Canoístas enfrentam o desafio de remar 75 km na XIII Volta à Ilha de Santo Amaro de Canoas Havaianas no próximo dia 12 de março

Prova é a mais longa do mundo na Canoagem Oceânica e terá 20 equipes.

Volta à Ilha de Santo Amaro (RS) realizada em 2014 – Foto: Douglas Aby Saber

Volta à Ilha de Santo Amaro (RS) realizada em 2014 – Foto: Douglas Aby Saber

Prova mais longa do Mundo na canoagem oceânica, o 13º Desafio Onbongo Volta à Ilha de Santo Amaro de Canoas Havaianas está confirmado para o próximo dia 12. Nesta edição, serão 20 equipes, a maior participação até hoje, enfrentando os 75 km de percurso, entre mar, trecho de rio e do Porto de Santos, numa disputa de resistência, força e estratégia.

Os atletas largarão na praia da Aparecida em Santos, e circundarão toda a ilha onde fica Guarujá, passando pelo Rio Bertioga. Cada equipe terá nove competidores, sendo seis na canoa e três para o revezamento (indo no barco do apoio), feito em qualquer ponto do trajeto, com a embarcação em movimento, garantindo ainda mais emoção à competição.

“A cada ano temos procurado aumentar o número de equipes e, desta vez, passamos de 14 para 20. As vagas foram preenchidas rapidamente e com muita facilidade, porque o esporte tem crescido muito”, destacou o organizador do evento e um dos principais entusiastas da canoa havaiana. “Que tenhamos registro, esta é considerada a maior prova do mundo, feita direta, sem parada e no mesmo dia”, disse.

Responsável pelo desenvolvimento da canoa havaiana em várias partes do Brasil, Fábio Paiva destaca particularidades da prova, que hoje tem como recordistas os bicampeões da equipe Samu Team Brasil, com incríveis 5 horas 52 minutos e 3 segundos. “É sem dúvida a prova muito mais difícil do que qualquer outra. Muito complexa e começa com a seleção dos nove atletas. Os apoios também são fundamentais, pois ficam horas no barco e se enjoarem, atrapalharão todo o trabalho”, afirma.

Volta à Ilha de Santo Amaro (RS) realizada em 2014 – Foto: Douglas Aby Saber

Volta à Ilha de Santo Amaro (RS) realizada em 2014 – Foto: Douglas Aby Saber

“Lógico que o preparo físico conta bastante, mas o emocional e a estratégia são fundamentais. Todos que já fizeram esta prova são unânimes em dizer que entramos uma pessoa e saímos outra”, complementa Paiva, ressaltando a participação de equipes da Bahia e do Distrito Federal (treinam no lago Paranoá). Também participarão times de Santa Catarina e Rio de Janeiro, além dos paulistas.

Outra atração é a equipe Imua Loucaos, só com atletas da categoria júnior, dos 13 aos 18 anos, com destaque para o campeão de SUP infantil, Guilherme Cunha, de 13 anos. Ainda entre os destaques, o experiente canoísta de Bertioga, da equipe Brucutus, Everdan Riesco, presente em todas as edições do evento. Em disputa as categorias open masculina, feminina, mista (sempre três homens e três mulheres na canoa) e master.

A prova terá concentração, início e final em frente ETEC Dona Escolástica Rosa, à Avenida Bartolomeu de Gusmão, 111, na Praia da Aparecida, próxima ao Canal 6. A largada será no estilo “Le Mans”, com as canoas saindo da areia, às 9h30. O primeiro trecho será pelo mar, com cerca de 40 km, passando por todas as praias de Guarujá. O restante será em águas calmas pelo Canal de Bertioga até o Porto e depois para a chegada. As equipes que não chegarem ao Forte de São João, em Bertioga, até 14h30, terão a participação encerrada.

PROJETO SOCIAL – Junto às disputas no mar, o 13º Desafio Onbongo Volta à Ilha de Santo Amaro terá uma função social. Todas as equipes doarão latas de leite Nan, Sustagem ou Nutren Kids, que nesta edição serão entregues para a Abraccii – Associação Brasileira de Apoio e Combate ao Câncer Infanto-Juvenil. “Todos os anos colaboramos com uma entidade que faz um trabalho social na comunidade e teremos uma premiação especial para a equipe que trouxer mais latas de leite Nan, Sustagem ou Nutren Kids. Em todas as edições sempre damos muita atenção ao projeto social e a receptividade é muito boa”, anuncia Carla Greco, da organização do evento.

