‘Campão’ homenageia cinco expoentes da cultura de MS

Música, teatro, artesanato, fotografia e artes visuais: conheça a diversidade dos homenageados do festival em 2002

Roberto Higa – Foto: Leandro Marques

As cinco personalidades culturais que serão homenageadas no Campão Cultural 2022 são um extrato da riqueza e da diversidade da cultura sul-mato-grossense. Entre os expoentes que terão seu trabalho reconhecido por sua relevância sociocultural, pela tradição histórica, ação transformadora e valorização da memória e costumes do povo de Mato Grosso do Sul estão a artesã Indiana Marques, o grupo de rap Falange da Rima, a atriz Laís Dória, o artista visual Humberto Espíndola e o fotógrafo Roberto Higa.

Lais Dória é atriz, artista social, professora, pesquisadora e diretora teatral. Há 26 anos dirige a OSCIP Casa de Ensaio, que proporciona a adolescentes e jovens de Campo Grande o aprendizado da música, teatro e literatura. “Penso que uma homenagem, principalmente depois de décadas de trabalho, seja um modo de legar aos nossos artistas o devido reconhecimento, demonstrando aos que chegam à cena, que muitos lutaram para construção desse espaço. Meu trabalho me deu condições de compreender a importância de ações como esta, pois ajudam a consolidar nossa história não só como artistas, ou como uma instituição, mas como uma comunidade, responsável por oferecer aos sul-mato-grossenses um olhar sobre a sua própria cultura, sobre as bases da sua identidade”, afirma.

Lais Doria – Foto: Leandro Marques

Para a atriz, “um festival como o Campão cultural, deve prezar por lugares como estes, de reconhecimento e valorização dos nossos artistas, dando a eles e elas a possibilidade de serem vistos e ouvidos, de apresentarem seus trabalhos, de mostrar aos nossos o quanto somos criativos, o quanto pensamos e fazemos arte. Tais iniciativas devem estar no centro da discussão sobre arte e cultura em Mato Grosso do Sul, ressaltando sempre o dever do Estado de fomentar e gerir ações como estas”.

Representante do artesanato de Mato Grosso do Sul, Indiana Marques desenvolve um trabalho já reconhecido nacionalmente e premiado de arte popular, representando a cultura e história sul-mato-grossense há mais de 20 anos. Por meio de suas esculturas em cerâmica, ela retrata figuras regionais, principalmente da cultura indígena e negra, mostrando seus costumes e história,

 

Indiana Marques – Foto: Leandro Marques

Para a artesã Indiana Marques, “receber a homenagem do Campão Cultural, um movimento muito importante, muito bonito, é muito valoroso, pois quando você faz um trabalho, você quer que ele tenha importância, que ajude culturalmente a contar uma história, a mostrar a grandeza do seu povo. No meu caso, por meio do artesanato, trabalho com uma representação feminina dos nossos povos indígenas, contando a história de quem sofre, de quem trabalha e isso vai para todo o país, para todo o mundo, por isso é importante receber uma homenagem como essa. É uma resposta para o meu trabalho, é um reconhecimento desse meu trabalho, dessa minha busca”.

A homenagem ao Falange da Rima na música vem por meio da cultura de rua, já que os integrantes do grupo são ligados ao hip hop e foram se aproximando do universo do rap durante a trajetória da banda. O Falange da Rima surgiu oficialmente em 1998 em Campo Grande, mas seus integrantes já vinham participando da cena urbana da Capital desde o início dos anos 1990. A formação atual é composta por Flynt, John Geral, Mano Cley, que compõem e improvisam sobre o beat de DJ Magão. Eles são pioneiros do rap sul-mato-grossense, com letras que falam sobre a realidade das periferias, discutindo temas como o crime, a pobreza, preconceito social e racial, drogas e consciência política.

Falange da Rima – Foto: Leandro Marques

DJ Magão ressalta a importância do reconhecimento do trabalho do grupo de rap Falange da Rima. “Nós representamos a cultura de rua, a cultura hip-hop, que surgiu em Campo Grande nos anos 80, se estabeleceu e ganhou maior projeção a partir do lançamento do CD do Falange da Rima. Muita coisa mudou, mas está sendo uma honra receber essa homenagem, porque a gente não imaginava que um dia ia ser reconhecido por todo o trabalho que a gente fez através da nossa música. Nos dias de hoje, a gente ouve o relato de pessoas que têm família, que já são mais velhas, mas que sempre nos acompanharam e sempre estavam ouvindo nossas músicas. Isso já é muito importante e ser homenageado tem uma relevância tipo imensurável por tudo que a gente representa, não só o Falange, mas toda uma geração do hip hop de Mato Grosso do Sul que fez parte e que estava com a gente”, afirma DJ Magão.

Expoente da cultura sul-mato-grossense e já com reconhecimento nacional e internacional, o artista visual Humberto Espíndola e o fotógrafo Roberto Higa completam a lista de homenageados do Campão Cultural. “Humberto Espíndola muito bem nos representou com todo o seu trabalho e continua nos representando com sua atividade, com a sua participação desde a divisão do Estado e foi essa sua marca emblemática que projetou Mato Grosso do Sul para o Brasil e para o mundo. Já o Roberto Higa, através das suas lentes e da arte da fotografia, registrou e continua registrando os momentos mais importantes da história do nosso Estado em 45 anos de criação”, comenta o secretário de Cultura e Cidadania, Eduardo Romero

Orgulho de ser sul-mato-grossense

Humberto Espindola – Foto: Leandro Marques

Romero lembra que o “Campão Cultural” se propõe a ser o maior festival de arte, cultura e cidadania do Mato Grosso do Sul. “E isso só reforça a importância dos nossos homenageados. São cinco expoentes de áreas diferentes, que representam e muito estimulam a cultura do Mato Grosso do Sul. É uma honra tê-los como homenageados e é uma honra poder fazer essa homenagem, ainda em vida, para esses representantes da nossa cultura. São pessoas que merecem todo o respeito, o reconhecimento e que nos engrandecem, nos inspiram e nos mantêm com orgulho de sermos sul-mato-grossenses”, afirma.

Para o secretário de Cultura e Cidadania, um festival do porte do “Campão Cultural” não é só um festival de palco, de atrações nos palcos. “O ‘Campão’ estimula as nossas identidades, as nossas culturas. As trocas de experiências, os saberes e, acima de tudo, essa ocupação desses espaços diversos nas praças, nos bairros, e ainda com uma programação com horários diferenciados para todas as idades e isso também se reflete em nossos homenageados”, finaliza Eduardo Romero.

O Campão Cultural é uma realização do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Cidadania e Cultura de MS (SECIC) e Fundação de Cultura de MS (FCMS), com apoio da Secretaria de Municipal de Cultura e Turismo (SECTUR).

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