Covid acelera inovação e soluções sustentáveis para cidades inteligentes

Debatedores do INOVACITY Digital apontam momento pós pandemia como marco para criação de novas soluções urbanas de qualidade para moradores e eficiência na gestão

Rio de Janeiro (RJ) – Muito além do home office, do ensino à distância e da telemedicina, a COVID-19 pode deixar importante legado para os centros urbanos, com soluções criativas na melhoria da qualidade de vida do cidadão, e também nas atividades de gestores. “Não tenho dúvida de que a COVID foi a maior aceleradora de todos os tempos”, disse em debate sobre cidades inteligentes, o Secretário Executivo de Inovação Urbana da Prefeitura de Recife (PE), Tulio Ponzi, fazendo um paralelo entre a urgência de ações que a pandemia trouxe e o trabalho de investimento que empresas de capital de risco fazem para acelerar o desenvolvimento de startups. O debate aconteceu no encerramento do segundo dia do INOVACITY Digital, em que também participaram representantes dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Foto: Divulgação

Entre os principais consensos sobre o legado da pandemia na inovação tecnológica para as cidades, os gestores públicos apontaram a relevância na ajuda financeira aos vulneráveis, a adoção de sistemas geolocalizadores para auxílio no combate a aglomerações, e principalmente experiência sobre como fomentar ambientes mais inovadores, produzir políticas públicas com essas finalidades e criar ambientes regulatórios mais eficientes. “Percebemos a distância entre os invisíveis não digitalizados e a dificuldade da tomada de crédito, com milhões de pedidos de garantias, que praticamente inviabilizam os processos de suporte aos mais vulneráveis”, identificou Leany Lemos, secretária de Estado de Planejamento Orçamento e Gestão e Coordenadora do Comitê da Dados do Estado do Rio Grande do Sul.

Além dos inovadores, representantes da academia, do mercado, de instituições empresariais também apontaram que mais do que uma enxurrada de tecnologia invadindo grandes cidades, ou inovações transformando pequenos munícipios em polos futuristas, na retomada pós pandemia terão mais força as soluções criativas, baratas, de fácil implementação, e embasadas em pilares da sustentabilidade.

“Tudo o que a gente achava que sabia sobre as desigualdades sociais no Brasil, ficaram ainda mais evidentes durante a pandemia e nos sacudiram. A questão do saneamento foi mais explicitada, a sub moradia, e ainda o transporte público que deveria ser de qualidade e acessível, e não é. Não atende a população de baixa renda em longos deslocamentos e não atende as atuais exigências sanitárias, devido às super lotações”, elencou Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), apontando que boa parte das “soluções” deverão vir a partir das concessões de infraestrutura (saneamento), adaptações no transporte e inovações voltadas para a redução de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), necessária para reduzir as mudanças climáticas.

Segundo Clarisse Linke, diretora executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), há uma preocupação neste momento, em que há uma forte retomada do carro individual, no desconfinamento pós quarentena, e uma falta de confiança nos serviços públicos de transporte. Porém, vários países europeus aceleraram projetos de incentivo do uso de bicicleta. “É um modal barato, de fácil implementação, e vários países latino americanos estão acelerando planos de construção de ciclovias e benefícios para uso de bicicleta. São soluções rápidas que as grandes cidades estão utilizando para evitar maior migração para carros individuais enquanto ainda não sentem segurança para retomada do uso de transporte público”.

Segundo Tomás de Lara, Cofundador do Cidade +B, que reúne mais de cem cidades no mundo que estão desenvolvendo planejamentos urbanos conectados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o momento pós pandemia tem representado no mundo todo um momento de repensar as cidades de forma mais sistêmica. Há acordos municipais, em nível estadual e entre países buscando conhecer melhor impactos ambientais e sociais de suas grandes cidades. “É importante fazer avaliações sobre a qualidade vida e satisfação dos habitantes, medir a emissão de gás carbônico, entender o ciclo energético, e como é escoado o lixo. É um papel do poder executivo local, do poder legislativo, mas também do empresário, do construtor e da sociedade em geral”, disse.

Realizado pela INOVACITY e Startup Grid, em correalização com a UIA 2021 RIO Expo, Makemake e a Bonita Produções, conta com o apoio de parceiros como o ProUrb da UFRJ, LABMOB, Consumoteca, 5Era, Circo Crescer e Viver, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, Cubo/Itaú, Porto Digital, ACATE, Elephant, Distrito, RKF, Alter Comunicação e uma ampla rede de cidades apoiadoras incluindo a Prefeitura da Cidade de Olinda, a Prefeitura de Florianópolis e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

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