Como aproveitar as férias vivendo com uma doença crônica

Pneumologista dá dicas para o controle da Asma Grave no verão

As férias de verão chegaram e, nessa época, o grande desejo é descansar o corpo e a mente, relaxar e esquecer das obrigações. Para os pacientes com doenças respiratórias, no entanto, alguns cuidados são essenciais para aproveitar mais a estação do calor, sol, praia e piscina.

As temperaturas mais altas características do verão fazem com que as pessoas utilizem com frequência aparelhos de ar-condicionado, provocando, assim, variações de temperatura, o que pode desencadear crises de asma. Além disso, falta de limpeza e o acúmulo de resíduos no filtro causam a proliferação de ácaros, fungos, mofos e bactérias, que provocam exacerbações da doença.

Historicamente, no verão, temos menor incidência de crises de asma nos pacientes. No entanto, é importante lembrar que as medidas de proteção contra COVID também protegem contra outras infecções virais que têm maior circulação no inverno, mas que podem retornar fora de época. As infecções podem causar complicações para quem tem a forma grave da doença, por exemplo”, alerta Dr. Pedro Gavina-Bianchi, Professor de imunologia clínica e alergia da Universidade de São Paulo (USP) e Diretor de alergia e imunologia na Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

É no verão também que as pessoas se sentem mais estimuladas a praticar atividades físicas, como caminhada, corrida e natação. A prática esportiva é recomendável, mesmo para quem tem doenças respiratórias, como a asma grave, porém é preciso se assegurar de que a doença esteja controlada antes de iniciar qualquer esporte, seguindo as orientações do especialista e realizando o tratamento médico de forma correta.

É bastante comum que, ao praticar esportes, as pessoas passem a respirar pela boca, deixando com que o nariz perca a sua função que é filtrar, aquecer e umedecer o ar para que esse chegue em melhores condições nas vias inferiores e nos pulmões”, explica o especialista.

No entanto, para esses pacientes, um pulmão condicionado e melhor oxigenado favorece não apenas o controle da asma, mas também o controle dos sintomas da ansiedade, visto que a pessoa com asma muitas vezes desenvolve crises de ansiedade.

Aprender a respirar corretamente é fundamental. A respiração correta e bem condicionada traz benefícios à saúde e pode prevenir complicações por doenças, além de proporcionar maior bem estar.

A asma é uma doença crônica das mais comuns e acomete cerca de 300 milhões de pessoas — crianças e adultos — em todo o mundo. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, existem no Brasil aproximadamente 20 milhões de asmáticos, e a patologia é a terceira ou quarta causa de hospitalizações pelo SUS (2,3% do total), conforme o grupo etário considerado.

Para respirar com liberdade durante as férias de verão com a asma sob controle e aproveitar da melhor forma os momentos em família ou com amigos, o Dr. Pedro Gavina Bianchi traz algumas dicas importantes para aqueles que sofrem com doenças respiratórias:

  • Consultar-se com o especialista antes de sair em viagem para saber se a asma está controlada e se há necessidade de realizar exames, como a espirometria.
  • Levar os medicamentos prescritos pelo seu médico especialista.
  • Não utilizar medicação sem orientação médica.
  • Manter a medicação para controle das crises em bolsas e mochilas, sempre por perto.
  • Umedecer as vias respiratórias com soro fisiológico ou água potável, principalmente em ambientes com ar-condicionado.
  • Certificar-se de que o ar-condicionado esteja com sua manutenção em dia.
  • Em caso de aluguel de casa ou apartamento de temporada, certificar-se de que os ambientes são ventilados e arejados e que não estejam infestados com mofo, ácaro etc.

Além das dicas acima, o Dr. Pedro faz mais um alerta. ”Ainda que o paciente esteja sem exacerbações e sentindo-se bem, é importante que não suspenda a medicação e o tratamento sem orientação médica. Isso pode acarretar o descontrole da doença e trazer consequências prejudiciais à saúde”, finaliza o especialista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo