Aruanã Etô – É o lugar das máscaras!

Grupo Acaba – Foto: Divulgação

Quantas penas brancas que se movimentam,

Nesse lago de lama, nessa lama sem pena,

Essa pena tão branca enfeitou o meu chão,

Decorou o meu céu, pintou minha planta.

Ainda criança aprendi o caminho dos pântanos.

Embora sem pena…Aprendi a voar.

Sua asa tão linda abraçou o espaço,

Desenhou meu retrato pra ficar nessa terra,

Era uma noite de quarta-feira quando foi realizada a solenidade em edição especial do Prêmio Marçal de Souza Tupã Y, alusivo aos 30 anos da morte do líder indígena A escolha dos nomes passou pelo crivo da Comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos, presidida pelo deputado Laerte Tetila, que analisou as biografias e históricos das pessoas indicadas.. Marçal, deixou sua marca registrada não só na cultura indígena guarani, mas ao povo sul-mato-grossense, pela luta incansável, que inclusive o fez abraçar a morte. Evidentemente que numa solenidade desta magnitude, não aconteça mais; mormente, não poderá ser esquecida, até porque talvez não tenhamos mais algo parecido. Todavia, ainda podemos exaltar a trajetória de pessoas reconhecida, por dedicar ideais e suor à preservação da fauna e da flora do Pantanal e da cultura regional.

Naquela noite, o grupo Acaba, emocionou o público, durante a premiação, ao cantar duas de suas emocionantes melodias: “Pássaro Branco”, que é a exordial deste artigo, e “Kananciuê”, que levou o público presente naquela noite, a cantar em uníssono. Incrivelmente vivemos em um tempo em que usar a máscara carrega sua essencialidade primorosa e que em algum momento de sua inspiração o Grupo Acaba já dizia. O sistema intercancional do rito se estrutura de acordo com um modo de concepção do tempo, ou seja, as músicas operam como se fossem dispositivos organizadores da temporalidade. Provável que não tenhamos solenidades como aquela por um bom tempo, mas podemos homenagear um grupo que por mais de meio século vem lembrando da imperiosidade de se preservar o meio ambiente e as relações pessoais entre os seres humanos.

Criado em 1969, teve desde o início o intuito de pesquisar, desenvolver e divulgar o folclore de Mato Grosso do Sul, tendo o Pantanal como um tema natural.  Nestas mais de cinco décadas de existência, os integrantes do “Acaba” já participaram de muitos festivais e encontros, além de gravações em discos próprios ou em participações especiais em “Grupo Acaba, canta-dores do Pantanal”, “A música regional do Brasil”, “Prata da casa”, “Última cheia”, “Canto das Águas do Mel”, “Caramujo som”, “Mato Grosso do Som – Mapeamento musical de MS”, “I Festival do Mercosul” e “Pantanal”, entre outros. Serão sempre lembrados como os “Cantadores do Pantanal”: Francisco (percussão e voz) – publicitário e empresário; Moacir (percussão e voz) – engenheiro e professor; José Charbel (violão, viola, tumbadora e voz) – engenheiro e empresário; Vandir (violão, craviola e voz) – contador; Antônio Luiz (baixo acústico e voz) – comerciante; Alaor (violão e voz) – pecuarista; Jairo (violão e voz) – agrônomo; Adriano Praça (flauta, sax, voz e efeitos) – professor; e Eduardo (bateria, voz e efeitos) – publicitário. Finalizo com as frases melódicas reais, ternas e eternas: “Nada vive muito tempo, só a terra e as montanhas”. “Ninguém quer mais a paz do que eu na caminhada final”. Que Deus continue a iluminar estes artistas que cantam as dores do Pantanal. E mais atual que nunca, renovarmos toda a esperança que restou, e andando lado a lado, sentir outra vez, pulsante, a vivacidade da vida, de frente para o leste, em direção ao sol nascente: Vem ver o que resta de seu povo…Kananciuê!

*Articulista

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