Compostagem e vermicompostagem auxiliam a transformação de resíduos em insumos agrícolas

Os resíduos de origem animal e vegetal, processados biologicamente, são transformados em composto orgânico e húmus de minhoca.

Ivo de Sá Motta, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste em Dourados (MS) – Foto: Divulgação

Ivo de Sá Motta, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste em Dourados (MS) – Foto: Divulgação

Produzir fertilizante orgânico a custo relativamente baixo é possível sem dificuldade para o produtor rural por meio da compostagem ou vermicompostagem. Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Ivo de Sá Motta, adubos orgânicos alternativos são facilmente produzidos nas propriedades. E a matéria-prima pode ser obtida a partir de restos de frutas, verduras, cascas de ovos e outros tipos de alimentos, assim como de resíduos de palhas, camas de criações, esterco e resíduos agroindustriais. “Os resíduos transformados em insumos agrícolas por meio dessas duas práticas reciclam resíduos locais e contribuem para o aumento da capacidade produtiva dos solos, diz o pesquisador.

Segundo Motta, esses materiais no caso da compostagem são decompostos por microorganismos, como fungos e bactérias, e na vermicompostagem pela ação das minhocas) desde que estejam com a umidade adequada e na presença de ar. Como resultado, são transformados em húmus mais matéria orgânica em humificação.

“Se o produtor rural não tiver equipamentos, tais como trator com pá carregadeira, composteiras ou carretas para enleiramento do material para a preparação do composto ou vermicomposto, a operação pode ser realizada manualmente com forcados ou gadanhos, curvos e retos; enxadas, pás e carrinho de mão”, afirma.

Como consequência, estão os impactos sociais, econômicos e ambientais positivos, “já que as famílias poderão produzir seu próprio fertilizante (orgânico), diminuir custos na propriedade e até mesmo aumentar a renda, além de conservar o solo e a água dos rios e de lençóis freáticos”, destaca Motta.

Os produtos da compostagem e vermicompostagem podem ser utilizados em cultivos intensivos diversos, tais como hortas, pomares, ervas medicinais, floricultura e condimentares, como adubo orgânico, húmus liquido ou chá de composto e substrato para mudas.

Benefícios

Entre as vantagens no uso da adubação orgânica, estão a melhoria da fertilidade do solo, por fornecer nutrientes para as plantas, assim como nutrientes e energia para os organismos benéficos do solo; o aumento da infiltração e o armazenamento de água e aeração do solo entre outros.

“Podemos dizer que o “composto” e o “húmus de minhoca”, melhoram os atributos químicos, biológicos e físicos do solo. Quando utilizamos o composto (ou húmus) ao invés de estercos temos os seguintes benefícios: maior rendimento devido à utilização de restos vegetais, eliminação de sementeira de plantas invasoras e microorganismos patogênicos devido ao aumento da temperatura no interior da pilha durante o processo de decomposição, além de fornecer para o solo/planta um adubo mais elaborado, prontamente disponível para a planta”, destaca o pesquisador Motta.

Entre os insumos produzidos temos os substratos para mudas, que além de baixo custo por serem produzidos com recursos locais, possibilitam a produção de mudas com qualidade, em substratos, tubetes ou sacos plásticos.

Leiras de vermicomposto – Foto: Ivo de Sá Motta

Leiras de vermicomposto – Foto: Ivo de Sá Motta

Requisitos mínimos

Entre as condições básicas para começar a produção do composto orgânico ou húmus de minhoca, está a escolha do local, que deve ficar a pleno sol ou, no máximo, semi-sombreado com árvores esparsas.  O lugar deve ter disponibilidade de água para irrigação da pilha ou leira, mas não pode estar sujeito a encharcamento, por isso o terreno deve ser ligeiramente inclinado. Deve ser de fácil acesso e próximo aos cultivos, onde os resíduos orgânicos serão depositados para a montagem das pilhas.

Outro requisito que deve ser mencionado é sobre a diversidade e tamanho dos materiais usados: quanto mais variados e mais picados os componentes (tamanho máximo de 6 cm), melhor será a qualidade do composto ou húmus de minhoca e a finalização do processo será mais rápida.

Motta explica que, dependendo dos materiais utilizados, é possível ter o produto final pronto em aproximadamente 90 dias. O composto ou húmus deve ter cor escura marrom café, cheiro agradável de terra, de mato, aspecto “gorduroso” e consistência friável ou que se fragmenta com a pressão dos dedos. “Depois de pronto, o insumo deve ser utilizado logo em seguida, ou então desde que possível armazená-lo protegido do sol e da chuva para manter a sua qualidade”, orienta o pesquisador.

Curiosidade – Motta conta que a compostagem é uma técnica milenar, praticada pelos chineses há mais de cinco mil anos. Albert Howard “pai da agricultura orgânica” aperfeiçoou a técnica já no século XX, década de 1940, em Indore na Índia, por isso conhecido por método Indore de compostagem.

Feira de Sementes Crioulas – o pesquisador Ivo de Sá Motta ensina os processos completos da compostagem e vermicompostagem em um minicurso nesse domingo, 12 de julho de 2015, entre 9 e 12 horas, na 11ª Feira de Sementes Nativas e Crioulas e de Produtos Agroecológicos. Paralelamente, acontece também o 4 º Seminário sobre Uso e Conservação do Cerrado do Sul do Mato Grosso do Sul. O evento será realizado no Salão Paroquial e áreas próximas à Praça Central. A programação de todo a Feira está no site http://sementescrioulasjutims.org/programacao

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