Embrapa Cerrados participa da COP Cerrados e defende o bioma como estratégico para o Brasil e o mundo

A Embrapa Cerrados participou, nesta quinta-feira (9), no auditório do Memorial JK, em Brasília (DF), da COP Cerrados – conferência promovida pelo Consórcio Brasil Central como parte das articulações preparatórias para a COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA). O evento reuniu representantes de governos estaduais, especialistas e lideranças do setor produtivo para debater estratégias de valorização, conservação e desenvolvimento sustentável do bioma.

Foto: Juliana Caldas

Durante o encontro, representantes das sete unidades federativas que integram o Consórcio assinaram a Carta do Cerrado, documento que busca ampliar a visibilidade do bioma nas discussões nacionais e internacionais sobre o clima e o desenvolvimento sustentável. A carta apresenta demandas concretas à comunidade internacional, como a criação do Fundo Cerrado, a ampliação do financiamento climático voltado à preservação do bioma e o incentivo ao desenvolvimento de mercados de carbono e créditos de biodiversidade específicos para o Cerrado. Também propõe a formação de um grupo de trabalho voltado aos desafios e soluções dos biomas brasileiros.

O chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, foi responsável pela palestra magna do evento, com o tema “O Cerrado como bioma estratégico para o Brasil e o mundo”. Ele ressaltou a importância do Cerrado, que ocupa 24% do território nacional, abriga as principais bacias hidrográficas do país e concentra grande parte da produção agrícola brasileira — responsável por mais da metade da produção de soja e milho e quase a totalidade do algodão. “Ao longo de 50 anos, desenvolvemos métodos, manejos e formas de produzir e preservar. Estamos demonstrando que, com tecnologia, é possível produzir com sustentabilidade”, afirmou.

Sebastião Pedro destacou tecnologias desenvolvidas pela Embrapa que conciliam produtividade e conservação ambiental, como os sistemas integrados de produção (lavoura-pecuária-floresta), que permitem até quatro safras no mesmo ano, aumentam a eficiência no uso do solo e reduzem a pressão por novas áreas. Ele também enfatizou a importância da recuperação de pastagens degradadas, fundamental para revitalizar solos, reduzir emissões de gases de efeito estufa e ampliar a oferta de proteína animal.

Outra tecnologia destacada foi a Bioanálise de Solo (BioAS), que incorpora o componente biológico às análises de rotina. “Após mais de 20 anos de pesquisa, identificamos que apenas duas enzimas são capazes de diagnosticar a saúde do solo. Esse indicador mostra se o solo está saudável, degradando ou regenerando, o que ajuda, por exemplo, a reduzir o uso de fertilizantes, hoje 85% deles são importados, e contribui para uma agricultura mais autônoma e sustentável”, explicou.

O chefe-geral também abordou o avanço do uso de bioinsumos, ressaltando que o Brasil é hoje o país que mais adota esses produtos no mundo. “Grande parte dos biofertilizantes é obtida a partir da biodiversidade do Cerrado. Nosso solo é antigo e quimicamente pobre, mas a biodiversidade é extremamente rica, oferecendo micro-organismos valiosos para a bioeconomia”, destacou.

Sebastião Pedro afirmou que o Brasil lidera um movimento global de agricultura tropical regenerativa, que alia produtividade, equilíbrio ecológico e redução de custos. “Estamos passando de um modelo que desconsiderava a natureza para outro que se espelha nela. A natureza é nosso exemplo de equilíbrio”, reforçou. Para o pesquisador e gestor, a COP30 será uma oportunidade de mostrar ao mundo que o Cerrado, além de abrigar uma das maiores biodiversidades do planeta, é também um modelo de produção sustentável aliado à conservação ambiental.

O evento contou ainda com painéis sobre governança, políticas públicas e práticas sustentáveis, com a participação de secretários de Meio Ambiente, representantes do setor produtivo e especialistas da área.

O Consórcio Brasil Central

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central (BrC) é formado pelo Distrito Federal e pelos estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. Seu objetivo é promover o desenvolvimento econômico e social da região de forma integrada, por meio da cooperação entre as unidades federativas, tornando-a mais competitiva.

A atuação do Consórcio ocorre por meio da articulação entre os entes consorciados, representados por seus governadores, secretários de Estado que integram o Conselho de Administração, membros da administração pública distrital e estadual, além da equipe técnica da instituição.

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