Paracatu transforma-se novamente num território da palavra entre os dias 27 e 31 de agosto de 2025, quando tem lugar a terceira edição do Festival Literário Internacional de Paracatu (Fliparacatu), com patrocínio da Kinross via Lei Rouanet e apoio da Prefeitura de Paracatu, Caixa e Academia de Letras do Noroeste de Minas. A abertura oficial está agendada para amanhã, 27 de agosto, com o simbólico corte de fita que dará início à programação.

Foto: @silvaguimartins
O festival explora o tema-conceito “Literatura, Encruzilhada e a Desumanização”, convocando reflexões sobre a urgência ética e o papel da literatura como resistência às crises que atravessam o presente. A homenagem recai sobre a escritora mineira Ana Maria Gonçalves, primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras, e o autor português Valter Hugo Mãe, cuja obra “A desumanização” inspira profundamente o conceito desta edição, além de ter contribuído para a identidade visual do festival.
A programação é inteiramente gratuita, com tradução em Libras e transmissão pelo canal oficial no YouTube. Curadoria assinada por Bianca Santana, Jeferson Tenório e Sérgio Abranches, com a participação de Leo Cunha na área infantojuvenil e Daniela Prado na regional, reforça o compromisso com diversidade, ética e transformação social. São mais de 60 autores de origens diversas, o que fortalece o debate plural e inclusivo.
Programa intenso
A abertura do festival, no dia 27, reserva atividades desde a manhã com oficinas artísticas e recreativas (capoeira, ilustração, maculelê, jogos, bolhas de sabão) destinadas a escolas, com agendamento necessário. Às 18h30, Daniela Prado conduz o encontro inaugural com Alexandre de Oliveira Gama, Kassius Kennedy e Murilo Caldas. Logo depois, segue-se a Mesa dos Curadores com Afonso Borges, Bianca Santana, Jeferson Tenório, Sérgio Abranches e Leo Cunha. A noite culmina na roda “Palavra‑herança”, com Ana Maria Gonçalves, Bianca Santana e Marcelino Freire, seguida pelo debate musical “Música e Letra”, com Fernanda Takai, John Ulhoa e Borges.
O festival mantém essa intensidade ao longo dos cinco dias, com um leque plural de atividades: mesas de debate, oficinas, exibição da exposição “Ocupação”, que aborda desigualdades e representatividade negra por meio das obras de Petchó Silveira, e uma área de economia criativa batizada de “Fliparacatu da Gente”, voltada para gastronomia, artesanato, tranças e cultura local.

Foto: @silvaguimartins
O festival também abriga uma ampla livraria de 220 m², ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, com cerca de 20 mil exemplares disponíveis entre clássicos, lançamentos, infantil e infantojuvenis. Outro ponto alto é o Prémio de Redação e Desenho, para estudantes, com o tema “A literatura na encruzilhada – o valor do livro e do escritor na vida de um país”.
Entre os destaques, a Maratona de Leitura – Seja Breve está marcada para 28 de agosto, das 18h às 22h, na Casa Kinross: um desafio de leitura rápida e redação com premiação para os melhores textos. O ator Odilon Esteves apresenta a palestra cênico-literária “Para Abrir Outras Janelas”, nos dias 28 às 15h e 29 às 10h, em formato interativo escolhido pelo público.
Nos dias 29 e 30 à noite, o jornalista Zeca Camargo conduz a oficina “Como uma ideia vira livro”, abordando desde o “Paraíso das Ideias” até “O Purgatório da Escrita”.
O festival ganha ainda dimensão histórica com o debate sobre Rodrigo Melo Franco de Andrade, patrono desta edição, na tarde de 30 de agosto, e a estreia do “Flicast”, podcast idealizado por Gustavo Ziller, levando as vozes dos autores participantes a uma plataforma sonora futura. O projeto Pão e Poesia continua espalhando versos de Adão Ventura, Ricardo Aleixo e Fernando Pessoa em embalagens de pão – uma ponte entre literatura e cotidiano.
A Fliparacatu 2025 “reacende” a cidade com cultura, diversidade e escuta ativa.