Vencer o sofrimento do Corpo e da Alma

Alziro Zarur (1914-1979). – Foto: Arquivo LBV

Alziro Zarur (1914-1979). – Foto: Arquivo LBV

Geralmente, fundam-se instituições tendo em vista aqueles que necessitam de bens materiais, destituídos daquilo que os olhos penosamente testemunham. Todavia, o padecimento das gentes vai muito além do que se comprova na triste visão da pobreza humana. A dor não se encontra apenas nos barracos, nos mocambos, nos charcos, nos dias e madrugadas em que a LBV, ininterruptamente, levanta os mendicantes com a Ronda da Caridade, socorrendo o povo há mais de sessenta anos. As angústias também estão, e ferozes, nas mansões, nos apartamentos de luxo, nos palácios, onde o Amor nem sempre habita. E não há maior sofrimento do que a ausência dele.

Clamando por tranquilidade d’Alma

Lá, nos ambientes requintados, há igualmente mães que choram a incompreensão dos filhos e filhos que sofrem o abandono dos pais; casais que não se compreendem; enfermos cercados de atenções médicas, mas sem a sustentação dos corações que mais amam (…). Todos enfrentamos problemas. Todos! Se o drama não é estritamente pessoal, padece-se por alguém muito querido. Um mundo de paradoxos, de contrastes impensáveis. Em última análise, somos simples seres falíveis, clamando por tranquilidade d’Alma; instintivamente anelando a concórdia, aliada ao conhecimento da Verdade, de preferência a Divina. Jesus, o Amigo que não abandona amigo no meio do caminho, possui capacidade para iluminar o íntimo das criaturas. Ensinava Alziro Zarur (1914-1979): “Nenhum sofrimento é vão, nenhuma lágrima se perde. A vida humana é apenas uma preparação para a Verdadeira Vida. Não há um pranto sequer que Deus não veja. E quem não chora a sua lágrima secreta? O Pai Celestial guarda-as para toda a Eternidade”. As dos pobres e as dos ricos, pois o que importa, numa sociedade realmente solidária, é o ser humano!

No Evangelho, segundo Mateus, 11:28, e consoante João, 15:5 e 14:18, o Cristo generosamente nos convida: “Vinde a mim todos vós que estais exaustos e oprimidos, e vos darei lenitivo. Eu sou a árvore, vós sois os ramos. Nada podereis fazer sem mim. Não vos deixarei órfãos”.

O conforto espiritual no Apocalipse

Victor Hugo. – Foto: Arquivo LBV

Victor Hugo. – Foto: Arquivo LBV

E essa consolação nos fortalece neste momento em que a violência campeia livre pelo mundo.

Algumas pessoas não sabem, mas o Apocalipse (não o confundir com previsões de fim de ano nem com Nostradamus) do mesmo modo oferece alento aos que o analisam sem ideias preconcebidas, as quais não soam bem ao pensamento libertário da era em que vivemos. Ele anuncia, para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir, o mais glorioso acontecimento de todos os tempos da História — a Volta de Jesus. Por que não?! Victor Hugo (1802-1885) costumava lembrar que quem hoje afirma que algo é impossível tacitamente se coloca do lado dos que vão perder. No Livro da Revelação, 2:10 e 22:12, o Divino Senhor conforta: “Não temas as coisas que tens de sofrer. (…) Sê fiel até à morte, e Eu te darei a coroa da Vida. (…) Comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”.

É indispensável, portanto, orar e vigiar, mormente nas ocasiões de crise, qualquer que seja o local ou o instante. A dor não aguarda oportunidade para bater à porta do coração. E a prece não é somente útil nos transes dramáticos da vida, mas essencial na hora de buscar as soluções para os desafios de ordem filosófica, política, econômica, científica, religiosa, artística, esportiva etc.

* José de Paiva Netto, escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta. 

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