Após voto de relator por absolvição de Bruno Henrique, auditor do Pleno do STJD pede vista e julgamento é adiado

Atacante foi suspenso por 12 jogos e condenado a multa de R$ 60 mil por manipulação esportiva, mas segue atuando com auxílio de um efeito suspensivo

O relator do recurso do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, no Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) votou nesta segunda-feira (10) pela absolvição do jogador no artigo 243-a do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que penaliza “atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida”. Após a leitura do voto Sergio Furtado Filho, o auditor Marco Aurélio Choy pediu vista.

Bruno Henrique, jogador do Flamengo

Bruno Henrique, jogador do Flamengo, recebeu cartão amarelo em partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023 | Marcelo Cortes/Flamengo

O julgamento foi interrompido e será retomado em nova reunião do pleno, prevista para acontecer até o fim desta semana. Sergio Furtado Filho votou por punir Bruno Henrique no artigo 191, de “deixar de cumprir o regulamento da competição”, que prevê apenas multa. Ele votou pelo pagamento de uma multa de R$ 100 mil.

O advogado do Flamengo, Michel Assef, pediu absolvição do jogador do rubro-negro. Ele defendeu que não houve prejuízo ao clube e que, inclusive, o jogador foi orientado a tomar o terceiro cartão amarelo por estratégia. “Afastemos completamente o artigo 243. O que aconteceu foi: ele deu uma informação que já aconteceria dentro de campo. Desportivamente, o melhor a se fazer era levar o cartão amarelo”, disse.

Já a Procuradoria pede um aumento de pena para o jogador. O procurador Eduardo Ximenes pediu que Bruno Henrique seja condenado no artigo 243 do CBJD, “atuar deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende”, diferente do que foi decidido na primeira instância.

Em setembro, o atacante foi suspenso por 12 partidas e condenado a pagar multa de R$ 60 mil por violar o artigo 243-a, mas seguiu atuando com auxílio de um efeito suspensivo. No domingo (9), ele fez um dos gols da vitória do time rubro-negro contra o Santos, em jogo válido pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Segundo a acusação, o atacante obteve benefício pessoal ao avisar parentes sobre o cartão amarelo “forçado” em partida contra o Santos, válida pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2023, e o episódio prejudicou o Flamengo, ao impactar a imagem do clube e o valor de mercado do atleta. Caso seja condenado, o jogador pode pegar até dois anos de suspensão.

Relembre o caso

Bruno Henrique já havia se tornado réu na Justiça do Rio de Janeiro, após o Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) apresentar denúncia por fraude em apostas esportivas. Também é réu no processo seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior.

Segundo o STJD, a investigação apontou que Bruno Henrique recebeu o cartão amarelo de forma deliberada, com o objetivo de beneficiar apostadores. “A conduta foi previamente comunicada a seu irmão, Wander, por meio de mensagens em aplicativo. O atleta teria repassado informação privilegiada visando fraudar evento vinculado ao Brasileirão 2023”, afirmou o STJD.

Bruno Henrique foi enquadrado nos artigos 243 (parágrafo 1º) e 243-a do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, com pena de 360 a 720 dias. Além disso, suspensão de 12 a 24 partidas e multas que vão de R$ 100 a R$ 200 mil.

Além dele, foram denunciados mais quatro pessoas: Wander Nunes Pinto Júnior (irmão do jogador), Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Sales Nascimento dos Reis e Douglas Ribeiro Pina Barcelos, todos próximos a Wander.

Na época, a defesa do jogador negou irregularidades. “É absurda a alegação de que tomar um cartão nesse lance, em que sequer falta houve, tinha como objetivo influenciar no resultado da partida ou do campeonato que estava em disputa”, disse o comunicado.

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