Melhoria na medição acaba com truque para ter GNV grátis no reabastecimento

Encher o tanque de noite perdeu o sentido com mudança na forma de cobrança

Agora não vale a pena madrugar para reabastecer com GNV (Foto: Divulgação)

Você já reparou como os postos de GNV ficam mais cheios à noite, a ponto de formar filas? Isso se dava por uma característica da forma como o gás veicular era cobrado, permitindo que entrasse mais combustível pelo mesmo preço.

Só que isso acabou com uma mudança nos postos. O lado bom é que o dono de carros adaptados ainda sai vencendo com a novidade.

Até o ano passado o GNV era sobrado pelo metro cúbico. Só que essa unidade tem uma variável, a densidade. Quanto mais denso o gás, mais moléculas dele ocuparão o mesmo m³. Para dificultar, o Combustível é comprado pelo posto em kg, que o revendia em metros cúbicos.

“A conversão do valor em massa (kg) para volume (m³) é feita em função do valor da densidade daquele lote de GNV, que é informado pela concessionária (fornecedora do gás). Normalmente o valor varia entre 0,76 kg/m³ a 0,79 kg/m³, a 20°C. O valor era registrado na bomba que abastece os veículos, que faz a conversão automaticamente”, explica o Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) de São Paulo.

Fiat Grand Siena com GNV

As fabricantes não são obrigadas a informar a capacidade dos tanques em kg (Foto: Divulgação)

E aí entrava o “truque” de abastecer no fim do dia. Se a temperatura estiver abaixo de 20º C, o GNV ficará mais denso. Mas, como o dispenser (equipamento que faz a medição do gás enviado para o carro) está configurado para outra densidade, existia a possibilidade de entrar mais combustível no carro do que o cobrado pelo posto. A diferença, porém, era pequena e acabou a partir deste ano, com a troca da unidade de medida por kg.

“Na prática apenas nas noites particularmente frias poderia haver, em tese, alguma vantagem. De todo modo, com a medição em quilogramas isso deixa de fazer sentido, pois a medição de massa no dispenser não sofre interferência da temperatura”, analisa o Ipem-SP. Agora todos os dispensers foram recalibrados para a densidade 1, e não podem mais ser modificados, e a cobrança do GNV passa a ser feita em kg.

Isso não vai impactar no preço do combustível, que foi ajustado. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo) o m³ do GNV no Brasil custava R$ 3,029 em agosto. Pelo novo padrão 1 kg do gás tem 1,305 m³, então custaria, portanto, R$ 3,952.

O que pode parecer é que está entrando menos combustível no tanque: um veículo que composta 15 m³ de gás só poderá ser reabastecido com 11,5 kg de GNV.

Mais importante é o aumento de confiabilidade no posto e a consequente redução no risco de fraudes, já que “uma vez que os fatores de conversão (densidade, temperatura), que poderiam ser manipulados, serão suprimidos”, conclui o Ipem-SP.

E se você é fã do abastecimento à noite não precisa desanimar. O combustível “grátis” acabou, mas as menores temperaturas ainda permitem que entre mais GNV no tanque do carro. O que mudou é que agora você vai pagar sempre por ele.

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