A realização da mulher: do cansaço ao florescimento

Se você é mulher ou convive com uma, provavelmente já observou ou sentiu os efeitos do cansaço que tem nos atingido nos últimos tempos! Estamos constantemente agitadas, fazendo ou planejando algo, e isso fica mais evidente com as mudanças causadas pela pandemia da Covid-19, onde muitas tiveram que se desdobrar, para conciliar as atividades da casa, a atenção à família e o trabalho em modo home office. De maneira geral, nós mulheres, já éramos responsáveis pela maior parte das atividades domésticas, contudo as exigências da pandemia acabaram gerando uma sobrecarga mental e com isso criando ou acentuando diversos sintomas, como angústia, excesso de preocupação, pensamentos acelerados, medos e cansaço físico constante. A questão é, o que podemos fazer para sanar ou pelo menos aliviar esta situação?

Dijanira Silva – Foto: Arquivo Pessoal

Certamente não existe uma resposta pronta e universal, mas o primeiro passo talvez seja reconhecer que o excesso de responsabilização das mulheres não é algo natural. “A mulher não foi criada para a funcionalidade”, ensina o Papa Francisco, ela é harmonia e ternura. Reconhecer que não fomos pensadas simplesmente para fazer coisas, mas para ser sinal do amor no lugar onde estamos, contribui diretamente com o projeto de Deus a respeito da vocação da mulher. O segundo passo pode ser, procurar fazer uma coisa de cada vez e dentro das nossas reais possibilidades, isso é fundamental para que aconteça a transformação harmônica que consciente ou não, toda alma feminina deseja.

Por outro lado, também é importante considerar que no cansaço está a oportunidade de crescermos em intimidade com Deus, numa vida ordenada para o amor. Às vezes, Ele permite que sejamos provadas, para alcançarmos a grandeza à qual Ele nos destinou. Assim como o ferro adquire a forma de uma bela obra de arte depois de passar muitas vezes pelo fogo e pela água e de receber os ajustes necessários pelas mãos do artista, nós também, ao passarmos pelo “fogo das provações” cotidianas e sermos banhadas pela água viva do Espírito Santo, vamos sendo moldadas pelas mãos do grande artista que é o próprio Deus e nos tornamos a mulher forte e terna que somos chamadas a ser.

Santa Edith Stein, expressa bem essa realidade, quando descreve de maneira singular sua visão a respeito do papel da mulher na humanidade: “A alma da mulher deve ser ampla a tudo o que é humano. Deve ser cheia de paz, porque as fracas chamas se apagam na tempestade; deve ser quente para não enregelar as pequeninas sementes; deve ser luminosa para que, nos cantos escuros, não cresçam ervas daninhas… Deve ser, acima de tudo, dona de si e do próprio corpo para que sua personalidade esteja sempre pronta a servir em cada necessidade”.

Conheço várias mulheres de alma assim, bem ampla, e pode até ser que você seja uma delas! Porém, se hoje o que sobressai em sua vida é o cansaço, tudo bem. Não se culpe. Deus nos ama e nos compreende independente do estado em que estamos. Por outro lado, é sempre uma grande graça podermos unir nossas fragilidades à Sua força. Aliás, é assim que florescemos! Esta experiência faz brotar do nosso coração novas atitudes, pensamentos e atos impulsionados pelo amor que recebemos. E assim, sabendo que somos incondicionalmente amadas, podemos oferecer nosso melhor ao mundo e buscarmos nossos próprios sonhos, na certeza de que não estamos sozinhas, pois Deus está conosco e alivia nossos fardos. “Vinde a mim, vós que estais cansados, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). Alicerçadas nessa verdade, você e eu podemos vencer todo o cansaço e florescermos por onde formos!

* Dijanira Silva é missionária da Comunidade Canção Nova, autora dos livros “Tenha um ótimo dia! – Palavras de encorajamento e fé”, “Por onde andam seus sonhos?” e “Você Não está sozinha”, pela Editora Canção Nova, e apresentadora da Rádio América em São Paulo, e do programa “Florescer”, pela TV Canção Nova.

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