Cryptosporidiose: a vilã do seu rebanho e do bolso do pecuarista

Foto: Divulgação

Os produtores geralmente estão muito familiarizados com a diarreia causada por bactérias como E. coli, rotavírus ou coronavírus. No entanto, infecções parasitárias como criptosporidiose são menos conhecidas. Na prática, a diarreia é uma das principais causas de morte em bezerras. É também uma das causas mais importantes de perdas no desenvolvimento, razão suficiente para prevenir a diarreia causada por Cryptosporidium parvum e para resolver ativamente os problemas que surgem. O que é o Cryptosporidium parvum? Como a criptosporidiose causa diarreia? Quais são os sintomas? E o mais importante, como os criadores podem prevenir e tratar a criptosporidiose? Contei com a contribuição de veterinários da Cargill Nutrição Animal – Nutron, que nos ajudam a tratar com ainda mais detalhes, esta doença, trazendo a profundidade e o conhecimento necessários para o pecuarista.

O Cryptosporidium parvum é um parasita intestinal unicelular, ou seja, um organismo que vive e se reproduz às custas de outro organismo vivo. Esse protozoário pode causar diarreia em bezerros entre 5 e 21 dias. E, esta diarreia será, em sua maioria, consistente de fezes moles e, aquosas com ocorrência em mais de três vezes ao dia.

O motivo desta doença causar diarreia é porque as vacas, excretam os ovos desenvolvidos a partir do parasita de Cryptosporidium parvum através de suas fezes. Estes pequenos ovos também são conhecidos como oocistos. E, durante este processo, as bezerras podem ser infectadas com o microrganismo Cryptosporidium parvum, de forma a ingerir os oocistos nas fezes. Além dessa forma, a infecção pode também ocorrer de forma indireta, através de águas superficiais e alimentos como o leite. Os esporozoítos do oocisto são liberados no intestino delgado e aderem às células epiteliais do trato gastrointestinal, danificando a superfície celular. A superfície celular danificada causa maior permeabilidade intestinal, interrompendo o transporte de nutrientes. A mucosa intestinal secretamente ativa a água e o exsudato, o que causa as fezes moles, ou seja, diarreia. Uma proporção dos oocistos são eliminados através das fezes. O restante permanece no corpo, com potencial para reinfectar o animal.

Mas, como saber se minhas bezerras estão infectadas? As bezerras que já estão contaminadas com esse parasita nem sempre vão parecer que estão doentes. Por esse motivo, o parasita também é conhecido como assassino silencioso. E, para dificultar um pouco mais a investigação da doença, alguns animais que tiveram a doença, podem ainda excretar os parasitas, mesmo que não estejam mais doentes. Por isso, é muito importante estar atendo aos primeiros sintomas apresentados pelas bezerras infectadas, que são: apatia e falta de apetite. Além disso, os animais produzem uma diarreia semi líquida verde amarelada, que por vezes podem até conter sangue. Vale salientar que a diarreia é muito prejudicial ao rebanho pois ela desidrata os animais e, causa perda de peso de forma persistente por alguns dias. Além de algumas bezerras apresentarem febre leve. No entanto, eles não são sintomas exclusivos de criptosporidiose, o que dificulta a distinção entre o parasita Cryptosporidium parvum e outras causas de diarreia. Além disso, metade das infecções envolve uma combinação de diarreia viral, bacteriana e algumas relacionadas a erros de origem nutricionais.

Fig. 1. Prevalência mais comum das causas de diarreia neonatal de acordo com a idade em dias (Naylor, 2002).

O tratamento deve começar quando um veterinário diagnosticar a presença do protozoário. No entanto, isso não é fácil. Oocistos de parasitas de Cryptosporidium parvum têm fortes paredes celulares, assim, eles acabam sendo muito resistentes a todos os tipos de influências externas. As opções terapêuticas para o tratamento da criptosporidiose são limitadas e a vacinação de vacas secas no final da gravidez para aumentar os anticorpos no colostro não tem efeito. No entanto, existem produtos no mercado que inibem o crescimento do parasita.

Além disso, os efeitos da diarreia causada pelo parasita podem ser tratados. Mas, é importante ressaltar que a desidratação é a principal causa de morte devido à diarreia, pois faz com que o bezerro perca uma grande quantidade de líquidos e eletrólitos.

Para auxiliar no reequilíbrio, são indicados suplementos eletrolíticos como o NURTURE

LYT que melhoram o equilíbrio de eletrólitos e ácido básico, reduzindo a diarreia e melhorando o estado geral do animal enfermo.

Fig 2- Características de diarreia em bezerras conforme o agente patológico

(adaptado de Millemann, 2009)

Atuar na prevenção é sempre a melhor saída. Uma vez que o parasita Cryptosporidium parvum não pode ser tratado diretamente, é importante evitar a infecção que ele produz. Além de os bezerros serem infectados pelo parasita no nascimento, a infecção também é causada por fatores ambientais. Portanto, a higiene e desinfecção desempenha um papel importante na prevenção dessas infecções.

Uma boa higiene começa no momento do nascimento. O local do parto deve estar limpo e ter palha seca. Se a vaca precisar de ajuda para parir, verifique se os materiais utilizados foram desinfetados e não se esqueça que a higiene pessoal, como roupas de trabalho limpas e mãos desinfetadas, também são importantes. Certifique-se de que o bezerro seja rapidamente colocado em um ambiente limpo e desinfete o umbigo para reduzir, na medida do possível, o risco de infecção por esterco. O bezerro recém-nascido precisa de acomodação individual em um ambiente limpo e seco. Após a limpeza, as baias individuais dos bezerros devem permanecer vazios por um tempo antes de serem utilizados para outro animal. Assim, o risco de infecção é reduzido. Hospedar bezerros individualmente durante as primeiras semanas reduz muito o risco de ser infectado por outros bezerros. Além disso, o bezerro deve ser supervisionado de perto.

Durante as primeiras semanas de vida, sua resistência a doenças ainda não se desenvolveu completamente, o que a torna uma presa fácil para os parasitas. Uma quantidade suficiente de colostro de alta qualidade deverá garantir que o bezerro seja mais resistente ao parasita. Além disso, a administração de colostro suficiente garante um alto nível de imunidade e, portanto, uma menor probabilidade de contrair doenças.

Sem a antecipação na prevenção e, ou, redução de contágio as consequências podem ser muito expressivas para os criadores e, a curto prazo. Podemos aumentar os gastos com trabalho extra, despesas adicionais devido ao tratamento veterinário e alta mortalidade. No caso de um surto de diarreia causado por Cryptosporidium parvum, essas despesas podem variar entre R$ 80 e R$ 280 por animal. A longo prazo, a diarreia causada por esta infecção pode afetar o desenvolvimento das novilhas. Eles podem ter seu primeiro parto mais tardiamente e ter um atraso no desenvolvimento corporal. Novilhas bem desenvolvidas serão mais produtivas, uma razão para evitar essas consequências negativas é agir contra o Cryptosporidium parvum preventivamente, investindo em acomodações e higiene adequadas.

Consulte sempre o seu veterinário para fazer o diagnóstico correto e iniciar as prevenções e tratamentos o mais breve possível

*Cesar Aleixo, Gerente de produtos Lácteos da Cargill Nutrição Animal

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