“Ca…ndo e andando…”

“Não tô nem aí, não tô nem aí…” Como um político corumbaense da década de 1980, que fazia questão de bradar aos quatro ventos que seus votos já tinham sido previamente bem pagos, e, portanto, nada de reivindicações ou reclamações de seus eleitores porque seu mandato já estava quitado. É dessa maneira que se comporta o “m…dito”, que seu rebanho prefere chamar de “mito”, e sem qualquer compromisso ético ou solidariedade vai “ca…ando e andando”, louco (nos dois sentidos) para ver concretizada a sua (toc, toc, toc!) “profecia” de ter atingida, segundo ele, a marca dos “trinta mil mortos” que a sua “redentora” (que neste 1º de abril fez 56 anos de seu nefasto golpe) ficou devendo para os seus idolatras.

Não é que este infeliz psicopata conseguiu superar o seu nefasto (sic) “mito” Donald Trump em maldades contra a base da pirâmide social? Feito um sórdido esquizofrênico, obcecado pelo fracasso do distanciamento/isolamento social, vem dedicando os últimos três finais de semana para realizar atos flagrantemente contrários às medidas de contenção do vírus que aterroriza toda a humanidade. Age não como o dignitário deste país, mas um atroante irresponsável à procura de holofotes, no afã mesquinho de que “falem bem ou  mal, mas falem de mim”.

Além de promover atos criminosos contra a saúde pública (e mental) em pleno período de isolamento social para conter a expansão de uma pandemia temível — até porque a ciência ainda não teve tempo de obter resultados consistentes de pesquisas feitas a toque de caixa —, usa o mais alto cargo da República para conspirar contra o patrimônio maior de uma nação, a vida de sua população, editando decretos e incentivando ações contrárias às medidas adotadas pelas autoridades sanitárias, muitas delas lotadas no Ministério da Saúde, portanto, do Estado brasileiro e, por extensão, vinculadas ao próprio (des)governo chefiado por ele.

Se isso, por si, já bastasse para interditar esse candidato a hóspede do Pinel do Rio de Janeiro, mesmo depois de ter seus decretos decrépitos anulados em boa hora pela Justiça, sua total falta de noção o leva a delinquir em pleno exercício do cargo, feito um Napoleão Bonaparte de manicômio, com os canhões voltados contra si e, pior, contra a população, que nada tem a ver com o seu desvario: vem promovendo e incentivando aglomerações pelas principais vias públicas de Brasília e outras capitais do país, em manifestações contra o enfrentamento à pandemia nos últimos três finais de semana, mesmo se encontrando sob suspeita de ter contraído a covid-19 — não tendo mostrado até hoje ao público o resultado do teste e da contraprova, quando 23 membros, portanto quase toda a comitiva da fatídica viagem presidencial aos EUA, já apresentaram resultado positivo).

Jornalistas experientes, entre os quais Luís Nassif e Luiz Carlos Azenha, têm insistido que aquilo não passa de jogo de cena, para manter sua, digamos, “base eleitoral” mobilizada em torno de suas maluquices e, sobretudo, distrair a opinião pública enquanto o núcleo duro do Planalto crava mais uma estaca de maldades no corpo quase inerte do Estado Democrático de Direito, em especial no campo dos direitos sociais e políticos. Estaríamos rumo a um Estado de exceção em vias de ser implantado, a queima roupa e sem qualquer pudor? O próprio pantaleão-pato-a-parte tupiniquim advertiu na semana passada: “quem quer dar um golpe jamais vai falar que vai dar.” Não tenhamos dúvida, nisso ele é mestre.

Além da pressão exercida por — com aspas, para diferenciar daqueles que verdadeira e dignamente se dedicam à livre-iniciativa, por anos a fio, e que com galhardia enfrentam toda sorte de adversidades sem recorrer a trambiques — “empresários/as” nada afeitos/as ao cumprimento da lei e figuras conhecidíssimas por mau-caratismo no exercício de suas atividades quase fora da lei (que incluem o não registro de empregados/as e a sonegação fiscal explícita), o atual inquilino do Planalto tem sido assediado pelos/as clérigos/as da chamada “teologia da prosperidade”, de tendência neopentecostal e fundamentalista, aliados de primeira hora, para que não sejam cerceados os espetáculos multitudinários de fé, aliás, bastante lucrativos. “Templo é dinheiro”, já dizia um analista renomado quando explicou por que o atual ocupante do Planalto incluiu as igrejas nas atividades essenciais.

