Pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, conduziram estudo inovador no manejo de adubação de mudas nativas de Paineira Rosa (Chorisia speciosa), explorando os benefícios de diferentes doses de composto orgânico e do uso de inoculante biológico Azospirillum brasilense, microrganismo que promove o crescimento vegetal. Este estudo busca entender como essas práticas podem melhorar o crescimento e a qualidade das mudas, fundamentais para reflorestamento e arborização urbana.

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Os resultados demonstram que o uso do inoculante biológico não só aumentou a altura média das mudas em 8 cm, como também otimizou a proporção de composto no substrato. “As mudas tratadas com inoculante atingiram altura máxima de 68,23 cm com 44% de composto, enquanto as sem inoculante alcançaram 60,2 cm com 46% de composto.
Além disso, observou-se maior crescimento do diâmetro do caule no tratamento com inoculante, demonstrando seu impacto positivo no desenvolvimento inicial das plantas”, comenta Estêvão Vicari Mellis, pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
No experimento, realizado em casa de vegetação na Sede do IAC, em Campinas, foram utilizados substratos formados por areia e diferentes proporções de um composto produzido na Usina Verde, instalada na Fazenda Santa Elisa do IAC, em Campinas, que resulta de parceria entre o Instituto e a Prefeitura Municipal. Nessa pesquisa, metade das mudas recebeu aplicações de Azospirillum brasilense.
As avaliações incluíram características como altura, diâmetro do caule e número de folhas, realizadas ao longo de seis meses. Segundo Mellis, as mudas de paineira (Ceiba speciosa) apresentaram desenvolvimento significativamente superior com o uso combinado do composto e do inoculante. Após 150 dias, as mudas já tinham ultrapassado um metro de altura, destacando o potencial das práticas estudadas para melhorar a qualidade do viveiro e a eficiência do cultivo. Análises adicionais em andamento, como a medição de massa seca, teores de nutrientes e índices de qualidade, oferecerão uma visão ainda mais detalhada dos benefícios observados.
O foco dessa pesquisa está na promoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e de impacto ambiental positivo. Além de aprimorar técnicas de adubação para mudas nativas, esse projeto visa também criar alternativas que auxiliem na compensação das emissões de gases de efeito estufa (GEE), alinhando os cultivos à gestão das mudanças climáticas.
“Os objetivos vão além dos laboratórios: as mudas cultivadas poderão ser usadas para mitigar emissões de GEE geradas por outros projetos de pesquisa. Este diferencial, alinhado às tendências globais de sustentabilidade, busca atrair investidores de parcerias público-privadas para dar continuidade a esse trabalho e ampliar o alcance do projeto”, diz o cientista.
O potencial impacto dessa pesquisa envolve desde a atualização de recomendações de adubação no Brasil, como o Boletim Técnico B100, editado pelo IAC, até a criação de uma base científica sólida para futuras colaborações entre ciência e indústria. A próxima etapa do trabalho inclui a divulgação dos resultados. “Este estudo ressalta a importância da ciência no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e regionais, contribuindo para o avanço da produção de mudas de qualidade e para o fortalecimento das práticas ecológicas”, resume.