O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (17), durante discurso na abertura do 60º Congresso da UNE, em Goiânia, que o Brasil vai taxar empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Ricardo Stuckert/PR
“A gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas americanas digitais”, declarou.
A declaração ocorre em meio ao embate comercial com o governo norte-americano, após Donald Trump anunciar tarifas de 50% para exportações brasileiras, com início previsto para 1º de agosto.
O plano de taxação dessas empresas é discutido pelo governo brasileiro desde o ano passado e voltou à pauta com a decisão do governo norte-americano.
Além disso, há intenção de impor regras de funcionamento em território nacional. No início de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para responsabilizar as redes sociais por conteúdos em circulação.
No evento estudantil, Lula também defendeu o controle de conteúdos nas redes sociais, argumentando que não se pode tolerar agressões em nome da liberdade de expressão — tema que também é alvo de críticas do governo Trump.
Nesta semana, o governo brasileiro criou um comitê para discutir como o país vai responder à taxação dos EUA. Oficialmente, Lula ainda não apresentou nenhuma medida concreta.
Para se precaver, o presidente assinou nesta segunda-feira (14) o decreto que regulamenta a chamada Lei da Reciprocidade.
Esse dispositivo jurídico permite que o Brasil adote medidas comerciais contra países que imponham barreiras ou tarifas que afetem produtos nacionais.
Enquanto isso, o setor produtivo brasileiro demonstra crescente preocupação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que empresários pediram ao governo brasileiro que negocie com os EUA o adiamento da medida por pelo menos 90 dias.
Segundo estimativas apresentadas durante reunião com o Executivo, as novas tarifas podem causar a perda de até 110 mil empregos apenas na indústria.
O presidente brasileiro tem reforçado o discurso de soberania econômica nas últimas semanas, adotando tom mais duro contra as ações da gestão norte-americana.