Oniomania: saiba como identificar e qual o tratamento para a doença das compras compulsivas

Acúmulo de objetos sem utilidade é uma tentativa de preencher faltas e vazios

Campo Grande (MS) – A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 8% da população mundial faz compras por compulsão. E o transtorno da compra compulsiva é conhecido como oniomania, conforme explica Juliana Del Grossi, professora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera. “É uma doença que tem atraído uma atenção mais dedicada de pesquisadores e estudiosos, especialmente em uma época em que tudo é efêmero, tudo é para ontem. Vivemos um período onde as pessoas encontram cada vez mais dificuldade em aprofundar relações”, explica a psicóloga.

Foto: Divulgação

A especialista esclarece que as pessoas que consomem compulsivamente buscam preencher faltas e vazios. “Nada mais é reflexo de uma sociedade que exige um ritmo de produção acelerado, de modo que vai ficando cada vez mais raro o tempo de convívio com familiares, amigos, pessoas que amamos. Fica mais difícil elaborar os desejos, então, nesse ato, as pessoas preenchem um vazio fazendo compras. Há uma falta, uma lacuna, que precisa ser complementada. Age-se por impulso e é um sentimento momentâneo, de curta duração, em que sujeito compra e abastece um estoque de objetos que não terá utilidade, fazendo desse acúmulo de pertences uma tentativa de ocupar esse espaço que está vazio”, diz Juliana.

Com a pandemia, comportamentos compulsivos aumentaram em todo o mundo, incluindo o ato de comprar. A professora afirma que o distanciamento social e as incertezas contribuíram para o crescimento de ações compulsivas. “Essa situação de isolamento provocou o afastamento das pessoas, a interrupção dos encontros sociais, momentos de confraternização. Houve necessidade de uma adaptação a essa nova rotina, ao hábito de estar on-line e conectado por mais tempo. Nesse ambiente virtual também foi possível encontrar uma quantidade de objetos que serviam para preencher esse vazio provocado pelo distanciamento”, destaca.

A psicóloga explica que antes da pandemia eram maiores as possibilidades de estar com outras pessoas e tentar formar laços sociais, e mesmo assim sentir o vazio. “Para sustentar essa nova realidade imposta pela pandemia, busca-se formas de sustentar a nós mesmos. A internet propiciou isso, de certa forma, se tornou atrativa com suas infinitas possibilidades”, reflete Juliana.

Identificar se uma pessoa está com oniomania não é algo simples, já que a oniomania opera dentro do aspecto psíquico, conforme explica a professora. “A pessoa que enfrenta esse problema de saúde pode notar os sintomas. Pessoas próximas também podem ajudar sinalizando que há acúmulo de objetos que não são utilizados, dívidas, exceder as despesas ultrapassando o próprio salário e demais situações que possam até mesmo prejudicar terceiros. É importante buscar profissionais que darão suporte para tratar a doença e evitar julgamentos. O ideal é procurar acompanhamento especializado que vai orientar e auxiliar no processo de cura e controle”.

A professora defende que a ajuda profissional é um caminho para evitar as compras por compulsão e a terapia é um dos caminhos para tratar a oniomania. “Os profissionais da psicologia vão dar suporte aos sujeitos com sintomas de oniomania, de modo que eles compartilhem todos os sentimentos que tem causado angústia, dores e questionamentos. Haverá um aprofundamento nos motivos que demandam essa necessidade de preencher o vazio com objetos sem utilidade. Para alguns casos talvez haja necessidade de acompanhamento de outros profissionais da área da saúde. Cada caso é avaliado individualmente pelo psicólogo”, conclui Juliana Del Grossi.

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