13º Desafio Onbongo Volta à Ilha de Santo Amaro de Canoas Havaianas tem os patrocínios de Caiaques Opium Hightec, Onbongo, Embraport e Farma Conde. Apoio: Semes (Promifae), Prefeitura Municipal de Santos, FMA Notícias, 98 FM, Vit Shop, Panificadora Rainha da Barra, Thiago Árias Personal Studio & Pilates, Navega São Paulo Praia Grande, IDK – Instituto DAKPA, Capitania dos Portos, Praticagem e Corpo de Bombeiros. Organização da Canoa Brasil, com supervisão da Abracha – Associação Brasileira de Canoa Havaiana.

Volta à Ilha de Santo Amaro (RS) realizada em 2014 – Foto: Douglas Aby Saber

Volta à Ilha de Santo Amaro (RS) realizada em 2014 – Foto: Douglas Aby Saber

História começou há 3 mil anos com os polinésios

As canoas havaianas chegaram ao Brasil no final do ano 2000 e logo ganharam espaço, inclusive com competições, criadas por Fábio Paiva, que iniciou um trabalho de popularização da modalidade através de núcleos. Utilizadas há três mil anos pelos povos polinésios, as embarcações, também conhecidas como Outriggers, ou canoas polinésias, foram usadas como meio de transporte e pesca na Polinésia, sendo responsáveis pela colonização das ilhas do Pacífico, principalmente o Havaí, Bora Bora, Ilha de Páscoa.

Os barcos eram extremamente simples, funcionais e versáteis. Feitos com ferramentas rudimentares de pedras, ossos e corais, dois grandes pedaços de árvore Koa eram unidos e ganhavam uma vela central, feitas de fibra de coco. Recebiam o nome de Hokule’a e, apesar da aparência frágil, eram muito mais velozes do que as grandes caravelas dos conquistadores europeus.

Outros barcos menores, com apenas um casco (um tronco), eram utilizados em travessias menores e transporte local. Eram as famosas canoas, que até os dias de hoje são utilizadas nos mares da Polinésia, no Havaí e têm estreita relação com a cultura do surf.

Atualmente, são usadas em competições por todas as partes do mundo e também para pegar ondas, sobretudo nas ilhas havaianas. O pai do surf moderno, Duke Kahanamoku, era um exímio remador e aproveitava as épocas de pouca ou nenhuma onda no Havaí para remar.

Hoje, só o material de fabricação e, claro, as técnicas, mudaram. A fibra de vidro substituiu a madeira Koa, em função à proteção ao meio ambiente, ganhando cores variadas e claro, dando um visual fantástico na água. Longas, elas medem 14 metros, tem apenas 50 cm de largura e um estabilizador lateral (chamado de ama), fixado por dois suportes (os yakos).

Nesse esporte, o fundamental é o sincronismo, as remadas compassadas, a sinergia entre todos os participantes, o famoso espírito Aloha, para que a canoa tenha um bom desempenho. Pode ser praticada em qualquer idade, por sua facilidade de adaptação. Tanto que Santos hoje conta com um projeto da Secretaria de Esportes para a Terceira Idade.

 A embarcação conta com seis remadores e cada um tem uma função específica. O nº 1 ou voga (quem fica na frente), por exemplo, dá o ritmo do barco. Já o nº 6, ou leme (que fica na outra extremidade), é o responsável pela direção do barco.

Para conhecer mais:

Remador 1: fica na parte dianteira da canoa, responsável pelo ritmo e frequência das remadas, determinada se são mais curtas ou mais longas;

Remador 2: segue o remador 1, determina o ritmo para os remadores 4 e 6, vigia do iako dianteiro, pois uma oscilação brusca pode virar o barco;

Remador 3: responsável pela contagem do ritmo de remadas e a cada 20 ou 25 movimentos tem de puxar o coro “Hip Ho”;

Remador 4: sua tarefa é vigiar o Iako traseiro, com o máximo de cuidado, para evitar a oscilação da canoa;

Remador 5: quando necessário, tem a função de retirar com um balde a água que se acumula no interior do barco;

Remador 6: é a função mais importante da canoa, porque fica posicionado na parte traseira, o último homem funciona como o leme do barco. É ele que altera a direção e escolhe o melhor rumo. É responsável também pelos gritos de incentivo aos colegas.

Va’a – nome da canoa na língua havaiana

Ka’ ale – casco da canoa

Hoe – remos

Ama – braço lateral que dá estabilidade à canoa

Iakos – hastes dianteira e traseira de suporte da Ama

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