Debate sobre cyberbulling e pedofilia reúne cinco mil pediatras

Adolescentes têm duas vezes mais dependência da internet que os adultos. Ferramentas que permitem anonimato incentivam práticas ilegais.

Whatsapp, Snapchat, Instagram e Secret são alguns dos aplicativos para smartphone mais utilizados por adolescentes. Compartilhar mensagens, fotos, vídeos e até segredos íntimos virou moda, mas é algo que merece atenção por parte dos pais já que essas ferramentas aumentam o risco de exposição a casos de cyberbulling, pedofilia, revenge porn e outros crimes virtuais.

Além disso, o avanço da tecnologia permitiu a existência de ferramentas como a deep web, uma espécie de submundo da internet onde se pode ter acesso a diversos conteúdos no anonimato, gerando uma lacuna para pedófilos e outros criminosos atuarem livremente.  Tentar reverter o quadro e entender os riscos que as novas mídias podem causar à saúde da criança e do adolescente é o foco de uma das palestras do 37° Congresso Brasileiro de Pediatria, que acontece de 12 a 16 de outubro, no Rio de Janeiro.

De acordo com Marco Antonio Chaves Gama, médico pediatra especialista em adolescência pela Sociedade Brasileira Pediatria e pela Associação Médica Brasileira, e em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, os adolescentes têm duas vezes mais dependência da internet que os adultos. “A geração digital cresceu dentro de um ambiente no qual a vida virtual nada mais é que parte de seu cotidiano. O século XXI tem como características a pressa, as relações superficiais, o modelo do binômio ‘impulso e ação’ associado ao adolescente, que dispõe de pouca ferramenta para lidar com frustrações”, analisa. Para o médico, o excesso de competitividade, com um modelo escolar pouco sedutor e objetivo, e as relações familiares difíceis, com o pouco ou nenhum afeto, faz com que o contato com essa mídia seduza e transporte o adolescente para situações de prazer em um mundo virtual em que ele pode atuar da maneira que quiser. Este conjunto de situações favorece o desenvolvimento da dependência da internet e outros problemas psiquiátricos, já que, segundo ele, essa dependência é a doença primária que causa outras doenças secundárias (comorbidade, ou duplo diagnóstico). Em algumas situações a doença primária é uma doença psiquiátrica, principalmente Depressão e Transtorno de Ansiedade, levando a dependência como uma comorbidade. As doenças psiquiátricas mais frequentes são: Transtorno de ansiedade, Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), Depressão e Fobia social. “Cada caso tem uma característica, o importante é determinar o problema primário e depois suas comorbidade para o poder estabelecer o melhor tratamento”, diz o médico. Segundo Marco Antonio, o importante é que os adolescentes usem a internet, mas que não sejam usados por ela.

A mesa redonda Riscos de contato e uso de (não tão) novas tecnologias acontece no dia 14 de outubro às 16:40h. Se você tiver interesse em cobrir esse ou outro tema do Congresso, envie seu nome completo, nome do veículo e RG para o e-mail jor@sbcomunicacao.com.br. Mais informações pelo telefone (21)3798-4357.

Fonte: SB Comunicação

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