A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) divulgou um manifesto público pedindo que o governo federal atue com urgência para reverter a decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo os de origem florestal.

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A recente decisão do governo norte-americano de elevar significativamente as tarifas sobre produtos brasileiros causou forte impacto sobre a cadeia produtiva florestal paranaense, um dos principais estados exportadores desse segmento.
Segundo a APRE Florestas, entidade que representa 40 empresas responsáveis por aproximadamente metade da área total de plantios comerciais no estado, a medida ameaça empregos, contratos, embarques e investimentos em uma das cadeias mais estruturadas e importantes para o agronegócio nacional.
No manifesto, o presidente da APRE Florestas, Fabio Brun, aponta para a necessidade de uma solução diplomática urgente para evitar prejuízos irreversíveis. “A taxação a esse patamar praticamente inviabiliza os nossos negócios e, como consequência, milhares de empregos e famílias estão ameaçadas”, alerta. Para ele, mais do que uma decisão econômica, trata-se de uma medida política, o que exige uma resposta articulada, diplomática e imediata por parte do governo brasileiro.
Dependência do mercado americano
A dependência do Paraná pelo mercado americano é ainda maior, especialmente de produtos como madeira serrada, compensados, painéis, molduras, portas e móveis.
Dentre os produtos do agronegócio mais vendidos aos EUA, os produtos florestais aparecem em primeiro lugar, com US$ 3,7 bilhões, seguido de cafés (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões).
Os Estados Unidos são o maior importador de serrado de pinus do Brasil (37,15%), e o segundo maior importador do Paraná do mesmo produto (30,79%).
Além disso, é o principal destino de compensado de pinus do Paraná e de painéis reconstituídos de madeira, portas, molduras e móveis do Brasil.
Manifesto cobra ação imediata
No manifesto, a APRE Florestas solicita que o governo federal atue junto aos EUA na tentativa de suspender ou, ao menos, prorrogar a medida tarifária por, no mínimo, 90 dias, permitindo ajustes contratuais e logísticos.
Porém, a entidade defende que o Brasil evite retaliações tarifárias, o que poderia prejudicar ainda mais o diálogo com o governo norte-americano. “O setor florestal está fazendo sua parte, fornecendo dados, cenários e impactos. Mas as negociações ultrapassam a atuação setorial e exigem uma ação governamental com urgência e prioridade”, conclui o presidente da APRE.
O prazo máximo para uma solução diplomática vai até o dia 1º de agosto. Até lá, o setor vive uma corrida contra o tempo para manter sua competitividade e evitar perdas irreparáveis em empregos e faturamento.
MANIFESTO DA APRE AO PODER PÚBLICO BRASILEIRO Pelo setor florestal do Paraná e pela preservação de empregos, investimentos e renda A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) manifesta sua profunda preocupação com a recente imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida que impacta gravemente o setor florestal paranaense, um dos principais pilares econômicos e exportadores do país. Em 2024, os estados do Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – responderam por 86,5% das exportações brasileiras de produtos de madeira para os EUA, totalizando US$ 1,37 bilhão. O Paraná, líder na produção de pinus e de produtos industrializados de alto valor agregado, como compensados, madeira serrada, molduras, portas, painéis e móveis, é extremamente afetado por essa decisão. A taxação, inesperada e desproporcional, compromete a competitividade do setor, gera insegurança jurídica e comercial, e ameaça milhares de empregos diretos e indiretos, além de impactar a renda de famílias em pequenos e médios municípios paranaenses. Os produtos florestais lideram as exportações do agronegócio brasileiro para os EUA (US$ 3,7 bilhões), superando café (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e o complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões) Impactos da taxação no setor florestal: · EUA como principal mercado: · Maior importador de madeira serrada de pinus do Brasil (37,15%) e segundo maior do Paraná (30,79%). · Maior destino de compensado de pinus, madeira serrada de folhosas, painéis reconstituídos, portas, molduras e móveis do Brasil. · Segundo maior importador de celulose (14,32%) e papel (10,26%) do Brasil. · Consequências imediatas: · Suspensão de contratos, cancelamento de embarques e contêineres retidos em portos. · Empresas forçadas a rever estratégias em tempo recorde, com risco de fechamento de unidades e demissões em massa. A cadeia produtiva florestal, essencial para a economia paranaense, enfrenta um cenário crítico. A continuidade dessa tarifa, que entra em vigor em 1º de agosto de 2025, pode inviabilizar negócios e causar prejuízos irreversíveis. Apelo ao governo brasileiro: Diante da gravidade da situação, a APRE solicita ações urgentes e coordenadas do governo federal: 1. Negociação diplomática imediata: Engajar os Estados Unidos para suspender ou revisar a tarifa, buscando uma solução que preserve a competitividade do setor. 2. Evitar retaliações comerciais: Impedir medidas que escalem conflitos comerciais, protegendo o ambiente de negócios. 3. Apoio à preservação de empregos e investimentos: Garantir políticas que sustentem a cadeia produtiva florestal 4. Articulação política em alto nível: Mobilizar esforços conjuntos entre governo, setor produtivo e entidades representativas para reverter os impactos da medida. O setor florestal paranaense tem contribuído com dados técnicos e colaboração ativa, mas a solução depende de uma resposta governamental rápida e eficaz. Cada dia sem ação representa maior risco de fechamento de empresas e perda de empregos. A APRE reitera que o setor florestal do Paraná não pode arcar sozinho com os impactos de uma decisão internacional. Exigimos uma atuação firme, diplomática e imediata do poder público para proteger a economia local, os trabalhadores e a competitividade do Brasil no mercado global. Fabio Brun Presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) |