Adolescentes, autoestima, família: como agir, o que pensar?

Elaine Ribeiro – Foto: Canção Nova

A adolescência é um tempo intenso, tanto pelo desenvolvimento físico, quanto neurológico, hormonal, social, afetivo e profissional. É um tempo de questionamento desse jovem sobre seu lugar no mundo.

Todas essas modificações podem vir acompanhadas de comportamentos envolvendo o humor alterado, tédio, desprezo pela família, raiva, ansiedade ou depressão, fome exagerada ou falta de apetite, alteração no sono, queixas sobre sua autoimagem, agressividade… São sinais de alerta para os pais.

É importante abandonar o pensamento popular que julga tudo isso como “frescura”, “aborrescência” ou para “chamar atenção”, até porque se esse jovem está buscando chamar atenção para si, algo não está bem com ele, não é mesmo?

O diálogo entre pais e filhos nem sempre é fácil, mas pode e deve ser desenvolvido. É muito importante os pais compreenderem o mundo em que seu filho vive, quais são os comportamentos dos jovens na atualidade, manias, ídolos, hábitos, abrindo espaço para um diálogo mais conectado à realidade deles. É importante retirar o filtro “na minha época era diferente”. Sim era diferente, era outro ano, outro cenário cultural, dentre outros fatores.

Nessa caminhada, a autoestima é uma importante aliada no desenvolvimento emocional saudável do seu filho. Uma autoestima protege crianças e adolescentes de situações como drogas, relacionamentos doentios e violentos, álcool, exposição a perigos desnecessários.

A autoestima envolve a visão sobre si, como nos percebemos, como cuidamos de nós e nossas emoções, bem como a percepção que temos de nossas capacidades. Esta visão de si pode ser alterada, distorcida a partir das influências pouco positivas obtidas em nossa infância, em nossa família, na escola e com os amigos.

Desta forma, um ambiente familiar invalidante, que coloca a criança numa situação humilhante ou excludente, que não valoriza as conquistas dela, que não tem diálogo, mas apenas discussão, pode efetivamente contribuir para essa baixa autoestima.

Muitas vezes, os pais, detidos pela rotina e pela correria do cotidiano, podem deixar escapar oportunidades de conversa, de observação de sinais diferentes em seu filho, de abraçar. O tempo não volta, então, é no agora que você muda sua atitude! Aquele papo que para você parece chato, para seu filho pode ser fantástico e diz do universo dele.

Pode ser que seu filho não tenha todos os talentos que você esperava, mas mesmo assim, ele é seu filho. Um elogio sincero e no momento certo sobre coisas que ele fez é muito saudável e melhor do que um “você não fez mais do que sua obrigação”. Elogios, bem como presentes, não são dados a todo momento, portanto você pode fazer isso no momento certo. É sempre muito bom reconhecer e ser reconhecido.

Inserido na realidade dos jovens, você pode ser apoio nos momentos de indecisão e acolher os insucessos que ele venha a ter, visto que estamos num mundo efetivamente competitivo. Lembre-se, pai ou mãe: em sua época você também teve desafios, mas aconteciam num outro contexto. Hoje temos uma comparação surreal, e um exemplo são as redes sociais, que causam alto impacto sobre a vida jovem.

Como o diálogo nem sempre é fácil, uma vez que é feito a dois, a conversa tem mão dupla. Se há apenas crítica, haverá fechamento. Se não há acolhimento, o jovem procura outro lugar onde seja acolhido.

O diálogo também permite o crescimento da consciência e da capacidade de avaliação do jovem, que ele manifeste seus pensamentos e até possa rever suas ideias. Não somos pais perfeitos e com manual de instrução, mas é possível buscar ajuda, ler e, acima de tudo, relacionar-se com seu filho, sua maior herança!

*Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.

Twitter: @elaineribeirosp

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