Muçulmanos se preparam para o Hajj, a maior peregrinação religiosa do mundo

FAMBRAS explica o sentido e por que a jornada a Meca é um dos pilares da fé islâmica

São Paulo (SP) – A Arábia Saudita anunciou que o Hajj, a tradicional peregrinação a Meca, terá início no dia 4 de junho, após a observação da lua crescente que marca o começo do mês islâmico de Dhu al-Hijjah, o 12º do calendário islâmico. Considerado um dos cinco pilares do Islam, o Hajj é uma das maiores manifestações de fé do mundo, reunindo anualmente milhões de muçulmanos de diferentes países, em uma experiência espiritual única.

Adli Wahid – Foto: Pixabay

A origem do Hajj remonta aos tempos do profeta Abraão, cuja fé e submissão a Deus são reverenciadas por muçulmanos. O próprio profeta Muhammad realizou sua primeira e única peregrinação após ser proclamado mensageiro de Deus, acompanhado por cerca de 120 mil fiéis, tornando o ritual um marco central da espiritualidade islâmica.

No ano passado, mais de 1,8 milhão de fiéis participaram da peregrinação. Em 2025, espera-se novamente a presença massiva de muçulmanos vindos de todos os continentes, que enfrentarão altas temperaturas, o que exige muito preparo.

O Hajj é muito mais do que uma viagem. É um chamado espiritual profundo. É uma oportunidade de renovação da fé, de igualdade entre todos os seres humanos diante de Deus e de busca por perdão e paz interior”, explica Ali Zoghbi, vice-presidente da FAMBRAS – Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.

A jornada até Meca é obrigatória para todos os muçulmanos que tenham condições físicas e financeiras de realizá-la ao menos uma vez na vida. A peregrinação inclui uma série de rituais realizados ao longo de cinco dias.

Um deles é o tawaf, que significa circundar a Caaba – estrutura de granito com inscrições do Alcorão no coração da Grande Mesquita de Meca – no sentido anti-horário, sete vezes. Outro ritual é andar sete vezes entre as colinas de Safa e Marwa, em Meca. Em seguida, em Mina, distante cinco quilômetros da Grande Mesquita, os peregrinos dedicam-se a um dia de oração no Monte Arafat – reverenciado por ser o lugar onde o profeta Muhammad proferiu seu último sermão.

Durante o Hajj, todos os peregrinos vestem roupas brancas simples – o ihram –, símbolo de humildade e igualdade. “Ali, não importa a nacionalidade, classe social ou origem. Todos se apresentam como iguais diante de Deus”, comenta Zoghbi.

O Sheikh Ali Momade, líder religioso da FAMBRAS, acrescenta que o Hajj é um momento de extrema solidariedade e conexão com milhões de irmãos e irmãs na fé. “É uma experiência transformadora, marcada pela introspecção, devoção e pelo sentimento de pertencimento à comunidade muçulmana global, a Ummah”, detalha. “E o mais importante: de acordo com o profeta Muhammad, quem realiza o Hajj com sinceridade, retorna “livre de pecado” como se tivesse voltado à vida, à pureza do seu nascimento”.

Momade completa dizendo que, no Hajj, os peregrinos são convidados a relembrar e reconhecer as bênçãos e os bens que acumularam e agradecer a Deus por isso. “Devem, ainda, compartilhar com os mais necessitados. Por isso, não se trata, apenas, de uma renovação espiritual, mas, também social e institucional”.

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