Organizações da sociedade civil repudiam fala do presidente Jair Bolsonaro sobre auxílio emergencial

Presidente Jair Messias Bolsonaro – Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O movimento Renda Básica que Queremos, formado por quase 300 organizações sociais, repudia a fala do presidente Jair Bolsonaro que, na manhã desta terça-feira, afirmou a seus apoiadores, em Brasília, que “quem quer mais auxílio é só ir ao banco fazer empréstimo”. Com essa fala, o presidente mostra que desconhece ou faz pouco da situação de miséria e fome a que muitos brasileiros estão expostos. Só para refrescar a memória dos que, como ele acreditam nisso, o auxílio emergencial, aprovado em abril do ano passado foi capaz de:

– Injetar R$ 294 bilhões na economia, creditados para mais de 68,2 milhões de pessoas que receberam ao menos uma parcela. Pesquisas indicam que 53% desse total foram destinados à compra de mantimentos.

– Em setembro do ano passado, quando foi reduzido à metade, o auxílio afetou diretamente as redes de supermercados, provocando queda de 10% nas vendas, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas).

– Este ano, 29 milhões de pessoas ficaram fora do auxílio emergencial. Além disso, o benefício teve seu valor reduzido e contemplou 39 milhões de brasileiros, segundo levantamento feito por meio da campanha #auxilioateofimdapandemia, a partir de dados divulgados pelo Ministério da Cidadania.

O presidente destacou ainda que o Brasil diminuiu a pobreza com o auxílio emergencial e criticou quem pede mais parcelas do benefício. Ele também aproveitou para desqualificar as medidas de isolamento social, seguidas por governadores e prefeitos, para enfrentar a pandemia. Jair Bolsonaro disse: “não mandei ninguém ficar em casa”. Sobre essa fala, o movimento Renda Básica que Queremos informa que:

– Dados do IBGE revelam que 52,7 milhões de brasileiros vivem na pobreza ou na extrema pobreza.

– Pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que um em cada quatro brasileiros teve menos comida à mesa nos últimos meses da pandemia. Dos entrevistados ouvidos, em 146 municípios, 88% revelaram que têm a percepção de que a fome aumentou no país.

– A taxa de desemprego no país alcançou 15,1% em março deste ano, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com base na Pnad do IBGE.

– A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em levantamento feito recentemente, revelou que o Brasil, para recuperar a economia, precisa de mais medidas para controlar a pandemia. Entre as medidas, essa entidade lista: acelerar a vacinação, controlar a inflação (que este ano deve ficar acima de 5,25%, meta estabelecida pelo Banco Central) e prestar apoio às famílias mais vulneráveis.

Os organizadores do movimento Renda Básica que Queremos lembram que o auxílio emergencial foi uma conquista da sociedade civil, após intensa pressão para que o governo adotasse medidas que preservassem os mais vulneráveis durante a pandemia. E que o benefício, nas bases em que foi aprovado no ano passado (R$ 600 e R$ 1200 para mãe-solo) permitiu que as pessoas preservassem suas vidas e não fizessem parte da lista dos mais miseráveis que passam fome.

O movimento lamenta falas tão equivocadas em um momento em que o país teve, até ontem, 462.996 mil mortos por Covid-19, sendo que os últimos três meses foram os mais mortais desde a chegada do vírus ao país. Além disso, a vacinação até ontem não havia imunizado nem 20% da população, estamos à espera de uma terceira onda de contaminação e o auxílio emergencial pagará a última parcela em julho.

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