“Respeita o Brasil” – resposta à tarifa de Trump explode nas redes e levanta preocupações sobre a dependência comercial

Taxa de 50% gerou guerra digital: de um lado, defensores da soberania nacional; de outro, críticos que veem na crise o espelho da política externa do governo

A tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre exportações do Brasil foi além dos bastidores diplomáticos e já provoca uma mobilização em cadeia: não só na economia, mas nas redes sociais, no debate político e até nas pesquisas feitas no Google. Uma mistura de nacionalismo digital com cálculo econômico real.

Estudo da Nexus analisa reação nas redes sociais ao tarifaço de Trump ao Brasil

Estudo da Nexus analisa reação nas redes sociais ao tarifaço de Trump ao Brasil | Reprodução

Segundo levantamento da Nexus, até a manhã desta quinta-feira (10), o anúncio da tarifa e a resposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) geraram mais de 240 milhões de impressões e 9,1 milhões de curtidas apenas no X (antigo Twitter).

A repercussão digital coloca Trump no topo dos Trending Topics no Brasil, com mais de 36 milhões de menções, seguido pela expressão “respeita o Brasil”, que alcançou quase 2 milhões de citações em tom de apoio ao presidente brasileiro.

Apoio ao governo x culpa do governo

A leitura da consultoria é clara: a ofensiva de Trump, ao taxar as exportações brasileiras, mobilizou um sentimento de defesa da soberania que reverberou fortemente nas redes.

E isso, segundo a Nexus, beneficiou a retórica do Palácio do Planalto, que rapidamente respondeu em nome da “reciprocidade” e da “autonomia nacional”. No levantamento de 1,5 milhão de postagens em português, as hashtags em defesa de Lula superaram, em volume, as críticas ao governo.

Mas a reação nas redes não veio apenas de apoiadores. Termos como “culpa do Lula”, “obrigado Trump” e “#ImpeachmentDoLulaJá” também figuraram entre os mais citados, numa disputa narrativa que evidencia o peso político da medida tarifária.

Deputados da oposição, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcel van Hattem (Novo-RS), marcaram presença entre os nomes mais engajados, ao lado de perfis da base governista, jornalistas, influenciadores e veículos de imprensa.

No Instagram, Lula acumulou 660 mil curtidas e mais de 100 mil comentários, com destaque também para perfis como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ao mesmo tempo, no Google Trends, a tensão se traduziu em ansiedade econômica: “Dólar hoje” foi o termo mais buscado no Brasil nas últimas 24 horas, superando meio milhão de pesquisas. O pico foi registrado às 10h20 desta quinta.

Mas, para além da polarização política, o estudo da Nexus traz um alerta estrutural: o Brasil é altamente dependente de produtos norte-americanos. Em 2024, 5 dos 10 itens mais importados pelo país vieram dos EUA, entre eles turborreatores, naftas petroquímicas, partes de aeronaves e até hulha betuminosa, essencial para energia e indústria pesada.

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