Até quando o livro sobreviverá?

Sandro Arquejada – Foto: Canção Nova

Uma data comemorativa nos motiva em um dia a fazer memória da relevância de um objeto, instituição ou pessoa, para a sua família, a sociedade, e o mundo. Assim, o Dia Nacional do Livro (29/10) é um momento propício para refletirmos sobre a importância da leitura, do conhecimento na formação da pessoa, na construção do pensamento e na educação dos seres humanos. Quanto vale o saber?

Podemos ter como referência o livro tradicional como conhecemos, o exemplar de papel, com capa, geralmente mais dura, e com ilustração ou mesmo fotos, entre vários outros formatos de livros que existem. Temos o livro digital ou e-book, e o livro áudio, ou seja, todo o conteúdo narrado. O fato é que nem tanto o livro em si ganha novos formatos, mas as novas tecnologias que avançam, e então surgem novas plataformas, aplicativos, aparelhos, que incorporam o livro. E esta é uma tendência para o futuro, embora não signifique o fim do formato tradicional, pois há muita gente que ainda prefira o livro físico.

Podemos refletir que talvez a maior ameaça aos livros, nos dias atuais, sejam os vídeos e textos curtos, que exploram apenas frases de efeito nas diversas mídias sociais. Mesmo havendo tanta disponibilidade de conteúdo que possui o mínimo de embasamento para determinada área, vemos que nem sempre há a intenção de levar informação de qualidade, pois muito do que está em plataformas como Youtube e outras similares e nos cards, está mais voltado para o entretenimento ou, infelizmente, para a disseminação de Fake News. Mas não podemos desconsiderar a facilidade do acesso a qualquer assunto no dia a dia. Por exemplo, se há alguma dúvida, no modo de fazer algo, até mesmo para acharmos alguma receita disso ou daquilo, recorremos a esses meios para aprender algo quase que instantaneamente.

Sendo assim é importante direcionarmo-nos ao passado, e rever como era a busca por conhecimento. Na antiguidade, o aprendizado se dava pela oralidade, pela observação e prática de determinado ofício, ou por meio de manuscritos e livros.

O livro era literalmente escrito à mão, unidade por unidade, em couro ou em papiro, que é uma folha de planta aquática (talvez, por isso chamemos o papel de folha), tratada e recortada para servir de página. Muitos eram escritos em formato de rolo, manuseado por duas hastes, uma em cada ponta, depois que surgiu o pergaminho. Para encontrá-los era necessário ir em bibliotecas, pois, dificilmente, uma pessoa possuía um livro em sua casa.

Com a invenção do papel e da impressão com os tipos móveis de Gutenberg, o livro se popularizou e ficou mais acessível. Foi a primeira revolução pela qual passou. Nisso vemos que não importa o formato, os tempos ou quais outras ferramentas necessárias para se adquirir conhecimento existam. O livro está consolidado há milênios como modo importante de adquirir o saber, e acredito que isso não mudará.

As tecnologias permitem que facilmente tenhamos acesso a um vídeo, texto, artigo, como este, que traz uma informação e discussão, mas que também, de forma breve, serve, num primeiro momento, para despertar um desejo de se aprofundar mais.

Dessa forma, quando se quer saber mais, conhecer mais substancialmente determinado assunto, o livro se faz necessário. Se quiser uma história, com detalhes, daquelas que aguçam a imaginação, o livro é sempre a melhor pedida. Muitos consideram uma experiência mais intensa do que assistir à versão em filme.

Outro aspecto a ser destacado é que, geralmente, o livro físico, de papel, gera um afeto em quem o lê, a pessoa quer levar, guardar aquele conteúdo. Principalmente aquele livro que foi mais relevante, que foi importante num momento específico na vida do leitor, que mudou algo em sua vida, fez a diferença. Aquele livro se tornou importante para ela, e acredito que haverá sempre pessoas que assim o elegem!

*Sandro Arquejada é missionário da Comunidade Canção Nova. É autor dos livros “Maria, humana como nós” e “As Cinco Fases do Namoro”, pela Editora Canção Nova.

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