Coronavírus, uma crise de gestão

Algumas pessoas estão debatendo e fazendo muita comparação entre a crise de 2008, que foi gravíssima e fundamentalmente bancária e financeira que gerou recessão na economia, com a crise de agora, neste momento do coronavírus.

Os efeitos do covid-19 são muito mais graves, porque não apenas gera colapso no sistema financeiro e bancário, mas também provoca uma total paralisação da economia. Esse é o ponto que precisa ser considerado: o que fazer no ponto “A”, que estamos hoje, para chegar ao ponto “B”, quando a questão do coronavírus estiver basicamente administrada?

A economia precisa preparar a travessia para a mudança de cenário. No entanto, isso envolve também quem é dirigente, administrador, supervisor de uma organização. Essa é uma questão fundamental, pois gerentes e executivos estão tentando, ao fazer suas regras na organização, reeditar somente as normas que as autoridades de saúde pública do país, do estado ou da prefeitura estão fazendo. O papel do dirigente não é fazer exatamente aquilo que o governo está mandando, pois aquilo que o governo está mandando deve ser feito, esse é o ponto “A” da questão da prevenção da saúde.

Quando o governo diz “fecha isso, fecha aquilo” ou “não pode fazer isso nem aquilo”, a empresa tem que constituir ações nesse sentido, mas ela precisa fazer o que é prioritário, se não ela desvia o foco, ela passa a ser mais um secretário municipal de saúde, um chefe de departamento estadual de saúde do que um gestor de organização.

Caso não se faça um plano de ação bem estruturado, quando chegar no ponto B em que voltarmos as atividades basicamente normais, mesmo que ainda não haja a vacina e que a doença não esteja efetivamente contida, todos vão estar no fundo do poço. Então, o que fazer para minimizar as questões da receita, do processo econômico não só do país, como também em relação à empresa?

A questão é que os gestores e os administradores estão focando isso de maneira errada. Ou seja, estão dando muita ênfase na prevenção, quando deve ser cumprida simplesmente as ordens do governo. Estão esquecendo de focar no que se pode fazer agora, o que fazer para que se minimize esses custos. Caso contrário, ficamos muito preocupados com a saúde, e é verdade, mas isso é o governo que está nos dando as ordens quando todos deveriam estar preocupados com a saúde da organização, pensando no que fazer, no que priorizar ou como minimizar esses custos.

As empresas não podem somente reeditar o que o governo está dizendo. Os gestores das organizações das organizações que tem empregado, organizações pequenas, médias e grandes complexas organizações, precisam começar, agora, discutir como sair dessa crise, ou nesse ponto de crise, para quando o problema do coronavírus estiver basicamente contido, todos possam sair mais fortalecidos. Portanto, a prioridade deve ser a gestão da realidade da empresa, uma gestão que busque, principalmente, minimizar os enormes prejuízos que vão levar certamente o Brasil à recessão.

(*) Wagner Siqueira é conselheiro federal pelo Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ); diretor-geral da Universidade Corporativa do Administrador (UCAdm) e membro do conselho consultivo da região Metropolitana do Rio de Janeiro.

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