Volume 2 de livro completa o panorama dos cem anos da recepção póstuma de Machado de Assis por seus colegas de ofício

Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares 1939 2008 traz textos de grandes nomes da literatura brasileira.

Foto: Divulgação

Complementando o primeiro volume do livro, publicado pela Imprensa Oficial em 2019, que abrangeu o período de 1908 a 1939, o lançamento avança até o centenário da morte de Machado de Assis, em 2008. Organizado por Hélio de Seixas Guimarães e Ieda Lebensztayn, Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares 1939‑2008 reúne impressões de grandes vultos literários, tais como Ariano Suassuna, Oswald de Andrade, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, entre outros.

No decorrer das páginas, o leitor vai se deparar com os mais abertos enaltecimentos à obra e ao próprio escritor, e também com ferrenhas críticas protagonizadas por seus sucessores. O segundo volume arremata a construção de uma personalidade pública atribuída à Machado de Assis pelos seus contemporâneos e por aqueles que vieram depois dele. “Exercitando a imaginação, e muitas vezes apoiados nos estudos biográficos também bastante calcados nela, quando não em pura fantasia, os escritores vão compondo uma personagem complexa. Assim, aplicam-se qualificativos os mais diversos, muitos deles não exatamente elogiosos (…). ”, escrevem os organizadores no prefácio.

Entre as questões levantadas pela obra está o alto padrão de exigência estabelecido por Machado e da alçada do escritor a um personagem quase mítico no imaginário da sociedade brasileira, que fez com que muitos de seus sucessores afirmassem sentir um grande peso das comparações durante todas as suas carreiras. “Nas homenagens que hoje tributam a Machado de Assis há com certeza, junto à admiração dos que o leram cuidadosamente, muito de respeito supersticioso, respeito devido às coisas ignoradas. Visto a distância, desumanizado, o velho mestre se torna um símbolo, uma espécie de mito nacional. Com estátuas e placas nas ruas, citado a torto e a direito, passará definitivamente à categoria dos santos e dos heróis”, resume Graciliano Ramos em artigo originalmente publicado em 1939 na Revista do Brasil, por ocasião do centenário de morte.

Algumas das polêmicas em torno de Machado são igualmente debatidas, como o seu silêncio em relação à infância, o suposto posicionamento abstencionista aos grandes movimentos sociais e políticos do seu tempo, até a clássica e perpétua dúvida de se Capitu teria realmente traído Bentinho.

A seleção de escritos apresentada na edição compreende mais de 70 autores e é resultado da abrangente pesquisa realizada na Fundação Casa de Rui Barbosa, Biblioteca Nacional, Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, Instituto de Estudos Brasileiros e Biblioteca Florestan Fernandes, tendo como guia os cadernos de recortes de Plinio Doyle; além de textos extraídos de livros.

SOBRE OS ORGANIZADORES

IEDA LEBENSZTAYN é crítica literária, pesquisadora e ensaísta, preparadora e revisora de livros. Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada e doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo. Fez dois pós-doutorados: no Instituto de Estudos Brasileiros, IEB‑USP, sobre a correspondência de Graciliano; e na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin/ Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, BBM/FFLCH‑USP, a respeito da recepção literária de Machado de Assis. Autora de Graciliano Ramos e a Novidade: o astrônomo do inferno e os meninos impossíveis (São Paulo: Hedra, 2010) e organizadora, com Hélio de Seixas Guimarães, de Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares — 1908‑1939 (IMESP, 2019). Também organizou, com Thiago Mio Salla, os livros Cangaços e Conversas, de Graciliano Ramos, publicados em 2014 pela Record. Colabora no caderno “Aliás” de O Estado de S. Paulo.

HÉLIO DE SEIXAS GUIMARÃES é professor livre‑docente na Universidade de São Paulo e pesquisador do CNPQ desde 2008. Pesquisador associado da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, atualmente desenvolve estudos sobre tradução e recepção internacional da obra de Machado de Assis e o processo de consagração literária no Brasil. É editor-chefe da Machado de Assis em linha: revista eletrônica de estudos machadianos. Mestre e doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp, tem pós-doutoramentos na Universidade de Manchester (Reino Unido, 2007) e na Fundação Casa de Rui Barbosa (Rio de Janeiro, Brasil, 2015‑ 2016). É autor de Machado de Assis, o escritor que nos lê (Editora Unesp/Fapesp, 2017) e Os leitores de Machado de Assis: o romance machadiano e o público de literatura no século 19 (Nankin/Edusp, 2004; 2a ed. 2012), entre outros livros e artigos. Organizou, com Ieda Lebensztayn, Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares — 1908‑1939 (IMESP, 2019). Em 2012, foi professor visitante no Departamento de Espanhol e Português na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), e em 2018 foi Tinker Visiting Professor na Universidade de Wisconsin, em Madison, Estados Unidos. Prêmio Jabuti 2005, categoria Teoria e Crítica Literária.

SERVIÇO:

FORMATO: 15.5 × 22.5 cm

PÁGINAS: 612

PREÇO: R$ 90

BROCHURA

ILUSTRAÇÕES: CARICATURAS DE J. BOSCO

FOTOGRAFIAS: COL. JOSÉ MEDEIROS / COL. THOMAZ FARKAS – (ACERVO DO INSTITUTO MOREIRA SALLES

Foto: Divulgação

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