Celulares de Coronel Lima, amigo de Temer, foram encontrados porque um deles começou a tocar

Trecho de relatório das buscas policiais citado em complemento às denúncias do MPF detalha que o aparelho começou a emitir som, mas não estava visível.

Foto: (Divulgação)

Os celulares de João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, apontado como operador do ex-presidente Michel Temer, só foram encontrados sob as almofadas do sofá da casa dele porque um dos aparelhos tocou. É o que revela trecho do relatório das buscas policiais citado num dos complementos às denúncias que o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro fez à Justiça Federal nesta sexta-feira (29).

“O investigado (Coronel Lima) estava sentado em um sofá. Pessoalmente, entreguei-lhe os mandados de busca domiciliar e de prisão temporária para que atestasse o recebimento de uma via de cada. Ele então levantou-se para pegar os óculos. Então, um celular começou a tocar. Estranhamente, o aparelho não estava visível. Tirando as almofadas do sofá, encontrei os dois aparelhos embaixo delas”, diz um trecho do documento.

Ainda sobre a suposta tentativa frustrada de Lima em esconder os aparelhos, a cota da denúncia narra que o amigo do ex-presidente se recusou a fornecer as senhas dos telefones. Segundo a interpretação do MPF, o ato de Lima mostra que houve “clara intenção do denunciado em ocultar meio de prova da equipe policial que tinha mandado judicial para apreender os celulares”.

Como o coronel se recusou a dar as senhas aos policiais, o complemento à denúncia informa que os aparelhos serão encaminhados a um laboratório para que os procuradores saibam que informações existiam no aparelho.

O MPF apresentou nesta sexta duas denúncias contra Temer, o ex-ministro e ex-governador do RJ Moreira Franco e outras 12 pessoas investigados por desvios na Eletronuclear, entre eles o coronel Lima. Temer e Moreira foram denunciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro, por supostamente terem desviado R$ 18 milhões.

Prisão e soltura

Michel Temer foi preso em São Paulo no último dia 21 de março pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro, que investiga o caso.

Os agentes também prenderam o ex-ministro Moreira Franco no Rio e o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, e mais sete acusados. Temer ficou preso quatro dias em uma sala da sede da PF, no Centro do Rio.

Na segunda-feira (25), a Justiça determinou a soltura do ex-presidente, a pedido dos advogados entraram com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Na mesma decisão, o desembargador Ivan Athié mandou soltar os outros presos na mesma operação.

Sobre a denúncia de desvios na Eletronuclear, a defesa de Michel Temer disse que nada foi provado contra ele e que a prisão “constitui mais um, e um dos mais graves, atentados ao Estado Democrático de Direito no Brasil”.

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