A primeira edição do Congresso das Associações Portuguesas no Reino Unido realizou-se no passado dia 22 de novembro, em Leicester, nas instalações do tradicional Café Portugal, numa iniciativa organizada pelo jornal “As Notícias UK” que registou lotação esgotada. O encontro contou com o patrocínio da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP), da Imocomunidades, do Banco Santander, do Café Portugal, entre outras entidades, reunindo dirigentes associativos, representantes institucionais e elementos da comunidade portuguesa residente no país.

Foto: Agência Incomparáveis
O ministro da Agricultura e Pescas de Portugal, José Manuel Fernandes, destacou a vitalidade das comunidades portuguesas no exterior.
“São dinâmicas, são comunidades onde a palavra integração nem faz sentido porque estão completamente integradas”, afirmou o governante em entrevista à nossa reportagem, acrescentando que estas comunidades constituem “uma mais-valia não só para Portugal como para os países onde estão” e sublinhou que não esquecem “as suas raízes, o seu país”.
Sobre o resultado esperado de encontros como este congresso, José Manuel Fernandes defendeu o reforço do movimento associativo.
“Que o associativismo se fortaleça, que cada associação seja um embaixador maior de Portugal, porque cada português já o é”, afirmou. Para este ministro, estas estruturas devem ser espaços de “partilha, solidariedade e inclusão”, com atenção às gerações mais velhas que enfrentam situações de solidão no estrangeiro. Realçou que as associações têm igualmente um papel relevante na promoção da língua portuguesa, num momento em que o Estado está a rever a carreira dos professores no exterior.

Foto: Agência Incomparáveis
“capacitação administrativa”
“Aquilo que eu apelo é que haja união, pois capacidade nós temos. Precisamos de união para que a solidariedade, o crescimento, a cultura estejam bem presentes, e que a juventude também tenha o seu espaço. As associações também podem ajudar a um objetivo que é importantíssimo, que é da língua portuguesa. As associações também têm um papel importante nesse domínio e a língua portuguesa é uma mais-valia à escala global”, frisou.
Por sua vez, o presidente do Conselho Regional da Europa do Conselho das Comunidades Portuguesas, Vítor Gabriel Oliveira, reforçou a importância da presença institucional no encontro.
“É um gosto podermos apoiar os nossos colegas conselheiros que representam os eleitores do Reino Unido”, disse o dirigente, que sublinhou que as associações necessitam de maior capacitação administrativa e financeira.

Foto: Agência Incomparáveis
“criar uma voz conjunta”
“A melhoria da qualidade administrativa, a capacitação e a profissionalização são fundamentais”, declarou, defendendo igualmente que a credenciação das associações junto da DGACCP permitirá ao Estado português “ter uma radiografia melhor das comunidades e do seu movimento associativo” e garantir apoios adequados.
Carla Barreto, mayor na cidade de Thetford e primeira mulher portuguesa a exercer este cargo no Reino Unido, avaliou o congresso como um marco.
“Fazer o primeiro não é fácil. Alguém tem de desbravar caminho”, disse. Para a responsável, o encontro demonstrou que “há claramente uma necessidade e uma vontade de trabalhar em colaboração”.
Esta responsável considera que o congresso cumpriu o propósito de aproximar entidades que trabalham diariamente com cidadãos portugueses.
“O objetivo é que possam aceder à mesma informação, partilhar recursos e criar uma voz conjunta para terem mais poder e acesso a apoios”, afirmou.
“comunidade com diferentes perfis e origens”
Na opinião de Ana e Brito Maneira, cônsul-geral de Portugal em Londres, a iniciativa teve um impacto positivo.
“Foi um sucesso este evento”, afirmou a diplomata, que acredita que a reunião de mais de 20 associações portuguesas no mesmo espaço representou “um passo relevante para o fortalecimento do movimento associativo no Reino Unido”.
Ana e Brito Maneira destacou ainda a necessidade de credenciação das associações junto das autoridades portuguesas e britânicas, processo que considerou essencial para o acesso a apoios que “existem, estão disponíveis e não estão a ser usados como poderiam”.
Presidente e fundador da Comunidade Portuguesa de Leicester (CPL), Paulo Jorge Conde, responsável também pelo Café Portugal, recordou o percurso recente da entidade, formalizada este ano após anos de trabalho voluntário.
“É um grande orgulho receber esta comitiva toda”, afirmou sobre o congresso, recordando que a comunidade que lidera tem procurado integrar diferentes perfis e origens.
“Vemos todos como portugueses, sem distinções”, afirmou o dirigente, que sublinha que esta diversidade “mostra que o mundo seria melhor se todos estivéssemos mais unidos”.
Por fim, João Noronha, diretor-executivo editorial do jornal “As Notícias UK”, explicou que o congresso resultou de um projeto apresentado à DGACCP.

Foto: Agência Incomparáveis
“Recebemos um apoio, reduzido por ser a primeira edição”, afirmou. Disse ainda que, segundo o conselheiro António Cunha, presente no evento, “foi a primeira vez desde 2003 que viu 22 associações juntarem-se para um congresso”.
Para Noronha, o objetivo central passa por dar “as condições necessárias para que as associações se legalizem e tenham acesso aos fundos portugueses e britânicos”.
“Após 19 anos à frente do jornal, na área editorial, começamos a ver o que é que há dentro da nossa comunidade, assim como acabamos por ver aquilo que não corre bem, aquilo que tem de ser modificado, aquilo que tem de ser melhorado. E uma das coisas seriam as associações, que muitas vezes vivem com graves problemas financeiros, nunca têm a capacidade de levar para frente todos os seus projetos, porque estão sempre restringidas à capacidade financeira que têm. Então a ideia era: se elas conseguissem legalizar-se de acordo com a legislação britânica, automaticamente seriam aceites, não só pelos financiadores a fundo perdido britânicos, mas também a fundos que vêm do Estado português. Então, começámos a olhar para isso”, atestou Noronha.
O primeiro Congresso das Associações Portuguesas no Reino Unido, que recebeu ainda André Porteiro Ferreira, chanceler do Consulado-Geral de Portugal em Manchester, o deputado britânico Shockat Adam, bem como dezenas de associações portuguesas, encerrou com a promessa de continuidade e com o reconhecimento generalizado de que o associativismo luso no país poderá entrar agora numa fase de maior organização, articulação institucional e projeção pública.
“Encerrado o Congresso, iniciamos agora os trabalhos que darão seguimento aos objetivos, comentários e recomendações apresentados durante e após o evento, com o compromisso de transformar as reflexões partilhadas em ações concretas que beneficiem toda a comunidade portuguesa no Reino Unido”, finalizaram os responsáveis pelo congresso.