Do mesmo modo, a construção civil, atividade nada essencial em uma economia recessiva mesmo antes das medidas adotadas contra o tsunami da covid-19 (basta ver os vergonhosos dados macroeconômicos de 2019 e dos dois primeiros meses de 2020), foi incluída pelo lobby dos empreiteiros, cuja pressão ganhou relevância neste ano eleitoral (afinal, são os maiores financiadores de campanha eleitoral de todo e qualquer candidato com chances de ganhar, diferentemente da sacanagem feita pela quadrilha de Moro e Dallagnol, que criminalizou a política para beneficiar os fantoches do império, do qual eles mesmos são serviçais de quinta. E assim, sem sindicatos de trabalhadores fortes, as categorias dessa atividade acabam se expondo não só ao vírus, mas aos acidentes de trabalho, posto que esses canalhas travestidos de empreiteiros sequer cumprem a lei assegurando-lhes mínima segurança de trabalho…

Não nos esqueçamos de que, depois da posse, ele e seus principais assessores passaram todo o ano de 2019 trocando posts bizarros pelas redes sociais, como se ainda estivessem em campanha, dando a impressão de que, em vez de cadeira presidencial, o recém-empossado estivesse mesmo sentado na latrina a defecar pelo teclado de seus celulares, sem pudor e bom-senso, os mais fétidos pacotes de profanação a exalar por todo o país. Não foram poucas as vezes em que importantes representantes da sociedade civil, inclusive alguns de seus apoiadores, lhe chamaram a atenção. Mas, como na fábula da formiga e a cigarra, ele não quis dar ouvidos, e a covid-19, como o inverno rigoroso da fábula milenar, chegou impiedosamente. Ele não aprende, preferindo a bajulação de seus estúpidos áulicos, comprovadamente sem cérebro nem escrúpulos, e insiste nesse seu samba de uma nota só…

Que autoridade moral tem para chamar de moleques os trabalhadores brasileiros aquele ex-parlamentar que nunca exerceu qualquer atividade produtiva, sempre ligado ao Estado (primeiro como militar, ainda que como tratador/adestrador de cavalos, e depois como obscuro deputado que até hoje não aprendeu a falar, ler e escrever), que meteu seus três filhos mais velhos na atividade política (mas, de forma cinicamente hipócrita, se proclama “antipolítico” e se apresenta como “novidade” e “contra o sistema”)? Sempre se gabou por suas propaladas virtudes reprodutivas, associando a concepção de uma menina a uma “fraquejada”, mas, atividade produtiva mesmo, nem ele nem o lumpesinato composto por sua familícia desempenhou…

Para pôr um ponto final, há quem veja nessas estrepolias uma forma de acirrar ainda mais a animosidade instigada desde 2014, no intuito de “criar clima” para concretizar sua obsessão por um regime militar, em que ele se imagina ascendendo ao título de Napoleão Bonaparte tupiniquim, logo às vésperas do dia primeiro de abril, em cuja madrugada do distante ano de 1964 líderes militares e políticos da UDN (da extinta União Democrática Nacional) conspiraram contra o Estado de Direito implantado em 1946. Regime nefasto que enlutou a população brasileira em seus 21 anos de desmandos, arbítrio e violência contra os mais comezinhos direitos da sociedade brasileira, além do endividamento estratosférico dos cofres públicos com a dívida externa brasileira, de quatro bilhões de dólares em 1964 para 180 bilhões de dólares em 1984. Regime este que a quase totalidade dos setores sociais brasileiros repele e combate com afinco e determinação. Ditadura nunca mais!

*Ahmad Schabib Hany

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