reborn que é uma boneca ultrarrealista, continua sendo uma boneca. Então aquilo vai ser um objeto que você pode sentir uma conexão, você pode dar carinho, pode pentear o cabelo, pode trocar a fralda, pode fazer várias coisas, mas é uma relação unilateral”, afirma Yamamoto.

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