O jovem Gerson de Melo Machado, de 19 anos, morto após invadir a jaula de uma leoa em zoológico de João Pessoa no domingo (30), passou por atendimento do conselho tutelar de Mangabeira por nove anos. Nas redes sociais, a conselheira tutelar Verônica Oliveira, responsável pelo atendimento ao jovem dos 10 aos 18 anos, acusa o Estado de negligência sobre seu diagnóstico.
Jovem teve atendimento do conselho tutelar dos 10 aos 18 anos | Reprodução
“Dos 10 aos 18 anos ele foi atendido pelo Conselho Tutelar de Mangabeira. Embora o Conselho solicitasse laudos [médicos] porque era visível o transtorno mental, o Estado dizia que ele só tinha problemas comportamentais. Será que alguém com problema comportamental entra na jaula do leão?”
A profissional acompanhou parte da adolescência do jovem. Ela diz que ele apresentava transtornos mentais e que, desde o início do acompanhamento, o poder público não diagnosticou e acompanhou Gerson com os cuidados necessários.
“Gerson precisava de tratamento que não foi oferecido a ele. Gerson, filho de uma mãe esquizofrênica, neto de avós esquizofrênicos, mas os psiquiatras insistiam em dizer que ele era só um menino que não se adequava. Nós não vamos nos calar. Nós lutamos muito para garantir os direitos de Gerson”, afirma.
Em relato, a conselheira disse que o jovem tinha vontade de ir à África cuidar de leões. Em uma ocasião, ele teria cortado a cerca do aeroporto da cidade, afirmando que iria pegar um avião para o continente africano. Flagrado por câmeras de segurança, ele foi detido.
A invasão
Um homem morreu na manhã deste domingo (30) após invadir o recinto de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa (PB).
No domingo (30), Gerson escalou uma parede de mais de seis metros do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, ultrapassou grades de segurança e se pendurou em uma árvore para entrar no recinto do animal.
A leoa acompanhou todo o percurso e, assim que o jovem começou a descer da árvore, ela avançou e o atacou pelo pescoço. Gerson morreu ainda no local.
Depois da fatalidade, a Prefeitura de João Pessoa destacou que o Parque Arruda Câmara segue todas as normas técnicas e que equipes tentaram impedir a invasão. O zoológico foi fechado após o incidente e, até o momento, não há previsão de reabertura.
A administração municipal também se solidarizou com a família da vítima e informou que colabora com as autoridades na apuração do caso.
A leoa que matou não será sacrificada, como acontece em casos do tipo. Segundo a direção do zoológico, o animal foi avaliado pela equipe técnica logo após o incidente e segue em observação.
