Minas Gerais (MG) – Às vésperas do Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), celebrado em 29 de outubro, um dado alarmante do Ministério da Saúde revela uma mudança preocupante no perfil da doença no Brasil: o número de casos de AVC entre jovens de 18 a 45 anos cresceu mais de 20% nos últimos cinco anos.

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O AVC, que é a segunda principal causa de morte no país e a primeira de incapacidade, deixou de ser uma preocupação exclusiva da terceira idade e tem se tornado uma ocorrência comum nas emergências médicas. O neurologista da Afya Educação Médica de Belo Horizonte, Dr. Philipe Marques da Cunha, explica que o AVC pode ter diversas causas, mas entre as principais estão as doenças cardiológicas, especialmente as arritmias, e a aterosclerose (acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos).
“Esses problemas estão fortemente associados a condições cada vez mais comuns nessa faixa etária, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, obesidade e sedentarismo. O estilo de vida moderno também tem papel central nesse aumento. A rotina acelerada, o estresse crônico, a má alimentação e a falta de atividade física contribuem para o surgimento precoce dessas doenças. Além disso, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas ilícitas também são fatores de risco importantes e, infelizmente, cada vez mais frequentes entre jovens”.
Os dados corroboram as falas do neurologista. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que mais de 80% dos casos de AVC poderiam ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada, controle da pressão arterial, cessação do tabagismo e moderação no consumo de álcool.
AVC entre mulheres jovens
Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já estima que 30% de todos os casos de AVC ocorrem em pessoas com menos de 45 anos. No Brasil, um dos maiores desafios para esse público é o diagnóstico tardio. Entre as mulheres mais jovens, a combinação do uso de anticoncepcionais orais com o tabagismo é frequentemente citada como um fator de risco significativo para a formação de coágulos que podem levar ao AVC.
Dr. Philipe esclarece que o uso de anticoncepcionais hormonais que contêm estrogênio atrelado ao tabagismo é perigosa, porque tanto o cigarro quanto o estrogênio têm efeito pró-trombótico, ou seja, aumentam a tendência do sangue a formar coágulos dentro dos vasos.
“Quando esses coágulos se formam, podem obstruir artérias ou veias do cérebro, levando a um acidente vascular cerebral (AVC). Esse risco inclui tanto o AVC isquêmico arterial, que é o tipo mais comum, quanto o AVC venoso, conhecido como trombose venosa cerebral. O anticoncepcional, isoladamente, é considerado um medicamento seguro para a maioria das mulheres. No entanto, quando associado ao cigarro, o risco de eventos trombóticos e de AVC aumenta de forma significativa, especialmente em mulheres com mais de 35 anos ou que já possuem outros fatores de risco, como hipertensão, enxaqueca com aura ou histórico familiar de doenças vasculares”, complementa o neurologista da Afya Educação Médica de Belo Horizonte.










