A construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável para o Pantanal passa pela integração entre conservação ambiental, políticas públicas e a valorização das cadeias produtivas locais. Essa é a premissa do Pacto do Pantanal, uma iniciativa que vem ganhando corpo no Mato Grosso do Sul e que conta com o apoio técnico de instituições como o Instituto Taquari Vivo – ITV. O assunto foi pauta nesta quinta-feira (26), dentro da programação do Pantanal Tech.

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Para o diretor executivo do ITV, Renato Roscoe, o trabalho técnico se articula diretamente com os objetivos do pacto, que propõe uma abordagem sistêmica para o desenvolvimento do Pantanal. “As ações de conservação nas cabeceiras dos rios e no entorno do bioma são fundamentais para evitar problemas como o assoreamento, que já causou impactos severos no Rio Taquari. Ao mesmo tempo, discutimos formas de promover o desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas na planície pantaneira, especialmente a pecuária”, explica.
Um dos principais desafios identificados é a diversidade de realidades dentro do bioma. Segundo Roscoe, o Pantanal não abriga uma única pecuária, mas várias, com características distintas de manejo e produtividade. “Temos lotações que variam de menos de 0,2 a 2 animais por hectare, o que mostra a complexidade do território. Por isso, as políticas precisam considerar essa diversidade e adaptar suas ações às diferentes realidades ambientais e socioeconômicas”, destaca.
Atuando em projetos estratégicos como o ProSolo Alto-Taquari e ProSolo Bonito, o Instituto tem desempenhado um papel essencial na estruturação de ações que visam proteger as nascentes e as áreas de entorno do bioma. O foco principal é reduzir a carga de sedimentos que chegam aos rios pantaneiros, garantindo a integridade dos cursos d’água que sustentam a vida na planície.
Segundo a secretária-adjunta de Meio Ambiente do Estado de MS, Ana Trevelin, o grande mérito do Pacto do Pantanal é promover a integração inteligente das ações do Estado. “A ideia é trabalhar de forma coordenada nos nove municípios do bioma, promovendo o desenvolvimento com respeito às comunidades locais e com foco na qualidade de vida e na conservação ambiental”, afirma.
Já o secretário executivo da Semadesc, Rogério Beretta reforça a importância de uma visão ampliada do território, compreendendo as interações entre planalto e planície. “O Pantanal é um importante berçário de bezerros que abastecem o restante do Estado. O que acontece lá impacta diretamente toda a cadeia produtiva sul-mato-grossense. Precisamos ter esse olhar interligado e de longo prazo”, ressalta.
Além da pecuária, estudos apontam a presença de outras cadeias relevantes no bioma, como a apicultura, piscicultura, equinocultura, ovinocultura e até a criação de jacarés. Essa diversidade foi objeto de estudo da Rondon Consultoria, que mapeou as cadeias produtivas existentes no Pantanal com foco na geração de dados técnicos para orientar políticas públicas e investimentos privados.
“Foi feito um levantamento detalhado de todas as cadeias pecuárias existentes no Pantanal, aquelas com relevância econômica, e nós identificamos seis cadeias presentes. A bovinocultura, com grande pujança, é a maior e realmente tem uma significação muito grande economicamente, mas nós temos outras cadeias, como a criação de abelhas, a equinocultura, a ovinocultura, a piscicultura, a criação de jacarés, que também são relevantes e são existentes no bioma”, explicou Marcelo Rondon.
Segundo ele, os dados foram coletados tanto a campo quanto em fontes oficiais, e servem para embasar decisões assertivas do governo e do setor privado. “O Pacto do Pantanal é uma ação guarda-chuva, e todo esse trabalho diagnóstico subsidia as ações que vão ser adotadas pelo programa. Todas essas iniciativas estão integradas dentro do plano de governo e contribuem para minimizar impactos e orientar o desenvolvimento sustentável da região”, afirmou.