O fogo voltou a tomar conta do Paraná. Dados do Sistema Digital de Dados Operacionais do Corpo de Bombeiros revelam que, no mês de julho, foram registradas 1.700 ocorrências de incêndios em vegetação, uma média assustadora de um novo foco a cada 28 minutos.

Foto: CNA/Cortesia
O auge da devastação ocorreu entre os dias 19 e 21 de julho, com 200 incêndios florestais em apenas três dias. Curitiba e região metropolitana estão entre os locais mais atingidos: a capital paranaense contabilizou 11 casos, seguida por São José dos Pinhais (8) e Colombo (5). Outros municípios em alerta são Cascavel (16 registros), Guarapuava (14), Campo Mourão (10) e Ponta Grossa (9).
Temporada do fogo exige atenção redobrada
O período entre julho e setembro é considerado o mais crítico do ano, comumente chamado de temporada do fogo. A vegetação seca combinada com a baixa umidade do ar e as geadas típicas do inverno paranaense criam o cenário perfeito para que qualquer faísca possa evoluir e se transformar em incêndio.
“A prevenção exige atenção total, porque os prejuízos vão muito além das perdas econômicas: o fogo ameaça animais silvestres, polui o ar, coloca vidas humanas em risco e compromete reservas naturais que levaram décadas para se formar”, explica Fabio Brun, presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas).
A APRE Florestas idealizou e lidera há quatro anos a Campanha de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, com apoio da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), Associação Paranaense de Engenheiros Florestais (APEF), Associação Paranaense de Medicina de Animais Selvagens, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Embrapa Florestas, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF), Governo do Paraná, Ibama/Prevfogo, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Instituto Água e Terra (IAT), Rede Nacional de Brigadas Voluntárias, Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).
90% dos incêndios têm origem humana
Dados do Corpo de Bombeiros reforçam que pelo menos 90% dos incêndios florestais são causados por ação humana, muitas vezes de forma involuntária. O comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, Antonio Hiller, alerta que práticas comuns como fazer fogueiras em acampamentos, queimar lixo ou jogar bituca de cigarro na beira da estrada estão entre as causas mais recorrentes.
“O problema está no descuido e na desinformação. Comportamentos que parecem inofensivos podem provocar danos imensuráveis”, afirma Hiller. Segundo ele, as regiões Norte e Centro-Sul do Paraná são as mais críticas: a primeira por conta das temperaturas elevadas; a segunda por causa da geada, que deixa a vegetação ainda mais seca e inflamável.

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O que fazer (e o que evitar)
A campanha de Prevenção e Combate aos Incêndios florestais idealizada pela APRE também orienta a população sobre medidas básicas de prevenção. Entre os cuidados essenciais estão:
- Não atear fogopara limpar terrenos ou queimar lixo;
- Evitar fogueirase churrascos em áreas de mata ou em períodos de estiagem;
- Não jogar bitucas de cigarroem rodovias ou margens de estrada.
Além disso, a rede de prevenção envolve monitoramento, capacitação de brigadas, vigilância em tempo real com torres de observação. A prevenção a incêndios florestais é uma responsabilidade coletiva. O fogo não escolhe alvos, mas destrói florestas, habitats, plantações, casas e vidas. “Campanhas como a da APRE, em conjunto com outras diversas instituições, ganham relevância ao mostrar que o combate começa com atitudes simples, mas que precisam ser constantes e amplamente divulgadas”, reforça Fabio Brun.
A cada novo foco de incêndio, o recado é claro: prevenir é sempre melhor do que apagar. E, para isso, é preciso informação, educação e ação.