A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta semana, o registro do Voranigo® (vorasidenibe), um medicamento inédito no Brasil para o tratamento de alguns tipos de câncer cerebral.

Medicamento é disponibilizado em formato de comprimido | Pixabay
Desenvolvido pela farmacêutica Servier, o remédio é disponibilizado em formato de comprimido de uso diário e já é considerado pelo oncologista Fernando Maluf, do Instituto Vencer o Câncer, como o maior avanço no tratamento de gliomas dos últimos 20 anos.
Maluf explica que gliomas são os tumores cerebrais mais comuns, e os de baixo grau – classificados como grau 2 – afetam principalmente jovens, desde a adolescência até a vida adulta.
Hoje, segundo ele, as opções de tratamento para esses casos se restringem, na maioria das vezes, à cirurgia, à radioterapia e à quimioterapia.
“Essa nova medicação oferece uma alternativa muito especial para adiar ou até evitar tratamentos mais agressivos, reduzindo de forma significativa o risco de progressão da doença, com boa tolerabilidade”, disse Maluf.
Para quem é indicado?
O Voranigo® é indicado para pacientes a partir de 12 anos que tenham gliomas difusos do tipo astrocitoma ou oligodendroglioma (saiba mais abaixo), com mutações nas enzimas IDH1 ou IDH2.
Entenda o que é glioma
O glioma é um tumor que se origina nas células gliais, responsáveis por dar suporte e proteção aos neurônios no cérebro e na medula espinhal. Essas células formam a “cola” do sistema nervoso central (daí o nome “glia”, que vem do grego e significa “cola”).
Quando sofrem mutações genéticas, podem dar origem a tumores que comprometem funções neurológicas essenciais, como coordenação motora, fala, visão e memória.
Saiba mais sobre cada tipo
Astrocitomas: é o tipo mais comum de câncer cerebral. Os de grau 1 e 2 costumam ser benignos, de crescimento lento e acometem, em sua maioria, pacientes mais jovens. Já os de grau 3 e 4 e geralmente se instalam em pacientes a partir dos 40 anos, são malignos e o crescimento é mais rápido.
Oligodendrogliomas: o segundo tipo de câncer mais frequente. Funciona igual os astrocitomas, a depender do grau, é maligno ou benigno, com crescimento mais rápido ou mais lento.
O tratamento é voltado para quem já passou por cirurgia, mas ainda não tem indicação imediata de quimio ou radioterapia.
Fatores de risco
Diferente de outros tipos de câncer, fatores de risco como cigarro e bebida alcoólica não está associado diretamente a uma maior incidência da doença, explicou a oncologista.
Uma das causas mais estabelecidas é a exposição à radiação ionizante, que acontece em casos de acidentes nucleares, por exemplo. Em outros, o fator hereditário pode influenciar no aparecimento da doença.