Alto índice de percevejo e mosca branca na última safra alerta produtores

Monitoramento de pragas e doenças na soja é tema discutido em apresentações da Fundação MS nesta semana

Na última safra de soja (2018/2019) no Estado, produtores se depararam com alto número de percevejos e moscas brancas em algumas lavouras. Em determinadas situações identificadas pela Fundação MS, a população de percevejo chegou a ficar três vezes maior se comparada a safra 2017/2018.

Além de servir como alerta aos sojicultores, o assunto é um dos temas discutidos nas Apresentações de Resultados de Pesquisa da instituição. As palestras já aconteceram nesta semana em Anaurilândia e Ivinhema, e continuam nesta quinta-feira (23) em Rio Brilhante, e sexta-feira (24) em São Gabriel do Oeste.

Apresentações de resultados de pesquisas passaram por 6 municípios entre abril e maio – Foto: Sato Comunicação/Divulgação

O pesquisador de fitossanidade da Fundação MS, José Fernando Grigolli, esclarece que o percevejo marrom é um velho problema e ainda considerado uma grande ameaça. Novos ingredientes ativos estão chegando ao mercado e o controle biológico ajuda no combate. Ele comenta que no período reprodutivo, geralmente do florescimento pleno em diante, quando a praga inicia os danos econômicos nas plantas de soja, sua população encontra-se distribuída pelas lavouras. Neste momento, o controle deve ser realizado para evitar perdas de quantidade e qualidade dos grãos produzidos.

Já em relação a mosca branca, o especialista reitera quanto ao aumento de sua população. “Essa praga é rápida e agressiva. Seu controle é feito por estádios de desenvolvimento e os produtos para aplicação são caros”, alerta. Apesar da grande infestação, a praga foi encontrada em pontos isolados, como Chapadão do Sul ou em regiões que plantam algodão. “Na soja, no centro-sul do Estado, esta é uma praga secundária”.

Apesar disso, por conta do aumento da incidência dessa praga, produtores tiveram que fazer aplicação de produtos químicos para efetivar o controle. Com isso, dois problemas foram identificados. “O primeiro é que essa praga é de difícil controle, não basta aplicar inseticida, é necessário escolher o produto certo e aplicar no momento ideal. O segundo é a distribuição desses produtos. Houve falta de materiais específicos, o que tornou seu controle ainda mais complicado”, argumenta Grigolli.

O cenário da safra 2018/2019 foi complexo por conta dos períodos de seca. “Quem plantou no final de setembro e começo de outubro, sofreu muito com a estiagem, de modo geral. Mas identificamos regiões onde houve mais chuva”. O aumento de ocorrências de mosca branca, inclusive, está ligado às condições climáticas. “A chuva é um importante método de controle físico de praga. Quando chove forte, a gota mata muitos insetos, mas quando há falta de chuva, a propensão do surgimento de algumas pragas específicas é maior”, exemplifica. Doenças como ferrugem na soja também foram identificadas em regiões pontuais.

No entanto, o que fazer para controlar pragas e doenças em condições climáticas adversas? Conforme o pesquisador, o importante é saber o objetivo da aplicação para fazer o ajuste da máquina com o alvo que está na planta. “Além disso, é fundamental entender as variações locais por conta da extensão territorial. O Brasil é muito grande, então é necessário saber o que cada região precisa para fazer um manejo eficiente”. Outro fator essencial é entender que os alvos estão cada vez mais resistentes aos produtos químicos utilizados na agricultura brasileira.

Monitorar a área para aplicar o inseticida é uma das formas de controle mais recomendadas. Com isso, conforme orientações do pesquisador, o produtor consegue entender o que está acontecendo e escolher os melhores produtos do mercado, definir dosagens e horários de aplicação.

Já para o controle de doenças, uma das formas de combatê-las é trabalhar com sistema de informação cruzada. Para isso, são utilizadas informações das cultivares. Se elas forem sensíveis a mancha-alvo ou antracnose, por exemplo, os pesquisadores traçam estratégias de manejo efetuando aplicações de produtos químicos, exceto em tempos muito secos. “No caso da ferrugem, se a chuva diminuir, podemos, em algumas situações, cancelar as aplicações, porque não existe condição de desenvolvimento da doença nessa hipótese”, pontua o pesquisador.

Apresentações de resultados

O circuito de palestras com apresentações de resultados sobre a safra 2018/2019 continua. Confira as próximas datas e locais:

Rio Brilhante (23/05)

Local: Sindicato Rural de Rio Brilhante

Horário: 8h

São Gabriel do Oeste (24/05)

Local: Auditório do Sicredi

Outras informações podem ser obtidas pelo site www.fundacaoms.org.br ou pelo telefone (67) 3454-2631.

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